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sexta-feira, 4 de janeiro de 2013



Tinha 23 anos, era estudante de medicina. Por ter saído à noite para se divertir com um amigo, terá sido torturada por 6 homens, que a violaram e brutalmente agrediram dentro de um autocarro, em Nova Deli. Ela… morreu!

Chamava-se Aisa e o fim trágico que encontrou fez explodir nas ruas da capital da Índia um grito há muito contido no país pela quase impunidade no país da violência contra as mulheres.

Uma jovem indiana presente no protesto em Nova Deli disse que o que se passa na Índia “não é correto”. “As raparigas não estão em segurança e isto e este problema só acaba quando forem aplicadas condenações mais pesadas”, reclamou

Por causa dos atos de agressão serem ser um acontecimento usual no dia-a-dia indiano, os crimes sexuais raramente acabam punidos pelas autoridades.

O número de violações de mulheres na Índia aumentou, nos últimos 40 anos, cerca de 900 por cento. Das 635 queixas apresentadas em 2012, apenas uma acabou em condenação.

São, ainda assim, raras as queixas apresentadas. O facto de apenas 4 por cento dos polícias indianos serem mulheres pode ser entrave a que mais vítimas procurem as autoridades. Tudo isto somado ainda à própria vergonha e ao medo, faz com que sejam muitas as vítimas de violação a retraírem-se na hora de apresentar queixa.

Um estudo recente deu à Índia, entretanto, o título de pior país do Mundo para as mulheres. O que se revela um paradoxo, sendo este um dos países daquela parte do globo onde há mais tempo as mulheres fazem parte da política nacional e onde elas trabalham livremente nas ruas, vestindo-se inclusive de forma moderna e ocidental.

É um país, contudo, de raízes machistas muito profundas. As mulheres são ainda consideradas, em quase toda a Índia, como inferiores e meros objetos sexuais.

Não estranha por isso que 1 em cada 4 indianos já tenha assumido ter agredido sexualmente mulheres. Além disso, 1 em cada 5 já terá, inclusive, forçado a sua parceira a ter relações sexuais.

É um domínio masculino que começa, por vezes, até antes do parto. A relação de géneros na Índia é desequilibrado à razão de 914 mulheres por cada mil homens. Isto, em parte, porque elas morrem muito cedo. Seja por infanticídio, enquanto bebés ou crianças, ou vítimas de aborto seletivo quando já em fase de nascituro.

Rishi Kant, ativista pelos direitos das mulheres, avança que o facto de “haver menos raparigas” na Índia promove a existência de “muitos crimes sexuais no país”. “Os rapazes não conseguem casar-se, em especial no norte da Índia”, acrescenta, relacionando o menor número de raparigas com os citados “abortos de nascituros femininos e o infanticídio seletivo.”

Para se desfazerem das filhas, os pais, recorrem ainda a outro meio: o casamento. 70 por cento das indianas com menos de 18 anos já estão casadas ao mesmo tempo que 40 por cento dos casamentos no Mundo envolvendo crianças acontecem na Índia.

Embora proibidos há 150 anos, os casamentos envolvendo crianças fazem parte das tradições muito enraizadas em algumas zonas rurais do país e raramente são denunciados. Apesar da atual onda de protestos, é pouco provável que a mentalidade indiana evolua de forma rápida. Este é um problema que ameaça demorar ainda muitos anos até ser devidamente resolvido.

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