Bergoglio: “Sei que é um drama existencial e moral. Muitas têm uma cicatriz no coração”
PABLO ORDAZ Roma 1 SEP 2015
O papa Francisco anunciou que durante a celebração do Jubileu da Misericórdia – que será realizado de 8 de dezembro a 20 de novembro de 2016 – todos os padres terão o poder de "absolver" as mulheres que cometeram “o pecado do aborto”, porque “o perdão de Deus não poder ser negado a todo aquele que se arrepender” e “muitas delas têm uma cicatriz no coração por essa escolha sofrida e dolorosa”.
Em uma carta de Bergoglio ao monsenhor Rino Fisichella, presidente do Conselho Pontifício para a Nova Evangelização, Jorge Mario Bergoglio explica que “alguns vivem o drama do aborto com uma consciência superficial, quase sem se darem conta do gravíssimo mal de um ato dessa natureza”, mas que muitos outros, por outro lado, o vivem “como uma derrota” porque “acreditam não ter outro caminho por onde ir”.
O Papa fez também disse que o Jubileu dever ser “uma grande anistia” para os presos que buscam se reinserir na sociedade
O Papa acrescenta: “Penso, especialmente, em todas as mulheres que abortaram. Conheço bem os condicionamentos que as levaram a essa decisão. Sei que é um drama existencial e moral. Encontrei muitas mulheres com uma cicatriz no coração por essa escolha sofrida e dolorosa”. Diante dessa situação, Francisco alerta que “o perdão de Deus não pode ser negado a quem se arrependeu” e anuncia que concedeu a todos os padres “o poder de absolver o pecado do aborto a quem o praticou e pede perdão arrependido de coração”.
O Papa fez também especial menção em sua carta aos doentes e aos idosos solitários e disse também que o Jubileu dever ser “uma grande anistia” para os presos que, “mesmo merecendo uma condenação, tomaram consciência da injustiça cometida e desejam sinceramente se integrar de novo à sociedade dando sua contribuição honesta”. Para os presos que decidiram pela reinserção, Bergoglio enviou uma mensagem: “Que a todos eles chegue realmente a misericórdia do Pai que quer estar próximo de quem mais precisa de seu perdão. Podem ganhar a indulgência nas capelas das prisões, e cada vez que atravessarem a porta de sua cela, dirigindo seu pensamento e a oração ao Pai, que esse gesto possa ser para eles a passagem da Porta Santa, porque a misericórdia de Deus, capaz de converter os corações, é também capaz de transformar as grades em experiência de liberdade”.
A carta de Bergoglio termina com um sinal de aproximação aos fiéis que fazem parte da tradicional Fraternidade São Pio X, fundada em 1970 por Marcel Lefebvre e que não concorda com o rumo tomado pela Igreja a partir do Concílio Vaticano II: “Confio que em um futuro próximo possam ser encontradas soluções para recuperar a plena comunhão com os sacerdotes e os superiores da Fraternidade”.
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