12 de outubro de 2018
Karine Rodrigues
Tatiana Paim é da área de geometria diferencial. Concluiu o bacharelado há cinco anos, fez mestrado e agora é doutoranda na Universidade de São Paulo (USP). Há quase uma década, portanto, está imersa em um ambiente matemático, onde, segundo observa, falta diversidade. Mas ela tem motivações para seguir adiante, entrar na docência e abrir brechas. E uma delas está no IMPA.
“Uma coisa que me motiva muito é ver outras mulheres fazendo Matemática. Tem o caso da Carolina Araujo, no IMPA, que é uma mulher trabalhando no instituto mais importante do país, quiçá da América Latina. Então, eu pensei: nossa, dá para chegar lá também”, conta Tatiana.
Pesquisadora premiada e integrante do Comitê para Mulheres em Matemática da União Matemática Internacional (IMU, na sigla em inglês), Carolina já vive a experiência de abrir espaços. Além dos estudos em geometria algébrica complexa, mantém um olhar atento na questão da diversidade de gênero na ciência. Por isso, sabe que as barreiras encontradas podem ser ainda maiores para quem, como Tatiana, é negra.
Os relatos de Tatiana e Carolina estão no minidocumentário Potência N, lançado nesta quinta-feira pela Gênero e Número, que faz jornalismo de dados com foco em questões de gênero. Apoiada pelo Instituto Serrapilheira, a produção reúne entrevistas e uma série de indicadores que revelam como, sob o viés de raça, a diversidade na ciência realizada no país deixa ainda mais a desejar. Segundo o último Censo da Educação Superior (2016), mulheres negras com doutorado não chegam a 3% do total de docentes do país, cenário que se torna mais crítico na matemática.
Para realizar a produção, a Gênero e Número acompanhou por mais de uma semana, 20 matemáticas negras, que, a convite do Encontro Mundial para Mulheres em Matemática (WM)², participaram do evento sobre pesquisas acadêmicas e questões de gênero, e do Congresso Internacional de Matemáticos (ICM 2018). Realizado pela primeira vez em um país do Hemisfério Sul, o evento reuniu pesquisadores de 114 países, em agosto, no Riocentro. Diretor-geral do IMPA, Marcelo Viana presidiu o Comitê Organizador do ICM.
Além de Tatiana e Carolina, que foi coorganizadora do (WM)², o minidocumentário conta, entre outros entrevistados, com Marie Françoise Ouedraogo, presidente da African Women Mathematical Association, e Manuela Souza, pesquisadora da Universidade Federal da Bahia. Assim como Carolina, a baiana também foi fonte de inspiração. Confira no Potência N.
Nenhum comentário:
Postar um comentário