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sexta-feira, 21 de junho de 2019

Conheça as mulheres (esquecidas) por trás da tabela periódica

Marie Curie (Foto: Wide World Photos/Underwood and Underwood, New York/Wikimedia Commons)
MARIE CURIE (FOTO: WIDE WORLD PHOTOS/UNDERWOOD AND UNDERWOOD, NEW YORK/WIKIMEDIA COMMONS)
 Essas cientistas, que descobriram elementos químicos e suas propriedades, contribuíram com a organização do sistema
27/03/2019  / POR REDAÇÃO GALILEU
Antoine Lavoisier, John Dalton, John Newlands, Julius Lothar Meyer, Dimitri Mendeleiev, Henry Moseley, Charles Janet: enquanto diversos homens aparecem na história da tabela periódica – que completa 150 anos em 2019 –, nenhuma mulher é citada por ter ajudado a criá-la ou aprimorá-la. Ainda que não tenham trabalhado diretamente na organização das linhas e colunas, algumas cientistas realizaram pesquisas que foram essenciais para a compreensão dos elementos químicos, contribuindo com o posicionamento dos componentes no sistema.

A mais lembrada, Marie Curie, descobriu o polônio e o rádio em 1897. Junto com o marido, conseguiu extrair apenas 0,1 grama de composto de rádio. Ela tornou-se a primeira mulher ganhar o Prêmio Nobel – e ainda foi laureada duas vezes. 
Pai da tabela?
Depois de Mendeleiev desenhar sua tabela em 1869, a química russa Julia Lermontova refinou os processos de separação dos metais do grupo da platina (rutênio, ródio, paládio, ósmio, irídio e platina). O único relato de seu projeto está nas correspondências de Mendeleiev, com quem ela trabalhou. Lermontova estudou em Heidelberg, e foi a primeira mulher a receber um doutorado em química na Alemanha, em 1874.
Conceitos
Os isótopos são versões desconhecidas de elementos existentes. Foi o químico britânico Frederick Soddy que introduziu este conceito à ciência, mas foi a médica Margaret Todd que sugeriu o termo – que significa "mesmo lugar" em grego. 
Stefanie Horovitz, química polonesa e judia, forneceu provas experimentais de isótopos. Trabalhando no Radium Institute, na Áustria, ela mostrou um elemento comum, como o chumbo, pode ter diferentes pesos atômicos, dependendo da derivação (decaimento radioativo do urânio ou do tório). 
Química Stefanie Horovitz (Foto: Austrian Central Library for Physics, Vienna)
QUÍMICA STEFANIE HOROVITZ (FOTO: AUSTRIAN CENTRAL LIBRARY FOR PHYSICS, VIENNA)
A canadense Harriet Brooks, estudante de física da Universidade McGil, trabalhou com Ernest Rutherford. Em 1901, os dois mostraram que a emanação (ponto de partida) difundia-se como um gás pesado. Isso indicou que um novo elemento poderia ser produzido durante o decaimento radioativo.
Em 1907, o escocês William Ramsay sugeriu que o radônio pertencia ao “grupo de elementos de hélio” – agora identificado como de gases nobres. Cinco anos antes, Rutherford e Soddy anunciaram a teoria da desintegração radioativa. Rutherford foi ganhou o Prêmio Nobel de química em 1908. A contribuição sobre o radônio de Brooks foi um passo crucial para o trabalho dele, mas ela raramente é reconhecida. 
Harriet Brooks, física canadense (Foto: Wikimedia Commons)
HARRIET BROOKS, FÍSICA CANADENSE (FOTO: WIKIMEDIA COMMONS)
Corrida química
Austríaca, a física Lise Meitner mudou-se para a Alemanha depois de terminar seu doutorado em busca de melhorar suas oportunidades de carreira. Em 1907, ela foi admitida como colaboradora não remunerada de Otto Hahn no departamento de química da Universidade de Berlim, mas acabou indo trabalhar no porão. Em 1913, depois de Hahn ter se mudado para o Instituto Kaiser-Wilhelm de Química em Berlin-Dahlem, ela se tornou "associada" do instituto. Em 1917, Hahn e Meitner descobriram o protactínio (elemento nº 91) enquanto procuravam a "substância mãe" do actínio na série de decaimento radioativo. 
A física Lise Meitner (Foto: Smithsonian Institution/Wikimedia Commons)
A FÍSICA LISE MEITNER (FOTO: SMITHSONIAN INSTITUTION/WIKIMEDIA COMMONS)
Ideia de fissão
Outro elemento, rênio (número 75), foi descoberto em 1925 por Ida Noddack e seu marido Walter Noddack, juntamente com Otto Berg. Ida Noddack, nascida em Tacke, era engenheira química e deixou a indústria para estudar elementos perdidos. Em 1925, ela começou como pesquisadora não remunerada do Instituto Imperial Físico e Técnico em Berlim.
Os Noddacks se esforçaram para produzir rênio, e alegaram ter encontrado o elemento 43, que chamaram de masurium (por causa da região da Masúria, agora na Polônia). Mas nunca conseguiram reproduzir suas linhas espectrais ou isolar o material. 
Ida Noddack trabalhou como convidada no laboratório do marido durante a maior parte de sua vida. Essa foi uma das razões pelas quais ela não foi levada a sério quando, em 1934, sugeriu que o núcleo pudesse se dividir – processo agora identificado como fissão. 
