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domingo, 24 de março de 2013


Solteiros que querem ter filhos biológicos criam um novo tipo de família

ABBY ELLIN
DO "NEW YORK TIMES"

The New York Times
Rachel Hope, 41, tem 1,75 m de altura e gosta de ioga, dança e artes marciais. Corretora imobiliária e jornalista "free-lancer" em Los Angeles, ela procura um homem que more perto dela, seja saudável, tenha boa forma física e seja "bem resolvido financeiramente", em suas palavras.

Parker Williams, 42, é fundador da empresa de leilões de caridade QTheory e parece ser um bom candidato. Com 1,90 m, Williams é ex-modelo, gosta de animais, pratica esportes e é tranquilo, carinhoso e organizado.

Nenhum dos dois está interessado num relacionamento romântico. Mas ambos querem um filho. Por isso, estão discutindo seriamente a possibilidade de ter e criar um filho juntos. Não vem ao caso o fato de Parker Williams ser gay, nem que os dois só se conheceram em outubro passado, quando se encontraram no site Modamily.com, voltado para pessoas que procuram outras com quem possam ser pais ou mães.

Emily Berl/The New York Times
Rachel Hope com sua filha Grace, 4; ela é solteira e quer ter outro filho a partir de uma "parceria parental"
Rachel Hope com sua filha Grace, 4; Rachel é solteira 
e quer firmar uma "parceria parental" para ter outro filho
Williams e Hope fazem parte de um novo tipo de pessoas que procuram pares on-line -pessoas que estão à procura não do amor, mas de um parceiro com quem construir uma família. Nos últimos anos, surgiram várias redes sociais dedicadas a ajudá-las, como a PollenTree.com, a Coparents.com, a Co-ParentMatch.com e a MyAlternativeFamily.com, além da Modamily.

"Enquanto algumas pessoas optam pela chamada 'produção independente', outras analisam as pressões de horário, os problemas financeiros e a falta de um parceiro emocional e decidem que criar um filho sozinho é trabalhoso demais e não faria bem nem para elas nem para a criança", contou Darren Spedale, fundador do site de parcerias Family by Design. "Se você pode compartilhar o apoio e os altos e baixos com outra pessoa, essa é uma opção muito mais interessante para a criação dos filhos."

Os sites propõem algo que pode parecer uma alternativa interessante à barriga de aluguel, à adoção ou à simples doação de esperma. Dawn Pieke, 43, é gerente de vendas em Omaha, no Estado de Nebraska. Sua filha, Indigo, nasceu em outubro. Ela conheceu o pai de Indigo, Fabian Blue, em junho de 2011 numa página do Facebook da Co-parents.net. Pieke tinha medo de ter um filho sozinha, pois, explicou, "eu mesma cresci sem meu pai". Ela queria alguém com quem pudesse dividir as dificuldades da criação de um filho.

Fabian Blue contou que antes tinha pensado em adotar. "Mas achei que ninguém deixaria um gay solteiro adotar uma criança", explicou. Pieke e Blue se conheceram pessoalmente no Dia de Ação de Graças de 2011. Em seguida, leram os registros médicos um do outro e submeteram-se a exames de fertilidade. Blue mudou para um quarto na casa de Pieke. "Quatro semanas mais tarde, ele me entregou uma amostra de sêmen, a gente se abraçou, e eu fui para o meu quarto e me inseminei", conta Pieke.

Os dois não chegaram a redigir um acordo legal e concordam que isso foi pouco sensato. "Há tantas coisas em que eu não pensei. Por exemplo, até onde vai minha responsabilidade financeira? O que acontece se eu perder o meu emprego? E se ele perder o dele?"

As leis relativas às parcerias parentais variam de Estado para Estado americano. Em 2008, um tribunal do Novo México decidiu contra um doador de esperma que tinha concordado em pagar certo valor a título de pensão alimentícia do filho, mas se negou a continuar quando o valor subiu.

No ano passado, um tribunal da Califórnia decidiu em favor de um doador de esperma texano processado para que pagasse pensão alimentícia.

Mesmo um documento legal nem sempre tem força de lei. "Os tribunais irão se pautar pelo que melhor atender aos interesses da criança", explicou o advogado Bill Singer, de Belle Mead, em Nova Jersey.

Colin Weil e a mãe de sua filha de dois anos, Stella, redigiram um contrato antes de a mãe engravidar. Weil, que tem 46 anos e é gay, conheceu a mãe de Stella, que pediu que seu nome não fosse divulgado, em outubro de 2009 por meio de um amigo mútuo. Hoje Stella passa uma noite por semana com Weil, e o plano deles é que o número de noites aumente.

"Quando você pensa no conceito de aldeia e de como a aldeia fez parte da criação dos filhos em tantas sociedades, por tantos milhares de anos, isso faz todo sentido", comentou Weil. "A ideia de que duas pessoas -o que dirá uma- crie um filho sem o apoio da aldeia não faz sentido."

Mas Elizabeth Marquadt, diretora do Centro Matrimonial e Familiar do Instituto de Valores Americanos, um grupo não partidário em Nova York, discorda. "É uma ideia péssima, propositalmente obrigando uma criança a ser criada em dois mundos diferentes, com pais que nem sequer tentaram formar uma união amorosa entre eles."

Outros acham que as parcerias parentais poupam o filho da dor de um futuro divórcio. "Do meu ponto de vista como pesquisadora, não acho que um relacionamento romântico seja necessário para que haja um bom relacionamento coparental", opinou a professora Sarah J. Schoppe-Sullivan, da universidade Ohio State.

Essas parcerias também encorajam as pessoas a refletir e discutir uma filosofia de criação dos filhos com antecedência, algo que muitos casais tradicionais não fazem. Rachel Hope, que já tem dois filhos (de 22 anos e quatro anos) de relacionamentos coparentais anteriores, disse que encontrou apenas "homens cultos e desejáveis" quando buscou seu terceiro parceiro. "O importante é saber se poderemos nos relacionar, refletir com cuidado e tomar uma decisão lógica e racional para meus filhos futuros que ainda não nasceram."

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