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terça-feira, 17 de abril de 2012


Como se preparar para a volta ao trabalho após a licença-maternidade


Amamentação e sentimento de culpa são as maiores preocupações
Por Bruna Capistrano

Quem é mãe e profissional já sabe: voltar ao trabalho depois de passar quatro meses grudados com o bebê é de doer o coração. Algumas empresas liberam o retorno da mãe após os seis meses, mas não dá para postergar muito o retorno às atividades profissionais. Junto com a volta ao trabalho, inúmeras dúvidas surgem para a mãe de primeira viagem: o que fazer com o leite que continua sendo produzido na mama? Vou conseguir voltar ao ritmo de trabalho de antes? Meu bebê vai sentir minha falta? Antes de os especialistas responderem essas e outras perguntas, uma coisa é certa: você e o seu bebê vão sobreviver! Confira abaixo as dicas:

1. Preparação para a volta começa na gravidez
Está grávida ou pensa em engravidar? A preparação para a volta ao trabalho começa desde agora, mudando sua rotina dentro da empresa. A mãe já deve pensar na ideia de estar, daqui a um ano, em um cargo que tenha funções compatíveis com a flexibilidade, dentro do possível. "Algumas situações, mesmo difíceis, podem ser pensadas, como a redução das distâncias entre a creche, o trabalho e a casa, e até a redução do número de viagens, dependendo do cargo da mãe. Há um grande problema nesse retorno às funções porque muitas empresas não são flexíveis com a mulher, achando que ela já tem que estar preparada para todas as atribuições de antes, e isso não acontece", afirma a ginecologista e obstetra Flávia Fairbanks, da Faculdade de Medicina da USP. Normalmente, é depois que a criança completa um ano de idade que tanto a mãe como a criança estarão plenamente adaptadas à nova rotina. "Um ano é o tempo básico de completa adaptação, é quando começa a tranquilidade. O filho já está tendo contato com outros alimentos e já está começando a andar. A mãe começa a perceber que o bebê já está mais independente e isso faz com que ela volte à rotina de antes, trabalhando melhor e voltando a ter a sexualidade melhor resolvida", explica Flávia Fairbanks.

2. Planejamento e praticidade fazem diferença
É durante o convívio com a criança que a mãe se prepara - e o bebê também - para a volta da mulher profissional. Uma das escolhas mais importantes é definir com quem a criança vai ficar. Normalmente, uma pessoa da família transmite mais segurança e tranquilidade para a mãe. "Mas se for uma creche ou uma babá, a mãe deve acompanhar a transição, indo com o bebê até a creche e acompanhando a adaptação do bebê com o local ou a pessoa. Se perceber que não deu certo, haverá tempo para escolher outra creche", explica Flávia Fairbanks. Outra dica da especialista é evitar vacinar a criança perto da volta ao trabalho: "Pode dar alguma reação adversa na criança em uma época em que nada, apenas o retorno ao trabalho, deve ser motivo de preocupação para a mãe". A familiarização com a mamadeira também deve ser acompanhada pela mãe e, por isso, o ideal é que cerca de 15 a 20 dias antes da volta ao trabalho, a mulher já comece a introduzir a mamadeira na vida da criança. "É importante que a mãe faça essa introdução, pois ela não deve transferir para uma babá a responsabilidade de alimentar o bebê se ele não está acostumado com aquela nova maneira de amamentação. A realidade da criança dali a um tempo será a mamadeira, nada mais indicado que a mãe participe dessa transição", conclui Flávia Fairbanks.

3. A amamentação
A Sociedade Brasileira de Pediatria recomenda que a criança seja alimentada exclusivamente por leite materno até os seis meses de vida. Como a volta da mãe ao trabalho é antes desse período - a legislação permite que a mãe fique em casa até os seis meses mas a liberação é facultativa em cada empresa - a mulher ainda está no período de amamentação quando retorna ao papel de profissional. Ginecologista e obstetra, Domingos Mantelli Borges Filho recomenda que a mulher tire um tempo durante o expediente para retirar o leite com bombinha extratora. "A mulher deve alimentar o bebê no seio antes e após o trabalho, mas deve usar a bombinha para retirar o leite excedente e levar para a casa. A retirada deve ser em condições adequadas de higiene e assepsia, sempre tendo muito cuidado com a validade do leite. Sob refrigeração, o leite materno tem validade de 24 horas, e enquanto congelado o prazo se estende para quatro ou cinco dias", explica o médico. 

