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quarta-feira, 26 de junho de 2019

"O bullying deve ser enfrentado com diálogo e educação", diz psiquiatra

“O bullying é uma forma de violência", psiquiatra da Infância e Adolescência Eloisa Helena Rubello Valler Celeri (Foto: Getty Images / Lexington Herald-Leader)
22/03/2019 - GQ - POR ZECA GUTIERRES
Abandono, bullying, videogames, armas: o que realmente pode transformar seu filho em um jovem violento?
Você sabe que famílias abusivas e ambientes socio-econômico-culturais desfavoráveis têm papel fundamental no desencadeamento de comportamentos agressivos entre os jovens, certo? Se não sabia, já imaginava algo do tipo. 

Mas para falar sobre violência em jovens, segundo a psiquiatra da Infância e Adolescência Eloisa Helena Rubello Valler Celeri, é preciso jogar luz sobre múltiplos saberes, como psicanálise, psiquiatria, sociologia, antropologia, genética e neurociências.
Para entender mais sobre isso, conversamos com ela, que garante: atribuir a violência a relações simplistas e de causalidade não explica o aumento do ódio e o desejo de causar danos. “A agressividade está presente em todo ser humano e a sociedade, a cultura, a escola e a família têm papel fundamental na forma como cada um vai gerenciá-la”, explica.
Quais seriam os fatores?
“Aquilo que chamamos violência gratuita, na verdade não é gratuita. Ela pode ser compreendida a partir de uma história, geralmente bastante complexa que inclui questões biológicas, familiares e sociais. Crianças e adolescentes descuidados, negligenciados, abusados, sem rede de apoio, sem perspectivas, portadores de transtornos psiquiátricos, que passaram por situações de bullying e rejeição podem estar mais propensos a apresentar comportamentos violentos e agressivos. Mas veja: podem, não necessariamente irão. Pois dependendo da capacidade de resiliência, da presença de alguma capacidade/habilidade específica, inteligência ou presença de uma rede de apoio, este adolescente pode se tornar um adulto de valor e contribuir significativamente para a sociedade.”
As muitas formas de abandono
“Vivemos um momento social em que crianças e adolescentes são muitas vezes deixados sozinhos. O referenciamento do adulto e a presença sensível de um adulto capaz de ajudá-lo a processar estados emocionais é essencial e fundamental. É função dos pais saber ‘onde o filho anda’ quando está navegando por este mundo virtual.
Videogame mata?
“As pesquisas são bastante contraditórias quanto à associação games-comportamentos violentos. Algumas mostram co-relação, outras não. O grande problema é que não há, até onde tenho conhecimento, estudos realizados com jovens que estão em sofrimento psíquico ou que já apresentam um transtorno psiquiátrico. Esta talvez seja a população mais vulnerável.”
O inimigo bullying
“O bullying é uma forma de violência. Jovens que sofrem bullying são os mais frágeis, com menor capacidade de resiliência e de enfrentamento, podendo levar a transtornos depressivos, ansiedade, recusa e abandono escolar, comportamentos agressivos, suicídio etc. As escolas, os professores, os pais e os jovens devem estar atentos, o bullying deve ser enfrentado com diálogo e educação.”
Masculinidade X machismo
“Os estereótipos machistas associam masculinidade com agressividade, o que pode favorecer e incentivar comportamentos agressivos, especialmente entre aqueles mais inseguros, aqueles que sofrem bullying, abusos e violência.”
Dicas para os pais
“Conversar, acompanhar, estar por perto, saber o que estão fazendo e com quem estão, tanto no mundo real quanto no virtual. As refeições são momentos importantes de convivência, onde a família pode conversar e cada um falar um pouco de si e de seu dia. Assistir a um filme ou uma série juntos e comentar, trocar ideias... Assim vamos conhecendo um pouco melhor o que pensa, quais valores daquele jovem. E eventualmente, procurar ajuda profissional.”
Armar para diminuir a violência?
“As pesquisas demonstram de forma clara e inequívoca que armas se associam com maiores taxas de suicídio, mais homicídios, mais acidentes com crianças e jovens. Como profissional da saúde e cidadã, sou contra a liberação da posse.”
Diversidade promove caminhos
“Muito já caminhamos no sentido de dar voz e acolher a diversidade, mas vivemos um momento de retrocesso. Movimentos conservadoras ganham força e cabe à sociedade como um todo lutar pela manutenção e progresso das conquistas que já tivemos. O diferente, o novo, aquilo que não entendemos sempre dá medo e uma das formas deste medo se expressar é através da intolerância, violência e tentativa de reprimir a diversidade.”

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