marie claire
27.01.2019 - POR FERNANDA MOURA GUIMARÃES
Elas são feministas, engajadas e comprometidas em representar o que é ser mulher no Brasil. Convidamos seis ilustradoras para refletir sobre o ano que passou e responder à pergunta: o que você deseja para as mulheres em 2019?
Larissa Santos Rocha
@lollyndona
A morte de Marielle Franco, em março de 2018, foi o momento mais difícil do ano para a ilustradora carioca Larissa Santos Rocha, 25. “Fiquei muito triste e assustada. Foi uma questão de identificação, de me ver ali naquela pessoa que estava morrendo por defender direitos de pessoas como eu. Mas isso nos dá força para continuar.”
A imagem da vereadora virou até inspiração para parte de seu trabalho, que é sempre autobiográfico e frequentemente evoca personagens femininas, o subúrbio carioca e sua vida pessoal.
O que quer para as mulheres em 2019: “Autoconhecimento. Quando a gente se conhece, fica mais fácil lidar com o mundo e o que ele joga na nossa cara”.
A imagem da vereadora virou até inspiração para parte de seu trabalho, que é sempre autobiográfico e frequentemente evoca personagens femininas, o subúrbio carioca e sua vida pessoal.
O que quer para as mulheres em 2019: “Autoconhecimento. Quando a gente se conhece, fica mais fácil lidar com o mundo e o que ele joga na nossa cara”.
Fernanda Guedes
@ladyguedes
Sobrinha da primeira mulher a trabalhar com ilustração no Brasil, Fernanda Guedes, 54, desenha desde que se entende por gente. “Trabalhei com publicidade, mas comecei a me preocupar com o tipo de mensagem preconceituosa que as imagens que eu fazia estavam perpetuando.” Hoje com um trabalho 100% autoral, a ilustradora se divide entre um projeto de reconexão com o feminino indígena e as “buceladies”, personagens bem-humoradas que imitam a genitália feminina. “É a minha resposta à mamadeira de piroca”, ri.
O que quer para as mulheres em 2019: “Força. Porque 2019, 2020 e 2021 não vão ser fáceis. Já descobrimos uma força que não sabíamos que tínhamos, mas é preciso mais”.
Priscila Barbosa
@priii_barbosa
@priii_barbosa
No ano passado, Priscila Barbosa, 28, decidiu transformar discurso em ação: a ilustradora paulistana revelou a identidade de um dos homens que assediaram uma torcedora russa na Copa do Mundo, seu antigo colega de escola, em seu perfil no Instagram. “Me perguntei o que estava fazendo pelas mulheres”, conta. Inspirada por temas que envolvem sororidade e anatomia feminina, seu trabalho é um reflexo dos estudos feministas que tem feito na PUC-SP. “É algo que me trouxe amor-próprio e muito mais poder”, diz.
O que quer para as mulheres em 2019: “Crescer coletivamente. Que nós mulheres cada vez mais extrapolemos, juntas, os papéis e os espaços que nos são colocados pela sociedade”.
Raquel Thomé
@raquelthome
O trabalho de arteterapia feito apenas com mulheres inspirou Raquel Thomé, 34, a retratar o feminino em delicadas aquarelas e desenhos digitais que exploram o corpo e o universo femininos. “Queria representar contextos que se repetiam na vida das pacientes e ajudá-las a trabalhar suas dores e traumas através do desenho”, conta ela. “Percebi que mesmo diferentes podemos ter vivências muito parecidas”.
O que quer para as mulheres em 2019: “Menos solidão. É uma fala recorrente entre as mulheres que acompanho. Nós somos ensinadas a nos calar, e, sem representação de discurso, acabamos nos sentindo mais sozinhas do que nunca. Ter espaço de fala nos dá liberdade e é uma forma de nos unirmos”.
Thereza Nardelli
@zangadas_tatu
@zangadas_tatu
Foi das mãos da tatuadora mineira Thereza Nardelli, 30, durante um intervalo de aula na faculdade, que saiu o desenho que tomou as redes sociais na época das eleições. A imagem de duas mãos que se seguram com a frase: “Ninguém solta a mão de ninguém”, uma fala de sua mãe, Leda Maria, foi compartilhada por Pabllo Vittar, Bruna Marquezine e milhares de usuários. “Esse desenho já não é mais meu. São as pessoas que o compartilham que constroem seu sentido. Depois de um ano tão turbulento, achei a frase linda e senti que era o que tinha de ser dito”, conta.
O que quer para as mulheres em 2019: “Que sejamos atentas e fortes, e que a gente possa continuar levando uma a outra. Que exista união e resistência”.
Verena Smit
@verenasmit
@verenasmit
Você provavelmente já viu uma das poesias visuais de Verena na sua timeline do Instagram. Com 109 mil seguidores, foi na plataforma, aliás, que a artista paulistana começou a divulgar seu trabalho, como um diário pessoal. Um trocadilho com as palavras forgive e forget trouxe milhares de fãs e rendeu até uma longeva parceria com a Gucci. “Meu trabalho é um reflexo do que estou vendo. Ser mulher no século 21 requer união. Por ter um canal com grande alcance me sinto responsável por levar algo que agregue e nos una”, conta.
O que quer para as mulheres em 2019: “Paz. Não no sentido de não violência, mas de tranquilidade, que nós mulheres não tenhamos de lutar para sermos ouvidas, que isso aconteça naturalmente”.
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