Nem toda menina tem a chance de aprender sobre relações sexuais e métodos contraceptivos, seja na escola ou em casa. Por isso, muitas delas ainda cometem erros frequentes que podem resultar em uma gravidez indesejada ou até mesmo em uma contração de infecções sexualmente transmissíveis. E alguns dos erros mais comuns estão relacionados a pílula do dia seguinte. Você sabe como ela funciona?
Pensando nisso, a CAPRICHO conversou com a Dra. Patrícia Gonçalves, médica obstetra e ginecologista, para explicar o que você precisa saber antes de tomar a pílula do dia seguinte. Vamos lá?
1. Não é um método contraceptivo
Para início de conversa, é fundamental entender que a pílula do dia seguinte não é um método preventivo, mas de emergência. Ela só deve ser tomada quando a menina teve uma relação sexual desprotegida e não utiliza nenhum método contraceptivo (como a pílula anticoncepcional ou o DIU).
2. Existem dois tipos de pílula do dia seguinte
Os dois tipos são: a pílula composta por levonorgestrel ou composta por acetato de ulipristal, que atrasam ou inibem a ovulação. “As pílulas contendo levonorgestrel podem ser usadas até 3 dias após a atividade sexual e as pílulas contendo acetato de ulipristal podem ser usadas até 5 dias após as relações sexuais desprotegidas. No entanto, a sua eficácia diminui à medida que os dias passam e por isso devem ser tomadas com a maior brevidade possível”, a ginecologista explica.
3. Possui uma dose de hormônio mais alta que a pílula anticoncepcional convencional
Muita gente se refere à pílula do dia seguinte como uma “bomba de hormônio”. De acordo com a Dra. Patrícia, isso acontece porque este medicamento tem, em apenas uma única pílula do dia seguinte, uma dose de hormônios equivalente a metade de uma cartela da pílula anticoncepcional convencional. “Usar esse método continuamente acaba desequilibrando as taxas hormonais do corpo, por isso essa técnica deve ser realmente uma opção de emergência”, reforça.
4. O uso pode causar (e geralmente causa) efeitos colaterais
Os efeitos colaterais surgem exatamente por conta da alta dose hormonal. “Após o uso, a mulher pode sentir dores de cabeça, enjoos e cansaço. E depois de alguns dias, também pode notar sintomas como dor nas mamas, diarreia, pequeno sangramento vaginal, antecipação ou atraso da menstruação, varizes, inchaço, retenção de líquido e manchas na pele. Segundo a médica, é normal que o ciclo menstrual também sofra alterações e fique desregulado por um tempo.
5. A eficácia da pílula do dia seguinte depende de em quanto tempo após a relação ela é tomada
O recomendado é tomar o medicamento logo depois da relação desprotegida, já que a pílula do dia seguinte não é 100% eficaz se passar de 72 horas da atividade. Nas primeiras 24 horas, sua eficácia é de 88%. “Quando ela é tomada no mesmo dia, é pouco provável que a mulher engravide. No entanto, existe essa possibilidade”, garante a ginecologista. Segundo a Organização Mundial da Saúde, o índice de eficácia varia entre 52% a 94%. Ou seja, um número bem amplo. O uso excessivo da pílula do dia seguinte pode resultar na perda da eficácia do medicamento em longo prazo.
6. Se você já toma pílula anticoncepcional, não é uma boa ideia tomar a pílula do dia seguinte também
Esta é uma das maiores dúvidas das meninas: não dá para combinar pílula do dia seguinte com pílula anticoncepcional. Os dois medicamentos possuem altas doses de hormônios que, juntas, podem resultar em problemas sérios de saúde.
7. O recomendado é tomá-la no máximo duas ou três vezes por ano
Por não ser um método contraceptivo, a pílula do dia seguinte não deve ser tomada todo mês – como a anticoncepcional, por exemplo. “O recomendado é utilizar o método somente de duas a três vezes por ano, apenas em emergências”, a Dra. Patrícia explica. Até porque, se você usá-la frequentemente, ela pode perder a eficácia, como já explicamos.
8. O uso frequente pode causar problemas de saúde e até infertilidade
“O uso frequente da pílula do dia seguinte pode causar infertilidade, danificar trompas, causar gravidez ectopia (gravidez nas trompas), prejudicar o funcionamento do aparelho reprodutor feminino e dificultar uma futura e desejada gravidez”, explica a ginecologista. Ela reforça que cada caso é um caso diferente, mas é importante saber os malefícios para não abusar da frequência do uso.
9. Há contraindicações
O ideal é antes de tomar a pílula do dia seguinte, consultar um ginecologista (embora seja complicado, por ser uma emergência). “Mas, há casos em que a pílula pode ser contraindicada, por exemplo em mulheres hipertensas, obesas, com sérios problemas vasculares, hormonais ou de sangue”, comenta.
Por isso, é essencial conversar com um ginecologista para definir um método contraceptivo. Lembrando que a camisinha é o único método que te protege de gravidez e infecções sexualmente transmissíveis, então não esqueça dela! Combinado?
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