A jovens usaram o Snapchat para revelar detalhes chocantes da violência sofrida em uma das maiores universidades britânicas. “Fui estuprada três vezes por pessoas que conheço, pessoas que amo”, disse uma das alunas que lançaram nas redes a campanha #RevoltAgainstSexualAssault (revoltadas contra o assédio sexual)
18.05.2017 | POR REDAÇÃO MARIE CLAIRE
Vítimas de violência sexual de uma das principais universidades da Grã-Bretanha, a Universidade de Bristol, decidiram usar o Snapchat para falar abertamente sobre suas experiências e lançar a campanha #RevoltAgainstSexualAssault (revoltadas contra o assédio sexual, em tradução livre).
Liderada pela universitária Hannah Prince, de 23 anos e diretora do jornal estudantil independente, a ação foi consentida por dez alunas, que preferiram cobrir o rosto com emojis para que suas identidades fossem preservadas.
Uma das alunas chegou a revelar que foi estuprada três vezes no campus desde o início do curso. "Em todas as vezes foi alguém que eu conhecia, gostava ou amava – e via o tempo todo”, disse. Com a imagem de uma nuvem sobre o rosto, outra jovem disse ter sido atacada por um “amigo bêbado” no caminho de seu dormitório. “Ele me dizia que não era estupro, que eu queria aquilo”, contou. “Isso é pra mostrar que essas coisas nem sempre acontecem em um beco escuro”, acrescentou outra.
Segundo Prince, os filtros e a familiaridade com o aplicativo deram confiança às meninas, que pretendem ajudar outras jovens a se manifestarem sobre o assunto por meio de seus depoimentos. Cada vídeo ficou no ar apenas por 24 horas.
“As redes sociais é quase a segunda casa dos jovens de hoje. O Snapchat é uma plataforma liderada por nós”, disse. “As empresas de mídia social têm buscado tirar proveito o tempo todo do fenômeno das selfies. Mas então por que não usá-lo de maneira mais humana e poderosa para resolver problemas mais sérios?”
A inspiração para o projeto veio de dois casos ocorridos na Índia, em que as vítimas utilizaram o Snapchat para expor suas emoções através de suas identidades mascaradas. “Pensei que poderíamos usar a mesma abordagem para destacar e humanizar a agressão sexual ocorrida no campus. Houve risadas nervosas e algumas lágrimas enquanto eu e cada aluna escolhíamos o disfarce que capturasse e fortalecesse os sentimentos de descontentamento, raiva e dor. Atrás de flores, focinhos de filhotes e carinhas, elas encontraram força e confiança para imprimirem suas vozes. O silêncio que se seguiu após cada gravação ficou em mim, assim como os momentos em que cada uma reconhecia silenciosamente que o relato angustiante que haviam escolhido era apenas um de muitos – sem sequer um suspiro de surpresa.”
Um porta-voz da universidade se manifestou após a divulgação das histórias, dizendo ter como prioridade a proteção de suas alunas. “Queremos garantir que qualquer estudante que sofra assédio ou bullying consiga denunciá-lo”, disse por meio de uma declaração oficial.
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