Publicado em dom, 16/11/2014
Aconteceu neste fim de semana o 2º Encontro das Mulheres Atingidas por Barragens no Xingu. A atividade reuniu mulheres militantes do MAB em Altamira, algumas já realocadas para o “reassentamento” urbano e outras que ainda vivem nas áreas alagadiças.
Aconteceu neste fim de semana o 2º Encontro das Mulheres Atingidas por Barragens no Xingu. A atividade reuniu mulheres militantes do MAB em Altamira, algumas já realocadas para o “reassentamento” urbano e outras que ainda vivem nas áreas alagadiças.
Na atividade, as mulheres discutiram as principais violações de direitos que a construção da hidrelétrica de Belo Monte tem perpetrado contra as mulheres. A perda dos laços comunitários, a prostituição e a violência foram temas bastante discutidos.
“Antes quem cuidava dos meninos quando eu saía era a minha vizinha de frente, agora no reassentamento estamos distante“, relatou uma das participantes. “A Norte Energia colocou a mulher bem de frente à casa do homem que matou o filho dela [no reassentamento]. Um dia ela saiu pra escovar o dente e deu de cara com assassino do filho”, relatou outra.
No momento, uma das principais preocupações das mulheres é a garantia do direito à moradia, pois a Norte Energia, dona de Belo Monte, está negando o direito ao reassentamento para inúmeras famílias. “O maior problema aqui é o direito a uma moradia digna”, afirmou a pescadora Raimunda. “A Norte Energia já afirmou que pretende retirar todas as famílias até março de 2015, porém ‘todas’ para a empresa não é a mesma coisa que ‘todas’ para nós. Muita gente corre o risco de perder tudo”, afirmou Edizângela, militante do MAB.
As atingidas retrataram as violações de direitos das mulheres na construção de barragens através de uma técnica de bordado chamada arpillera. A técnica é oriunda do Chile e lá as mulheres a utilizaram para retratar cenas da repressão durante a ditadura, além de fomentar a resistência. “A arpillera é um instrumento de denúncia, luta e resistência. Estamos resgatando esse sentido no trabalho de organização das mulheres atingidas”, afirmou Cleidiane, militante do MAB.
Além do Xingu, as atingidas por barragens organizadas no MAB estão realizando encontros e construindo arpilleras em todas as regiões do Brasil.
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