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quinta-feira, 10 de janeiro de 2019

O cérebro pode ser domado como o corpo. Existem exercícios para adquirir confiança e controlar o estresse e as emoções

PODE SER um garoto qualquer da periferia, de família desestruturada, criado nas humilhações da vida em uma sociedade profundamente preconceituosa, com uma alimentação pobre, os dentes estragados, o dia na rua chutando bola.
Quinze anos depois, milhões de telespectadores estão à beira de um ataque de nervos com os olhos e alma cravados nele, uma escultura perfeita adornada com um diamante de mais quilates que a idade de sua orelha e um penteado brilhante como sua Ferrari. Final de um grande torneio, cobrança de pênaltis. As arquibancadas explodem em gritos e insultos, os figurões se agarram ao dinheiro, uma enorme quantia depende desse chute; seus companheiros cobrem a cara para não vê-lo. Ninguém gostaria de estar em seu lugar. O garoto da periferia avança firme e cabisbaixo em direção ao ponto exato. Ali está sozinho com a bola diante do abismo do gol. Tudo ao seu redor está desconjuntado, menos sua cabeça, uma máquina fabulosa que ordena executar sobre a bola a força e o efeito exatos que enfraqueçam o formidável goleiro. E balança a rede. Ou não. Isso é o de menos agora. Aqui importa o poder psicológico, a força mental que se apresenta para cobrar esse pênalti decisivo. O caminho de anos de treinamento físico e mental percorrido por um garoto ou uma garota qualquer até chegar à elite.
As grandes vitórias são psicológicas. Isso sabe muito bem Rafael Nadal, muitas vezes fisicamente destroçado na quadra da qual saiu campeão graças a sua formidável cabeça. Muito poucos nascem com qualidades físicas ou mentais extraordinárias, mas, com um bom treinamento, quase todos podemos ser excelentes em nossas qualidades; sem ele, nem o mais virtuoso se destaca.
Um dos melhores escultores de cérebros é o autor do livro El Entrenador Mental, Juan Carlos Álvarez Campillo, psicólogo especialista em liderança e treinamento dos melhores atletas e altos executivos da Espanha. Com eles, trabalha três elementos essenciais: autoconfiança, controle do estresse e gerenciamento de emoções para alcançar seus objetivos.




Como treinar a mente para administrar a ansiedade


Os exercícios para treinar esses poderes são simples, mas, como em todo treinamento, é preciso começar de baixo, sem forçar, e diariamente. "Tudo se aprende. A mente pode ser treinada como o corpo, e há exercícios para isso, como há para chutar pênaltis", explica Campillo. Para alcançar um objetivo, é preciso recordar realizações do passado, fixar-se nos desafios superados ao longo da vida. Isso reforça um pensamento essencial: "Eu sou bom. Eu posso fazer isso". Assim se conquista a autoconfiança. Depois é preciso treiná-la com pequenas metas de curto prazo, coisas de muito pouca dificuldade que não admitam desculpas e criem um hábito. Graças à plasticidade de nosso cérebro, isso gera conexões neurais que reforçam a ideia de que somos capazes.
É importante afastar as ideias que destroem este trabalho: não vai dar certo, não tenho tempo ... "Nós temos um sabotador interno que, quando a gente se descuida, começa a minar a confiança", alerta Campillo, "e é necessário desativá-lo sem tentar evitar o pensamento, porque isso é impossível. Você tem que trabalhar nisso e se convencer de que esse não é você em seu melhor estado, que outras vezes você demonstrou que pode. Voltar a si, ao que você realmente é, ignorando essas ideias ou as opiniões dos outros. Concentrar-se na sua meta, observar suas conquistas e confiar em seu trabalho e seu talento. Porque esses pensamentos geram muitíssimo estresse, e neutralizá-los fortalece a confiança e mantém longe essa tensão”.
O controle da pressão e da ansiedade é outra força essencial. Essa habilidade é obtida à base de exercícios respiratórios, concentração e relaxamento. A atenção plena, estar concentrado na bola e não nas arquibancadas, pensar no aqui e agora, e não nas circunstâncias que nos rodeiam. O estresse é a resposta do organismo à antecipação do futuro imaginado como ameaçador. Por isso, é importante focar no presente e visualizar apenas as realizações futuras, nunca erros, experimentando como alguém se sentiria nesse momento de êxito.


A administração da pressão e da ansiedade pode ser conseguida à base de exercícios de respiração, concentração e relaxamento

E o aqui e agora implica administrar um fator importante na psicologia: detectar o que pode e o que não pode ser controlado e concentrar-se em trabalhar no primeiro. "Ninguém pode controlar o resultado de um jogo, mas pode, sim, chegar descansado, bem alimentado, em forma, com boas relações com os companheiros de equipe e em seu relacionamento amoroso, e confiando em seu talento", explica Campillo.
Comer bem, descansar, manter relacionamentos emocionais satisfatórios ... Isso deve ser trabalhado todos os dias, como se faz com o bíceps, com base no hábito. Mas você não pode manter essa disciplina sem o grande motor: a motivação. "É preciso visualizar para poder sentir como seria conseguir algo que nos faça vibrar, nos faça feliz, e uma vez que no conectemos com isso, imaginando-nos lá, já temos a motivação. A partir desse momento, é necessário planejar os passos para, pouco a pouco, chegar lá ", aconselha o treinador.
“Se essa meta vai ser alcançada ou não, ninguém sabe. Mas é certo que com esse treinamento chega-se ao máximo que cada um pode dar”, garante Campillo. Afinal, trata-se disso, de viver com desafios e esperanças, de remar a nosso favor e ganhar o troféu de ser a melhor versão de si mesmo.

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