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quarta-feira, 10 de julho de 2019

Caso de estupro coletivo reacende discussão sobre maioridade penal na Alemanha


Policial alemão com um jovem suspeito algemado, em imagem de arquivo de 2010Direito de imagemGETTY IMAGES
Image captionCrianças menores de 14 anos não enfrentam processo criminal na Alemanha

BBC NEWS Brasil
9 julho 2019
O estupro coletivo de uma mulher de 18 anos reacendeu o debate sobre a redução da maioridade penal na Alemanha. Isso porque os principais suspeitos de terem cometido os crimes são jovens. Dois deles têm apenas 12 anos - outros três têm 14.
A maioridade penal na Alemanha é de 14 anos - ou seja, o país não processa criminalmente pessoas com idade inferior a essa. Todos os suspeitos do estupro vivem na cidade de Mülheim, no oeste do país.

Até agora, apenas um dos suspeitos compareceu perante a um juiz de instrução. Não há informações oficiais sobre a defesa deles nem se os cinco suspeitos confessaram ou negaram a acusação.
A vítima, encontrada em um matagal, foi levada ao hospital.
Um porta-voz da polícia alemã afirmou que o estupro foi praticado com "considerável violência" e durou um "tempo prolongado".
O chefe do sindicato das forças policiais, Rainer Wendt, usou o crime como estopim para pedir a redução da maioridade penal no país. "Há anos que estamos exigindo que a idade da responsabilidade criminal seja reduzida na Alemanha", disse.

Tabela com maioridade penal em países da Europa: Alemanha (14); Inglaterra (10); Escócia (12); Itália (14); Holanda (12); Bélgica (12); Polônia (15); Suécia (15) e França (13)

Mas Jens Gnisa, chefe da Associação Alemã de Juízes, posicionou-se contra a mudança, argumentando que "a equação" de que mais punição provoca menos criminalidade "não funciona com os jovens".
Ele disse ainda que as regras educacionais estabelecidas na lei alemã estão funcionando bem para combater o crime praticado por adolescentes.
Segundo a Child Rights International Network (Rede Internacional dos Direitos da Criança), a legislação alemã permite que um adolescente entre 14 e 18 anos seja processado criminalmente desde que, no momento da infração, ela seja "maduro" o suficiente para perceber a "injustiça" do ato.
A maioridade penal é diferente em diversos países da Europa, segundo relatório da Child Rights International Network. Na Bélgica, Holanda e Escócia, por exemplo, ela é de 12 anos. Na França (13), na Itália (14) e Suécia (15).
No Reino Unido, o limite também é diferente dependendo país. Enquanto na Inglaterra e no País de Gales a maioridade é de 10 anos, na Escócia é de 12.
Na Inglaterra, especificamente, o caso de James Bulger, de 2 anos, assassinado por dois garotos de 10 anos em 1993, é citado como um argumento para manter a idade mínima em 10 anos.

Como é no Brasil?

Já no Brasil, atualmente a maioridade penal é de 18 anos. Ou seja, só a partir dessa idade é possível processar uma pessoa criminalmente.
Depois dos 12 anos, já há medidas previstas para adolescentes infratores, mas elas não são encaradas como punição. São as chamadas medidas socioeducativas, como privação de liberdade ou liberdade assistida, prestação de serviços à comunidade, entre outras. A medida de privação de liberdade pode chegar a até três anos.
Em 2016, a Câmara dos Deputados aprovou uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que reduz a maioridade penal para 16 anos em caso de crimes graves, como homicídio e estupro. Mas o projeto ainda não avançou no Senado. O presidente Jair Bolsonaro (PSL) já se posicionou a favor da redução.
Quem defende a diminuição argumenta que os adolescentes infratores já têm consciência de seus atos, recebem punições brandas e saem das instituições sem antecedentes criminais. A suposta impunidade faria com que o crime organizado recrutasse jovens para praticar crimes que custariam muitos anos de cadeia para adultos.
Quem é contra diz que um menor de 18 anos ainda está em formação e que antecedentes criminais manchariam sua vida em um país que costuma dar poucas oportunidade para ex-presidiários. O encarceramento não diminuiria a violência, dizem. Pelo contrário, a tendência seria aumentá-la, pois os jovens presos poderiam se transformar em mão de obra para as facções criminosas que dominam as cadeias.

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