Meses de gravações. 40.000+ pessoas escutadas em nossa pesquisa. Um filme único sobre as dores, qualidades, omissões e processos de mudança dos homens — o projeto mais ousado de nossos 12 anos
Guilherme Nascimento Valadares
22 de Julho de 2019
"Não tenho muita coisa pra falar."
Essa é uma das frases mais comuns que escuto nas rodas de homens que tenho conduzido por todo o país nos últimos anos.
Se o grupo permanece atento ao que vem a seguir, algo especial pode acontecer. Impulsionado pelo círculo de confiança à sua volta, a barragem se rompe. O silêncio é quebrado.
É impossível prever o que surge. Relatos de violência na infância, compulsão por sexo, depressão, ansiedade, tentativas de encerrar a própria vida, insegurança profunda, vício em pornografia, álcool, drogas, comida, apostas, jogos eletrônicos, traumas emocionais, financeiros, divórcios, alienação parental, abusos sofridos e cometidos, nos mais diversos contextos.
O mundo emocional de boa parte dos homens é um vulcão prestes a explodir.
Por isso, há 12 anos fazemos o que fazemos. Nós escutamos. Acolhemos. E sugerimos caminhos práticos de ação e mudança.
O trailer a seguir é nossa mais profunda investigação sobre as dores, sofrimentos, obstáculos, omissões, qualidades, riquezas e processos de mudança dos homens.
Link YouTube | Fone de ouvido e tela cheia antes de dar o play, por favor ;)
O documentário completo será lançado em breve, junto de um livro-ferramenta com os achados centrais de nossa pesquisa — além de um mapeamento das principais iniciativas que trabalham com a transformação das masculinidades e um guia de como criar um grupo de homens.
Sonhamos ver um desses grupos atuando de forma independente em cada um dos 5.570 municípios do país.
A base de dados da pesquisa será 100% pública, por meio de um convênio com o Consórcio de Informações Sociais (CIS) da USP. O projeto conta com valioso apoio institucional da ONU Mulheres, que vai nos ajudar a levar essa mensagem ainda mais longe, fortalecendo nossa aspiração de trabalhar cada vez mais junto a escolas e instituições de ensino.
Os danos do silêncio, quantificados: 7 em cada 10 homens lida com um distúrbio emocional hoje, em algum nível
O número preciso na verdade é 75.9%. Resultado de nossa pesquisa online com 40.000+ pessoas (mais da metade homens), realizada com Zooma Inc., consultoria do especialista Gustavo Venturi e apoio institucional da ONU Mulheres — assim que o documentário for lançado, vamos disponibilizar o relatório completo e base de dados para baixarem, fiquem de olho em nossas redes.
Os principais distúrbios, por frequência, são:
- ansiedade
- depressão
- insônia
- vício em pornografia
- e, em seguida, vícios em álcool, drogas, comida, apostas e jogos eletrônicos
É provável que você sofra ou tenha sofrido com algum desses, sem falar com ninguém. O fechamento emocional atua como uma camisa de força para muitos homens, tornando ainda mais difícil tudo que enfrentam no dia a dia.
Hoje, 83% das mortes por homicídios e acidentes no Brasil são de homens. Vivemos 7 anos a menos que as mulheres e nos suicidamos quase 4 vezes mais. 17% de nós lida com algum nível de dependência alcoólica. Quando sofremos um abuso sexual, demoramos em média 20 anos até contar isso pra alguém. Cerca de 30% enfrentam ejaculação precoce ou disfunção erétil. Homens são 95% da população prisional no Brasil, sendo que a maior parte dos encarcerados são jovens, periféricos e com ausência de figura paterna. Negros e LGBTs sentem muito mais boa parte disso.
Os homens sofrem, mas sofrem calados e sozinhos.
Mas será que existe um movimento de transformação dos homens acontecendo?
Para respondermos essa pergunta, conversamos com as pessoas por trás de inúmeras iniciativas, que estão de norte a sul do país, como Projeto Memoh, Homem Paterno, PrazerEle, Roda5070, Afropai, SERTA, Lá da Favelinha e várias outras.
Preferimos que vocês tirem suas próprias conclusões à respeito dessa pergunta, após assistirem o documentário completo.
Um imenso obrigado a todos e todas que colocaram esse projeto de pé conosco!
