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domingo, 31 de março de 2013


Quem é o homem ideal

MARTHA MENDONÇA

O americano Jeremy Nicholson se diz um doutor em atração. Doutor de verdade – ele faz questão de frisar –, porque fez doutorado em psicologia, para estudar a ciência dos relacionamentos. Nicholson escreve um blog em que dá dicas sobre como conquistar o parceiro dos sonhos, e se diz preocupado com o que tem escutado das mulheres. “Elas dizem que sempre falta alguma coisa nos homens. Ou são fortes, provedores, determinados, e não muito dedicados e fiéis, ou são sensíveis, atenciosos, mas passivos demais.” Como é improvável que todos os homens legais tenham sumido repentinamente do mercado, Nicholson e outros estudiosos dos anseios femininos trabalham com outra hipótese: a culpa pelos corações solitários é o alto grau de expectativa feminina. Elas estão exigentes demais. Procuram características que dificilmente costumam aparecer num único ser humano do sexo masculino – com exceção, talvez, do exemplar apresentado na página ao lado. Será demais pedir por um destes?
homem ideal (Foto: reprodução/Revista ÉPOCA)
Aparentemente, sim. Nicholson diz que as mulheres estão presas numa armadilha causada pelo confronto entre o tipo de homem que acham atraente do ponto de vista biológico – o provedor dominador – e aquele que admiram socialmente, o companheiro capaz de mostrar suas emoções. “É uma combinação contraditória e inatingível”, diz Nicholson. A antropóloga Mirian Goldenberg, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, escuta em terras brasileiras queixas semelhantes. “Existe uma cultura feminina de valorizar justamente a característica que falta no parceiro”, diz Mirian. A explicação para um nível tão alto de exigência é um encantamento com a independência conquistada pela mulher nas últimas décadas. “Estamos saboreando nosso protagonismo”, afirma a psicóloga gaúcha Diana Corso.
O segredo para encontrar o equilíbrio é valorizar algumas características-chave – algo que as mulheres, desde tempos imemoriais, sempre souberam fazer. O psicólogo americano David Buss, da Universidade do Texas, estudou as qualidades admiradas no sexo oposto por mulheres de 37 culturas. Ele diz que as bem-sucedidas na vida amorosa estão de olho em quatro conjuntos de características. A primeira categoria engloba indicadores físicos, como beleza e virilidade, garantia de bons genes e filhos saudáveis. A segunda reúne fatores com potencial para gerar bons provedores, como a dedicação ao trabalho. A terceira categoria sugere as chances de ser um bom pai: é maduro emocionalmente? A quarta abarca as características de um bom companheiro, como ser fiel e atencioso. Encontrar homens com pontuação máxima nas quatro categorias é algo que beira o impossível. As mulheres – como sabemos e Buss constatou – não estão dispostas a abrir mão de nenhuma delas. O que a maioria faz é diminuir a exigência em cada uma, em vez de prescindir de alguma inteiramente. “Elas asseguram a melhor combinação de características que podem encontrar num único homem”, escreve Buss em seu estudo. A lição é que os candidatos suficientemente bons podem se transformar nos companheiros ideais. Porque, no amor, perfeição não existe.

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