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sexta-feira, 18 de maio de 2012


O poder dos quietos

NATÁLIA SPINACÉ
  
Em fevereiro, na edição 718 de ÉPOCA, a matéria de capa falava sobre timidez. A reportagem foi baseada em um livro da Susan Cain, uma tímida assumida e bem sucedida que resolveu mostrar as vantagens dessa característica. O livro seria lançado no Brasil em maio, e aqui estou eu com a versão traduzida nas mãos. Quando li a obra em inglês para fazer a matéria, o capítulo final me chamou atenção. Ele tem um clima meio “autoajuda”, mas nem por isso deixa de ser bom. Agora traduzido, reproduzo um pedaço desse capítulo aqui, pois acho que vale a pena ser compartilhado:

“O amor é essencial; a sociabilidade é opcional. Valorize aqueles mais próximos e queridos para você. Trabalhe com colegas de quem goste e a quem respeite, e não se preocupe em socializar com todos os outros. Relacionamentos deixam todos mais felizes, inclusive introvertidos, mas pense mais na qualidade do que na quantidade. O segredo da vida é colocar a si mesmo sob a luz certa. Para alguns são os holofotes da Broadway; para outros, uma escrivaninha iluminada.

Descubra qual deve ser a sua contribuição para o mundo e assegure-se de contribuir. Se para isso for necessário falar em público ou desempenhar outras atividades que o deixam desconfortável, faça assim mesmo. Mas aceite que são atividades difíceis, treine o necessário para facilitá-las e recompense a si mesmo quando terminar.

Aqui está a regra para eventos de networking: uma nova relação realmente boa e honesta vale uma dezena de cartões de visita.

Passe seu tempo livre como quiser, não da maneira que acha que deve. Fique em casa no ano-novo se é o que o deixa feliz. Falte a uma reunião. Atravesse a rua para evitar conversar banalidades com conhecidos aleatórios. Faça um acordo consigo de que irá a um certo número de eventos sociais em troca de não se sentir culpado quando faltar.

Se seus filhos são quietos, ajude-os a fazer as pazes com novas situações e novas pessoas, mas também os deixe serem eles mesmos. Deleite-se com a originalidade de suas mentes. Orgulhe-se da força de suas consciências e da lealdade de suas amizades. Não espere que eles apenas sigam a correnteza. Encoraje-os, em vez disso, a seguir suas paixões.

Se você for um gerente, lembre-se de que parte da sua mão de obra é introvertida, quer pareça, quer não. Pense duas vezes na maneira como dispõe o escritório de sua empresa. Não espere que introvertidos fiquem empolgados com escritórios abertos, festas de aniversário na hora do almoço, ou viagens de construção de equipe.

Quem quer que você seja, tenha em mente que as aparências enganam. Algumas pessoas agem como extrovertidos, mas o esforço custa-lhes a energia, a autenticidade e até a saúde física. Outros parecem distantes e reclusos, mas suas paisagens interiores são ricas e cheias de atividades.

Sabemos pelos mitos e contos de fadas que há muitos tipos de poderes diferentes no mundo. O truque não é ter todos os tipos de poder disponíveis, mas usar bem o que você recebeu. Aos introvertidos é oferecida a chave para jardins privados cheios de riquezas. Possuir essa chave é cair como Alice no buraco do coelho. Ela não escolheu ir para o País das Maravilhas – mas transformou isso numa aventura que era nova, fantástica e pessoal”.

Para quem quiser ler o livro todo: O poder dos Quietos, Susan Cain, editora Agir.

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