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domingo, 30 de novembro de 2014

Combate à violência de gênero exige reconstrução de modelos

Mesa de abertura do evento
Mesa de abertura do evento


27/11/2014
Texto
Guilherme Gorgulho
Gabrielle Albiero
Imagens
Antônio Scarpinetti
Edição de Imagens
Paulo Cavalheri

O primeiro dia do II Fórum sobre Violência contra a Mulher: Múltiplos Atores deu destaque, nesta quinta-feira (27), aos questionamentos sobre o conceito tradicional de masculinidade na sociedade contemporânea e à necessidade de desconstrução desse modelo como instrumento essencial para o combate à violência de gênero. 

Além das diferenças biológicas entre homens e mulheres, o que diferencia o feminino do masculino é a condição de gênero, que compreende aprendizados, vivências e todo um histórico sociocultural, explicou a socióloga Eva Alterman Blay, professora da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da Universidade de São Paulo (USP). 

Público acompanha evento“A condição de gênero é algo que foi construído. Portanto, o que você constrói você pode reconstruir, modificar. Do ponto de vista sociológico, temos que buscar meios de reconstruir essas relações e mostrar como isso pode nos levar a uma convivência mais humana, mais pacífica, com mais harmonia nas relações sociais de gênero”, apontou Eva Blay, que há cinco décadas milita na causa feminista.

O psicólogo Alexandre Coimbra Amaral, terapeuta de família e de comunidades, abordou em sua palestra a temática da “paternidade sólida”, que ele considera um movimento contracultural que busca fugir das relações afetivas imediatistas, a partir de uma “revolução íntima” do gênero masculino.

“Há um novo homem se forjando e nascendo, muito diferente daquele antigo, mas que ainda não está visível”, defendeu Amaral, pontuando que esse “novo homem”, apesar das mudanças, quer continuar sendo visto como homem. Segundo o psicólogo, esse modelo é oposto àquele da “cultura do patriarcado”, que associa o masculino à intolerância às diferenças, à desvalorização do ambiente doméstico e ao embotamento afetivo. 

“Quando se fala em modelo de masculinidade, não existe apenas um, existem vários modelos, mas a sociedade coloca apenas um. Muitas dessas violências ocorrem por não se alcançar esse modelo hegemônico de masculinidade”, disse o filósofo Sérgio Flávio Barbosa, professor de Filosofia e Sociologia das Faculdades Metropolitanas Unidas (FMU).

Atuando desde 2011 como deputada na Assembleia Legislativa de São Paulo, a cantora e compositora Leci Brandão fez uma palestra sobre os direitos da mulher durante o fórum. Leci, que foi reeleita neste ano para um novo mandato, enumerou as diversas formas de violência que a mulher sofre na sociedade brasileira, como as agressões praticadas por companheiros, os abusos sofridos por trabalhadoras do lar, o assédio moral contra as operadoras de telemarketing, os abusos e assédios contra as usuárias de transporte público e as violências praticadas por alunos contra professoras da rede pública.

Outro ponto destacado pela deputada foi o desrespeito às gestantes no atendimento da rede de saúde pública. “Sobre a questão da violência no parto, o que as mulheres escutam de médicos e enfermeiros é uma coisa horrível e constante. Com a mulher negra é ainda pior”, lamentou. “Eu ouvi relatos de que existem médicos que dizem ter nojo de colocar as mãos em pessoas negras.”

Leci Brandão fala sobre os direitos da mulherCriticando a falta de assistência às vítimas de violência em São Paulo, a parlamentar cobrou a implantação de delegacias de defesa da mulher em todos os municípios paulistas e a criação de uma secretaria estadual exclusivamente voltada aos direitos da mulher. “É uma violência o Estado de São Paulo não ter uma Secretaria da Mulher”, declarou, lembrando o protagonismo paulista em várias outras esferas. Para ela, a criação dessa pasta permitiria expandir as delegacias especializadas a todas as 645 cidades paulistas. “As mulheres não têm onde reclamar, principalmente nos finais de semana, quando as delegacias não funcionam.”

II Fórum sobre Violência contra a Mulher: Múltiplos Atores continua nesta sexta-feira no Centro de Convenções da Unicamp. O evento é uma realização do Fórum Pensamento Estratégico (PENSES), um espaço acadêmico, vinculado ao Gabinete do Reitor, responsável por promover discussões que contribuam para a formulação de políticas públicas voltadas ao desenvolvimento da sociedade em todos os seus aspectos.

UNICAMP

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