Faculdade de Ciências Médicas da UnicampEnviado por Edimilson Montalti em ter, 11/06/2019
As taxas de morte por suicídio em Campinas mais que triplicaram entre 1990 e 2017, indo de 1,7 para 5,6 pessoas por 100 mil habitantes. Enquanto em 2000 os suicídios respondiam por apenas 3,7% dos óbitos por causas externas, em 2017 eles correspondiam por 10,8% dessas mortes. O enforcamento corresponde a 58,9% dos meios mais utilizados nos suicídios que ocorreram em Campinas entre 2010 e 2017. Os outros meios mais frequentes são autointoxicação/envenenamento (12,8%), arma de fogo (10%) e precipitação de lugar elevado (8,9%).
Esses dados fazem parte do primeiro Boletim sobre o tema do suicídio publicado pelo Centro Colaborador em Análise de Situação de Saúde (CCAS) do Departamento de Saúde Coletiva da Faculdade de Ciências Médicas (FCM) da Unicamp em parceria com o Departamento de Vigilância em Saúde da Secretaria Municipal de Saúde de Campinas. Veja aqui a versão impressa da edição nº 57 do Boletim sobre mortalidade por suicídio.
Esses dados fazem parte do primeiro Boletim sobre o tema do suicídio publicado pelo Centro Colaborador em Análise de Situação de Saúde (CCAS) do Departamento de Saúde Coletiva da Faculdade de Ciências Médicas (FCM) da Unicamp em parceria com o Departamento de Vigilância em Saúde da Secretaria Municipal de Saúde de Campinas. Veja aqui a versão impressa da edição nº 57 do Boletim sobre mortalidade por suicídio.
“A tendência de enforcamento entre os meios utilizados foi crescente entre 1996 e 2017, ocorrendo o inverso com o uso de arma de fogo, que caiu de 26,6% no final da década de 1990 para 10% no período de 2010 a 2017 (tabela 1). Nas mulheres, comparativamente aos homens, são mais altos os percentuais de uso de autointoxicação/envenenamento e de precipitação de lugar elevado”, diz Margareth Guimarães Lima, pesquisadora do CCAS. (figura 6).
O boletim aponta ainda que a taxa de suicídio dos homens é 4,4 vezes superior à das mulheres e que as taxas neste sexo aumentam com a idade até a faixa de 40 a 59 anos, sofrendo uma pequena queda na faixa etária dos 60 anos em diante. Já entre as mulheres, as taxas de suicídio aumentam com a idade, apresentando os maiores valores entre as idosas.
Sofrimento psíquico e suicídio
Além de dados sobre mortes por suicídio, o Boletim traz também informações sobre tentativas de suicídio e sobre a prevalência de alguns indicadores de sofrimento psíquico na população de Campinas. Dados do SISNOV/SINAN revelam que de 2015 a 2017 foram notificadas 868 tentativas de suicídio de moradores de Campinas.
A maior taxa de tentativas ocorreu nos adolescentes de 15 a 19 anos, nos quais atingiu 59,9 por 100 mil habitantes. As taxas de tentativas de suicídio são mais elevadas nas mulheres em todas as faixas de idade, sendo as maiores diferenças entre os sexos observadas nas idades abaixo de 20 anos (figura 9).
“O suicídio é um fenômeno complexo com muitos fatores biológicos, psíquicos, culturais e sociais interagindo. É relacionado com sofrimento psíquico insuportável. A presença de doença mental, em especial de depressão e de abuso de droga e álcool, história de abusos físicos na infância e a presença de um componente de impulsividade/agressividade, são condições comumente associadas ao suicídio, além de possível contribuição genética”, explica Marilisa Berti de Azevedo Barros, coordenadora do CCAS e docente do Departamento de Saúde Coletiva da FCM.
Inquérito de saúde realizado com amostra representativa da população do município de Campinas (Projeto ISACamp 2014/2015) produziu, entre outros dados de saúde, informações sobre alguns indicadores de sofrimento psíquico.
Esses dados revelam que, nos 30 dias anteriores à entrevista, entre os moradores com 18 anos ou mais, 21,7% relataram ter se sentido tristes; 12,7% que haviam chorado mais do que de costume; 11,0% que tinham perdido o interesse pela vida e 3,4% que haviam tido ideia de acabar com a vida. Os dados da pesquisa mostraram ainda que 6,2% dos moradores relataram sentir-se desanimados e deprimidos sempre ou quase sempre nas quatro semanas prévias à entrevista. Esses indicadores mostraram-se mais prevalentes no sexo feminino com exceção de “perda de interesse pela vida”, comenta Margareth.
“Embora o suicídio e o comportamento suicida sejam eventos complexos, multifatoriais e ainda não completamente entendidos, existem estratégias de prevenção com eficácias já comprovadas. Entre as medidas recomendadas, é destacada a iniciativa de redução de acesso aos meios, como do acesso a armas de fogo e a substâncias tóxicas. Dada a forte associação do suicídio com transtorno depressivo e outros transtornos psíquicos e considerando que o risco de suicídio é 100 vezes maior nas pessoas que já tentaram se matar, é essencial o acompanhamento cuidadoso desses pacientes pelos serviços de saúde”, reforça Marilisa.
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