"As mochileiras assassinadas no Equador, para os meios massivos de comunicação, "viajavam sozinhas". Eram duas mulheres, maiores de idade, viajando juntas. Entretanto, estavam "sozinhas". Sozinhas de quê? Quem faltava? Eram duas. Mas como nasceram mulheres, ser duas não foi suficiente. Para não estarem "sozinhas", algo lhes faltava... Adivinhem o quê." (Mariana Sidoti)
Na última segunda-feira, dia 29 de fevereiro, duas turistas Argentinas foram assassinadas no Equador, onde estavam de passagem a caminho do Peru, em uma viagem de férias. Estas não estavam sozinhas, tinham uma à outra e, ainda assim, morreram brutalmente em mais dois estúpidos feminicídios.
Há um mês atrás falamos sobre a tal coragem necessária para uma mulher viajar sozinha (http://thinkolga.com/2016/02/03/mas-voce-vai-sozinha). Queremos não apenas viajar sem homens, mas andar e sair à noite sem homens, viver uma vida inteira sem homens e continuar vivas, não violadas, sem traumas, sem medo.
É uma vergonha, enquanto sociedade, admitirmos que uma mulher sozinha é presa fácil. Especialmente quando a regra é acobertar os predadores. "Tem que ter cuidado", "Tem muito maluco por aí", "Se der mole, já era!". E, assim, nos desgastamos, morremos e somos privadas das liberdades mais simples para evitar uma violência que simplesmente não é combatida.
Não aceitamos mais esse "É assim mesmo...". Não é. Queremos existir sozinhas, desacompanhadas, sem que isso seja um risco. Toda nossa solidariedade para as famílias da Marina Menegazzo e da María José Coni, as mais recentes vítimas que o machismo estampou nos jornais mundo afora.
Think Olga
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