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sábado, 16 de março de 2013


Sobre bananas e armas

Renata Neder

Você sabia que o comércio internacional de bananas é mais regulamentado que o de armas? Parece piada, mas é verdade.

Armas são produtos perigosos, altamente letais, projetados para matar pessoas. Mas seu comércio não é muito regulado ou controlado. Incrível, não acham? Algo com tal potencial para matar deveria ser severamente regulado. Mas não é. E isso tem graves consequências.
Uma pessoa morre a cada minuto em decorrência de conflito ou violência armada. Estima-se que em torno de meio milhão de pessoas morrem todo ano por arma de fogo. Muitos outros morrem porque não têm acesso a saúde, alimentação, água potável, e outros bens básicos, porque estão presas em meio a conflitos armados.
Uma guerra, afinal, tem outros impactos além da morte daqueles que estão diretamente no conflito. Um país em guerra geralmente tem problemas de produção e abastecimento de alimentos, de distribuição de água potável, de acesso a serviços de saúde e medicamentos. O que leva a outras tantas mortes.
Na República Democrática do Congo, estima-se que mais de 5 milhões de pessoas já morreram – indiretamente – por causa do conflito armado que se instaurou no país desde 1998. As mulheres são particularmente afetadas por essas situações de conflito armado. O estupro é mais uma tática de guerra aplicada massivamente em muitos casos.
Mas, afinal, quem é o responsável por essa situação? Uma informação interessante é que os cinco membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU (EUA, Rússia, China, França, Reino Unido) são os países que mais comercializam armas no mundo. E esse é um negócio bastante lucrativo. Em 2012, comércio internacional de armas movimentou algo em torno de 100 bilhões de dólares.
Um negócio letal, extremamente lucrativo, mas insuficientemente regulado.
O que pode ajudar a mudar esse cenário é o Tratado Internacional de Armas. Ele pode regular melhor o fluxo internacional de armas, de forma a reduzir o sofrimento causado por elas. Na próxima semana, entre os dias 18 e 28, esse tratado estará em negociação nas Nações Unidas.
Doze bilhões de balas – munição – são produzidas todo ano. É quase o suficiente para atirar duas vezes em cada ser humano no planeta. Mas no comércio internacional, estão mais preocupados em regulamentar as bananas… Isso parece certo?

* Renata Neder é assessora de Direitos Humanos da Anistia Internacional no Brasil.

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