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segunda-feira, 1 de maio de 2017

Licença-paternidade: fiquei um ano em casa cuidando do meu filho | Caixa-Preta #8


A dor e a delícia de se permitir acompanhar de perto a vida do filho
Carol Rocha
Editar os textos do Rodrigo Cambiaghi, na coluna Vida de Pai, me fez entender muitas nuances da paternidade que sempre passaram despercebidas por mim (e por muitas outras pessoas, creio). Conversar com o Marco Antônio, nosso oitavo entrevistado do Caixa-Preta, potencializou ainda mais essas descobertas.
Ele é pai, jornalista e faz o que foi considerado papel exclusivo da mãe por muito tempo: fica em casa cuidando do pequeno Mudrik enquanto a esposa trabalha. 
"Não é uma questão de me anular. É uma questão de fazer o que tem que se fazer, dentro de um acordo e de uma nova experiência"
Essa forma incomum (mas não anormal) de gerenciar os cuidados com o filho abre espaço para questionar uma questão familiar importante e pouco discutida: a licença-paternidade
Segundo nossa constituição, o período de dispensa do trabalho para o pai é de 5 dias, podendo chegar a 20 caso o mesmo pertença ao programa Empresa Cidadã ou seja servidor público federal. Para a mãe, a licença é de 4 meses

Esse mapa, de reportagem da BBC, mostra, em uma escala de dias, o período de licença-paternidade oferecido pelos países ao redor do mundo.

Movimentos para que haja uma presença maior do pai nos primeiros meses da criança estão acontecendo, sejam eles por meio grupos de apoio e discussão entre homens, projetos incentivadores ou medidas tomadas por grandes empresas.
Na Suécia, primeiro país do mundo a conceder o benefício ao time masculino em 1974, a licença é parental, ou seja, garante 480 dias a serem distribuídos entre o casal, sendo 90 exclusivos para a mãe. Nos EUA, são 84 dias para ambos os sexos (mas sem lei que obrigue o pagamento de licença remunerada), e na Colômbia apenas 8. 
Em 2015, o Netflix anunciou que passaria a dar 1 ano de licença-paternidade e maternidade aos seus funcionários. O Twitter concede 5 meses, e o Facebook 120 dias remunerados, sem distinção de gênero.

Essa foto faz parte do projeto Swedish Dads, do fotógrafo Johan Bävman, cuja proposta foi construir um ensaio fotográfico com pais "que ficam em casa"

De volta à realidade da legislação brasileira, o que cabe ser questionado aqui são os parâmetros que consideram apenas 5 dias tempo suficiente para um pai permanecer ao lado criança recém-nascida. Questões de extrema importância estão em jogo, como acompanhamento do pré-natal, primeiros contatos com a criança, apoio pós-parto e o auxílio em geral que o companheiro pode oferecer à esposa.
Durante o papo, nosso entrevistado compartilhou algumas vivências que teve ao lado do filho e comentou a respeito do choque que ainda existe quando um homem se coloca como cuidador. Para ele, permanecer durante um período de tempo maior ao lado de Mudrik (muito mais do que a legislação permitiria) foi uma chance única para acompanhar de perto os primeiros passos do filho.
Expandir esse debate e reunir forças que permitam mudanças efetivas em relação ao limitado tempo de licença-paternidade, pode multiplicar experiências como a que Marcos nos contou.
Por hora, deixo aqui alguns links que serão úteis na jornada, sejam como espaços de encontros e debates construtivos entre pais, sejam como manuais colaborativos e dicas práticas: 
Paizinho, Virgula, canal que discute a jornada da paternidade, criação com apego e disciplina positiva;
Tricô de pais, podcast do Paizinho, Virgula;
Diário Illustrado da Paternidade, fã page do Facebook;
A caixa de comentários, é claro, está sempre aberta para ouvir mais histórias e dicas. Vem com a gente?

publicado em 27 de Abril de 2017

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