A cientista Ida Noddack (Foto: Wikimedia Commons)
A CIENTISTA IDA NODDACK (FOTO: WIKIMEDIA COMMONS)
Na década de 1930, as descobertas do nêutron e da radioatividade induzida abriram a possibilidade de fabricar elementos em laboratório, bombardeando átomos com partículas. Em 1934, o físico Enrico Fermi e seus colegas da Universidade de Roma anunciaram que haviam produzido os elementos 93 e 94, disparando nêutrons no urânio.
Ida Noddack apontou que Fermi falhou em mostrar que nenhum outro elemento químico, nem os mais leves, haviam sido produzidos. “É concebível que o núcleo se separe em vários fragmentos grandes", ela declarou. No entanto, os físicos a ignoraram.
Quatro anos depois, Lise Meitner e Otto Hahn perceberam que um dos elementos que Fermi havia feito era o bário, e que o núcleo de urânio havia se partido. Naquela época, o período que antecedeu a Segunda Guerra Mundial, Meitner, sendo judeu, fugiu para a Suécia. Embora fossem os cálculos de Meitner que convenceram Hahn de que o núcleo havia se partido, ele não incluiu o nome dela na publicação do resultado, e nem a creditou quando ele foi laureado com o Nobel de química em 1945.
Protagonista da própria história
Marguerite Perey, física francesa, é considerada a única descobridora do elemento 87, o francium. Ela entrou no Instituto Marie Curie aos 19 anos como técnica de laboratório, sob a direção dos cientistas Irène Joliot-Curie e André Debierne. Ambos pediram para ela fornecer um valor preciso para o isótopo actínio-227, procedimento técnico delicado, durante o qual ela identificou o francium. Como os dois não concordaram com quem Perey estava trabalhando na época, eles não conseguiram reivindicar participação na descoberta. 
Marguerite Perey (esquerda), descobridora de francium, e sua colega Sonia Cotelle no Radium Institute em Paris em 1930 (Foto: Musée Curie/ACJC)
MARGUERITE PEREY (ESQUERDA), DESCOBRIDORA DE FRANCIUM, E SUA COLEGA SONIA COTELLE NO RADIUM INSTITUTE EM PARIS EM 1930 (FOTO: MUSÉE CURIE/ACJC)
Barreiras geográficas
Darleane Hoffman, química norte-americana, mostrou que o isótopo férmio-257 podia se dividir espontaneamente – não só depois de ser bombardeado com nêutrons. Ela foi a primeira mulher a liderar uma divisão científica no Laboratório Nacional Los Alamos, e descobriu o plutônio-244 na natureza. 
Química Darleane Hoffman (Foto: Roy Kaltschmidt/Lawrence Berkeley National Laboratory)
QUÍMICA DARLEANE HOFFMAN (FOTO: ROY KALTSCHMIDT/LAWRENCE BERKELEY NATIONAL LABORATORY)
Hoffman ainda treinou Dawn Shaughnessy, do Laboratório Nacional Lawrence Livermore, que ajudou a descobrir seis novos elementos em 2016 – que foram adicionados na tabela com os números 113, 115, 117 e 118
Entre as décadas de 1920 e 1930, Carmen Brugger Romaní e Trinidad Salinas Ferre trabalharam com José Casares Gil na Universidade de Madri para estudar os efeitos da presença de minerais águas sobre a saúde. Elas precisaram abandonar a pesquisa durante a Guerra Civil Espanhola, e todo o esforço delas foi parar na bibliografia de Casares. 
A química Reatha Clark King foi a primeira cientista feminina afro-americana a trabalhar no Instituto National Bureau of Standards, nos EUA. Na década de 1960, ela estudou a combustão de misturas gasosas de flúor, oxigênio e hidrogênio.
Na década de 1910, a norte-americana Alice Hamilton comprovou a toxicidade do chumbo e seus malefícios para as pessoas. Ela forçou empresas a tomar medidas de segurança e compensar trabalhadores afetados. Hamilton também organizou ações sociais para reconhecer doenças relacionadas à metais pesados. Em 1919, tornou-se a primeira mulher indicada para o corpo docente da Universidade de Harvard.  
A cientista Alice Hamilton (Foto: Smithsonian Institution/Wikimedia Commons)
A CIENTISTA ALICE HAMILTON (FOTO: SMITHSONIAN INSTITUTION/WIKIMEDIA COMMONS)
Toshiko "Tosh" Mayeda foi chamada para lavar itens de vidro no laboratório de Harold C. Urey, na Universidade de Chicago, na década de 1950. Logo foi encarregada dos espectrômetros de massa. Ela ajudou a medir a proporção de isótopos de oxigênio em conchas fossilizadas para deduzir as temperaturas dos oceanos pré-históricos e expandiu esse método para os meteoritos. 
Por ser norte-americana descendente de japoneses, Mayeda foi enviada para campos de concentração depois que Pearl Harbor foi atacada em 1941. Com diploma de bacharel em química, ela poderia ter sido uma das muitas mulheres que permaneceram invisíveis na ciência. Felizmente, Mayeda foi apoiada por seus superiores, e seu nome apareceu em publicações em pé de igualdade com os homens que trabalhou. 
(Com informações de Nature)

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