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quinta-feira, 1 de agosto de 2019

City of Joy | Filme mostra a história de centro criado para reabilitar vítimas da violência

Denis Mukwege na City of Joy
Denis Mukwege na City of Joy
por 
Fernanda Mena
11.07.2019

"Existe vida após todos nós termos sobrevivido." A frase define o filme City of Joy - Onde Vive a Esperança
A obra mostra a realidade de mulheres violentadas durante os conflitos no Congo, que buscam reabilitação no chamado City of Joy  (Cidade da Alegria), um centro criado para ajudá-las a recuperar o poder e a identidade.

O filme está disponível na Netflix. Clique aqui para assistir à obra.  
City of Joy foi criado em uma parceria entre a escritora e ativista norte-americana Eve Ensler e o Nobel da Paz Denis Mukwege, que estará no Fronteiras do Pensamento 2019 logo mais, em agosto.
Eve Ensler é autora da premiada peça Monólogos da Vagina, que trata do corpo e da sexualidade femininos. Em 2007, Mukwege convidou Ensler para visitar o Hospital Panzi. A instituição foi fundada pelo Nobel da Paz em 1999, no Congo, para atender mulheres estupradas nos conflitos que assolam o leste do país há mais de 20 anos.
Ensler ouviu os relatos das mulheres sobreviventes sobre as atrocidades a que foram submetidas e se envolveu com a questão da violência sexual no Congo. 
A ela, as congolesas disseram que gostariam de ter um lugar onde "tivessem poder". E foi assim que surgiu o projeto City of Joy (cidade da alegria, em inglês), um centro de acolhida, gerido pelas próprias congolesas, voltado para a cura dos traumas e a formação de lideranças.
"A ideia é prover dois elementos a partir dos quais elas possam elaborar novos projetos de vida: amor e comunidade", explica Christine, que se tornou diretora do centro.
Erguido em 2011, ao lado do hospital Panzi e mantido com recursos captados por Ensler, o local é uma espécie de oásis em Bukavu, onde as mulheres recebem assistência médica, social, econômica e jurídica.
"A City of Joy é o lugar onde as mulheres congolesas vão transformar sua dor em poder", disse Ensler na cerimônia de inauguração do espaço.
"Acho que, hoje, eu, Denis e a equipe da City of Joy somos as pessoas que mais falam a palavra vagina no mundo todo", brinca Christine.
Mais de 1.200 mulheres deixaram os portões da City of Joy prontas para reescreverem suas histórias em novas bases.
Ainda que o volume de vítimas de estupro que chegam ao hospital Panzi tenha diminuído muito nos últimos anos, Mukwege hoje se depara com a angústia de ter de operar pela segunda, terceira ou quarta vez uma mesma mulher que sofreu novo estupro.
"Quando ele me telefona e pergunta se estou sozinha na minha sala, eu já sei", conta Christine. "Ele vai entrar, fechar a porta e chorar", descreve. "E eu choro junto, de dor e de revolta."
Mukwege foi testemunha de casos críticos, em que mulheres chegaram ao hospital desenganadas para depois, recuperadas, voltarem a fazer planos para o futuro. Ele diz sempre se surpreender com a resiliência dessas sobreviventes. 
"Se essas mulheres, diante do horror, conseguiram forças para lutar por suas vidas, quem sou eu para desistir?".

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