Segundo ele, a introdução da mamadeira antes dos seis meses aumenta as chances de desmame da criança, dificuldado a mamada no seio como antes do bico artificial. "Recomendo a todas as mães que não usem a mamadeira nesse período, oferecendo o leite em um copinho. Desde prematura a criança tem condições de receber o leite em copinho sem necessidade de mamadeira", afirma Domingos. Quando a produção de leite é intensa, a mulher precisa usar a concha de amamentação e uma alternativa para não desperdiçar o alimento é a doação para bancos de leite. Em casos opostos ou quando a produção de leite é normal, se não houver amamentação em torno de 30 dias a mulher, deixa de produzir o leite. "Quanto mais hormônio prolactina, mais leite a mãe vai ter. Como a sucção é o que estimula a produção do leite, se a amamentação diminuir haverá menos leite e a tendência é a produção desse hormônio cair", explica Domingos.


4. 'Não' ao sentimento de culpa
De acordo com a psicóloga e coaching Márcia Belmiro, o mais importante na volta ao trabalho após a licença-maternidade não é a quantidade de tempo que se passa com o bebê e sim a qualidade desses momentos. Massagens, brincadeiras e conversas com o bebê são atitudes que minimizam o impacto da distância entre os dois: "Tem mãe que acha que não pode conversar com o bebê porque ele não vai entender. Ele não entende, mas sente. É importante a mãe contar ao bebê que no trabalho pensou nele, sentiu saudades e que está ali de volta para ficar com ele. Converse, cante, brinque, mostre que você está ali para ele", diz Márcia. Muitas mães sentem culpa por deixar a criança em casa, mas acredite, a vida continua e os dois vão sobreviver. "Retirar no trabalho e armazenar o leite materno tem um efeito psicológico imenso, além do físico. É um sentimento de 'eu estava no meu trabalho pensando em você'. Ela sabe que o bebê está se alimentando com o leite materno, é uma sensação maravilhosa. Mesmo distante", diz a psicóloga. A preocupação em não estar perto do bebê é normal, mas se a tensão não permitir acompanhar uma reunião até o fim sem achar que houve algo com a criança, a mulher precisa de uma assistência psicológica. "Além da depressão pós-parto, há também a depressão pós-amamentação. Se ela não consegue se concentrar, ou chora, mesmo sabendo que a criança está bem, ela deve perceber que essa emoção está muito intensa", explica Márcia Belmiro.

5 Emprego dos sonhos
Já pensou em trabalhar numa empresa onde o pai da criança tem o mesmo benefício que a mãe? Pois existem no Brasil alguns casos de locais onde o homem também tem direito à licença. "Para a mãe, que acaba cuidando da criança sozinha, faz toda a diferença. A mulher volta mais confiante para o trabalho, o pai acompanha os primeiros meses do filho e o casal vive o momento junto. A mulher tem a tendência a voltar a trabalhar se sentindo culpada. Quando a culpa existe e o homem também volta ao trabalho, essa angústia é dividida entre o casal", conta Martha Carbonell, diretora financeira da Great Place to Work, entidade que avalia as melhores empresas para trabalhar. Há ainda as empresas que disponibilizam uma área dedicada à amamentação. "É uma sala que parece realmente um quarto de recém-nascido, com toda a estrutura para a mãe poder amamentar o filho quando ela tem disponibilidade de ter alguém para levar a criança até a empresa. Em outros casos, algumas empresas dão auxílio na compra de fraldas durante os primeiros meses da criança", diz Martha Carbonell.

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