Temas como feminismo são abordados no coletivo 'Minas no Skate', que quer levar direitos iguais para as mulheres nesse esporte.
Por Marcella Gasparete* , G1 MG — Belo Horizonte
30/08/2018
“Por exemplo, se tem uma equipe com 4 pessoas, porque uma delas não pode ser uma mulher?”, questionou Stephane Brisa, empresária de 29 anos, uma das fundadoras do coletivo Minas no Skate, projeto mineiro que promove e incentiva a prática do skate feminino e o estilo de vida skateboard, valorizando o esporte e a cultura urbana.
Além de Stephane, o grupo surgiu com a ajuda de Catarina Reis, Lorena Fernanda e Andrezza Maris, no final de 2015, por meio de um grupo de amigas que praticavam o esporte e queriam combinar alguns “rolês”. A empresária explicou que quando coletivo surgiu, não tinha nenhum apoio ou incentivo, mas a causa foi crescendo e chamando adeptos.
“O skate ficou um tempo estagnado e não tinha muitas meninas que faziam parte disso. Mas nos últimos 5 anos, teve mais interesse das garotas nesse meio. Acho que foi um pouco de influência das redes sociais. Começamos a seguir as moças gringas andando e seu estilo de vida. O skateboard e hip hop, e toda a cultura de rua, tem grande valor nos Estados Unidos, por exemplo”, explicou Stephane.
Depois de conhecer meninas que queriam competir, foi criado um grupo no facebook para entrar nos campeonatos. De acordo com Stephane, as garotas não participavam de torneios na capital mineira. “Eles falavam que não tinha número, mas, na verdade, os organizadores não tinham interesse. Se alguma mulher destacava, ela tinha que competir com os amadores. A gente já chegou a ouvir muitos comentários machistas”, lembrou.
Após campanhas e divulgações do coletivo, começou a surgir as categorias femininas, entretanto, a premiação não era justa. Stephane contou que quando mais o grupo crescia, maior era a inclusão das meninas nas provas e mais faziam pressão para as “minas” na pista terem mais visibilidade.
O grupo faz anualmente um evento gratuito do encontro Minas no Skate. No dia, abrem uma escolinha para incentivar as meninas que tem interesse, promovem debates, rodas de conversa e competições. O coletivo cresceu tanto que hoje já tem espaço no Rio de Janeiro, São Paulo e Bahia. Atualmente, cerca de 60 meninas já participam do “crew” na capital mineira. Duas skatistas estão na pré-seletiva nacional para as Olimpíadas de 2020, Lorena Fernanda, na categoria Street, e Fernanda Leite, na categoria Bowl. Ainda há a campeã brasileira Master, Janaina Renata.
“Acho que por isso que o skate é mais que só andar, tem todos esses movimentos sabe? Acaba sendo um estilo de vida urbano também”, disse Stephane.
*Estagiária sob supervisão de Eduardo Vallim
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