Valter Camilo Júnior
Co-Fundador do Puta Letra.
Publicado: 21/11/2014
Como explicar para as pessoas que maximizar as penas não é uma solução para a criminalidade.
Volta e meia alguém me pergunta se as penas no Brasil não são demasiadamente brandas. "Ninguém aguenta mais essa violência infernal", eles resmungam.
Com a sutileza de um mamute, respondo que não, e, para botar lenha na fogueira, pergunto: por que é que você não está cometendo crimes? O processo dialético é incrível. Geralmente o sujeito me olha de lado e não pensa duas vezes. "Se eu cometer crimes, serei punido".
Mas sou persistente: e se disserem nesse exato momento que não existem mais penas, seja lá qual for o crime? Você entraria em um supermercado para roubar mantimentos? Mataria o vizinho barulhento? Estupraria a colega de trabalho? Após um longo silêncio a maioria responde que não, inexistem motivos para fazê-lo.
Um tanto quanto contraditório. Acontece que muita gente pensa que a pena resolve o problema da criminalidade e nem sempre é tão simples demonstrar o equívoco. O crime é consequência de uma série de fatores e muito dificilmente será extirpado do mundo.
Existe, todavia, uma dúzia de boas razões para não cometer crimes. Para ficar com um exemplo basta lembrar os ensinamentos de Kant sobre o imperativo categórico. Tratar as pessoas sempre como um fim, nunca como meio. Então, antes de militar pelo aumento das penas, questione-se sobre os motivos pelos quais você não está cometendo crimes.
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