Estados Unidos iniciam o processo de recrutamento de mulheres para postos de combate
YOLANDA MONGE
Washington 5 MAR 2016
Rob O'Neill diz que lhe parece perfeito que as mulheres norte-americanas possam entrar em combate. Ele sabe do que fala. Afinal, é o homem que garante ter matado Osama Bin Laden como parte do grupo de Navy Seals que acabou com a vida do chefe da Al-Qaeda em 1.º de maio de 2011 no Paquistão.
O’Neill foi entrevistado há poucos dias por um jornalista da rede de TV Fox a respeito da entrada em vigor, no início deste ano, da norma que permite que as mulheres possam participar de qualquer unidade de combate militar dos Estados Unidos. Como disse o secretário de Defesa norte-americano, Ash Carter, “não podemos nos dar ao luxo de amputar metade do talento do país”.
Stuart Varney, do programa Varney & Co., parecia não sair de seu assombro com a categórica resposta de O’Neill, por isso insistiu. “Você está me dizendo que se sente perfeitamente à vontade diante da ideia de entrar em uma situação de vida ou morte com uma mulher a seu lado?”, perguntou Varney, arregalando ainda mais os olhos. “Disseram-me que isso muda muito a dinâmica do grupo”, acrescentou.
A resposta de O’Neill foi, no mínimo, original. “Pelo que sei, os jihadistas não temem a morte, mas temem ir para o inferno – e se matam uma mulher, vão direto para o inferno”, explicou. “Assim, como eu digo, ‘senhoras, preparem suas armas’ [lock and load]”, declarou O’Neill, parafraseando John Wayne no filme Iwo Jima – O Portal da Glória (1949).
A administração militar está iniciando o processo de recrutamento de mulheres para postos de combate, até mesmo na unidade de elite Navy Seals, segundo os novos planos apoiados por Carter, aos quais teve acesso a agência Associated Press.
Acabou o ‘só homens'
A inclusão das mulheres em qualquer unidade de combate militar significa o fim do “só homens” que, por exemplo, exibia com orgulho o corpo de marines (fuzileiros navais), onde está sendo mais difícil romper com o passado. A Marinha confirmou que está recebendo solicitações de candidatas aos Navy Seals e poderia aceitá-las em um primeiro nível de treinamento em setembro e outubro. Mas, como o processo é longo, nenhuma mulher estará combatendo nas trincheiras antes de maio de 2017.
Todos os ramos das Forças Armadas tiveram de fazer mudanças, algumas tão básicas como adaptar os banheiros ou outras instalações para que possam ser usadas por mulheres, ou para que levem conta problemas médicos concretos desse gênero.
O risco de acosso ou ataque sexual também está sendo estudado.
Todos esses planos estão sendo analisados por altas hierarquias do Pentágono, mas não são públicos. O que não será alterado é o treinamento. Os padrões para as mulheres serão os mesmos que para os homens. Por essa razão, O’Neill não vê problema em lutar ombro a ombro com uma mulher. “Se ela puder superar o treinamento dos Seals”, que o condecorado militar qualificou como o treinamento militar mais duro do mundo, “estará preparada”.
Para as mulheres que estiverem pensando em fazer carreira no corpo de elite, é importante saber que até mesmo antes de ser consideradas candidatas elas têm de passar por uma série de provas físicas, entre estas a de fazer 100 flexões durante 2 minutos; 100 abdominais no mesmo tempo; nadar 500 metros em menos de 10 minutos ou correr 2,4 quilômetros em 9,30 minutos. Nota: corre-se com calças e botas.
Essa é apenas uma parte do exame de entrada. Cerca de 75% dos homens que o iniciam jogam a toalha na primeira fase. No ano que vem haverá cifras de mulheres.
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