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domingo, 31 de março de 2013


Cartilha com informações da Lei Maria da Penha encoraja denúncia contra ex

"Ele me deixava trancada em casa", lembra vítima que denunciou ex.
Delegacia da Mulher de Ariquemes registrou 787 boletins em 2012.

Eliete Marques
Do G1 RO
Vítima diz que tomou coragem e denunciar ex-parceiro após 
leitura de cartilha com informações sobre a Lei Maria da Penha 
(Foto: Eliete Marques/G1)
Sentada no sofá da Casa Noeli dos Santos, entidade que abriga mulheres vítimas de violência, em Ariquemes (RO), a serviços gerais de 31 anos se emociona ao falar das agressões sofridas pelo companheiro. O acesso a uma cartilha com informações sobre a Lei Maria da Penha encorajou a denunciar o então companheiro à polícia, que atualmente está preso. Conforme dados da Delegacia de Defesa da Mulher e da Família do município, ameaça e lesão corporal são os crimes mais cometidos contra a mulher.
A vítima conta que viveu com o ex-companheiro durante quatro anos e que as agressões foram aumentando com o tempo.  "Após três meses morando juntos, ele começou a me agredir não só com pancadas, mas também psicologicamente e ainda na frente das minhas filhas. Dizia que me amava e que fazia isso por ciúmes", relata.
A serviços gerais lembra que terminou várias vezes o relacionamento, mas acabava voltando, acreditando nas promessas de melhora de comportamento do ex-parceiro. Após conciliação as agressões paravam, mas depois de um tempo se repetiam, conta a vítima.
“Um dia ele chegou a casa e disse que eu não valia nada e sempre inventava que eu o traia. Me deu um soco forte no nariz e eu comecei a sangrar. Minha filha menor entrou no quarto e me viu daquele jeito. Foi então que ele a empurrou e a machucou", diz emocionada.
A vítima conta que as agressões eram feitas com tanta frequência que passou a faltar ao trabalho devido às marcas da violência. "Ele me deixava trancada em casa, para ninguém ver as marcas no meu rosto", lembra.

Ele me deixava trancada em casa para ninguém ver as marcas no meu rosto"
Vítima, de 31 anos

Após denunciar o companheiro à polícia, foi encaminhada para a Casa Noeli dos Santos com as duas filhas. “A casa nos dá todo o suporte para conseguirmos nos estruturar novamente na vida. Eu sai para uma casa alugada e estou trabalhando. Quero acabar de criar minhas filhas”, enfatiza.
A casa, cujo endereço é mantido em sigilo, é mantida pela Associação Anglicana Desmond Tutu, por prestações pecuniárias do fórum do município e doações de voluntários. Os atendimentos são realizados de forma gratuita. A Coordenadora da entidade Elineide Ferreira de Oliveira, conta que a casa já abrigou 75 mulheres, desde a inauguração em 2011, na maioria das vezes, com filhos. “Na casa elas têm atendimento psicológico, encaminhamentos jurídicos e para o mercado de trabalho”, ressalta a coordenadora.
As vítimas podem ficar até três meses na casa. Atualmente a casa está atendendo uma mulher de 31 anos com dois filhos, que afirma estar com medo do ex- companheiro sair da prisão e encontra-la. Conta que está à procura de uma casa em outro município para morar.

Dados
De acordo com dados da Delegacia de Defesa da Mulher e da Família, em 2011, foram registrados 942 boletins e ocorrência. Em 2012 foram 787, uma redução de 155 casos. No entanto, a delegada Juliana Tavares afirma que não houve uma real diminuição dos casos no município. “Em novembro e dezembro do ano passado a Polícia Civil estava em greve, e só foram registrados casos de flagrante”, explica.
Juliana expõe que ameaça e lesão corporal são os principais crimes de violências cometidos, geralmente, por ex ou atuais companheiros das mulheres. A delegada ressalta também que as mulheres denunciam e na maioria dos casos pedem medidas protetivas, como afastamento do lar, asseguradas pela Lei Maria da Penha.  “Com a ampla divulgação da lei, as mulheres estão tendo mais coragem de denunciar as agressões”, destaca.

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