Natura Homem e Reserva, agradecemos profundamente pela viabilização do projeto! Sem a crença legítima, recursos e imensa energia de vocês, esse filme não existiria. Nossas longas reuniões, ligações e encontros para construir um projeto único foram essenciais. Carol, Tom, Thiago, Felipe, Andrea, Biancas. Rony, Joana, Marcelo, Tato. Vocês são especiais.
Juliana Fava liderou a etapa qualitativa do estudo, por meio da qual conversamos com dezenas de especialistas, com o olhar afiado de Caio César na filtragem desses diálogos. Zooma Inc. trouxe seus 16 anos de experiência para conduzirmos uma pesquisa quantitativa única, que alcançou incríveis 47.002 respostas. Rodrigo, Leandro, Helena, Kandi, Priscila e Roberta pavimentaram esse caminho e mergulharam nessa montanha de dados para extrair as histórias mais significativas. Monstro Filmes foi (está sendo) brilhante em toda a produção, captação, direção e montagem do documentário, capitaneada por Luiza, Ian, Ciça, Higa, Ed e mais um time de talentos. Estudio Nono, que fez a maravilhosa identidade visual, pelas mãos de Inara e Jorge.
Cá no PdH, Ismael tem sido incansável na articulação do projeto. Felipe cuidando dos aspectos negociais e jurídicos, Luciano do editorial, Gabi do PR, Bia e Carol das finanças e administrativo. Contamos ainda com Gustavo Venturi e José Riscal como consultores de gênero.
Um total de 32 pessoas envolvidas diretamente por quase um ano.
Esse é um projeto feito para furar bolhas e dialogar com todos e todas. Não à toa, também surge do ventre de uma imensa rede de coletivos, com pessoas negras, brancas, hetero, não hetero, trans, progressistas, conservadoras, jovens, adultas, velhas, de norte a sul do país.
Queremos contribuir para que o tema masculinidade seja pautado de modo construtivo. Não podemos falar apenas do que falta e falha nos homens, é essencial sonharmos masculinidades possíveis, saudáveis.
Por isso miramos nossa luz em mapear soluções, não em buscar culpados.
Esse trabalho marca ainda o nascimento do Instituto PdH — novo posicionamento de nosso braço de pesquisa, o antigo "PdH Insights", com atuação desde 2016.
Nosso foco já é e seguirá sendo a pesquisa e desenvolvimento em florescimento humano (mergulhe aqui caso queira entender melhor o termo). Ou seja, tomando nosso mundo interno como eixo, vamos mergulhar em diversos campos — sendo masculinidade apenas um desses territórios.
Nosso trabalho mais recente pelo foi o projeto "Construindo pontes e derrubando muros: como conversar com quem pensa muito diferente de nós?".
Esse é um movimento de homens comuns, e de coragem
Por tudo isso, esse documentário é um convite para abrir nossos corações e termos conversas sinceras com nossos amigos, amigas, esposas, esposos, familiares, filhos, parceiros de trabalho.
É um chamado para assumirmos responsabilidade, como homens, pelo cultivo do futuro que queremos.
Esse é um movimento de coragem, coragem pra assumir responsabilidade, para escutar as mulheres, pra sermos vulneráveis e nos ajudarmos a construirmos vidas melhores.
Não é um movimento de homens virtuosos e bonzinhos, de caras desconstruídões sensíveis, muito menos de "novos homens", é um movimento de homens comuns, como eu e você.
Empolguei. Quero ajudar e ser anfitrião(ã) de uma exibição do documentário no dia do lançamento!
Fantástico. Se cadastre aqui para ser anfitrião(ã) e entraremos em contato mais próximo do lançamento.
Queremos ver sessões independentes acontecendo por todo o país, ao mesmo tempo, no dia do lançamento. Vai ser lindo demais da conta.
* * *
Como nos provoca Bell Hooks nesse excelente livro, "o que foi e ainda é necessário é uma visão de masculinidade em que a autoestima e o autoamor da pessoa formem a base de sua identidade.".
Se deseja começar agora, mergulhe em nosso mapeamento com "129 projetos, iniciativas e pessoas que trabalham com a transformação dos homens, no Brasil e no mundo". Ou caia de cabeça em nosso guia prático para iniciar um grupo de homens. E nos siga no instagram, todas nossas novidades serão divulgadas aqui e por lá.
Mãos à obra?
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