Regina Navarro Lins
Comentando o “Se eu fosse você''
A questão da semana é o caso da internauta cujo marido fica com todo o salário dela. Ela não tem dinheiro para comprar nada sem pedir a ele. No início da relação aceitou isso, mas agora quer que seja diferente e teme dizer a ele.
Ao ler seu relato, a primeira pergunta que nos vem à cabeça é: “Por que a internauta aceitou entregar todo o seu salário ao marido?'' Alguns sugerem que ela converse francamente com ele e diga a verdade: que não quer mais que ele administre o seu dinheiro.
Mas não é tão simples. A mentalidade do século 19 deixou marcas em muitas mulheres. Naquela época, a mulher deveria ter como características de personalidade a modéstia, a virtude, a doçura.
Na relação com o homem deveria ser mansa, gentil, suave e submissa. Presumia-se então que ela tinha de ser fraca, temerosa, ansiosa por ser amparada e dominada por um tipo robusto de homem. Assim, ela foi desenvolvendo características de dependência absoluta do marido.
Todas essas virtudes já estavam incorporadas no estereótipo da boa dona de casa, que raramente saía e centralizava as atenções sobre o círculo familiar. Na Alemanha, suas três funções na vida tornaram-se um estereótipo: kinder, Küche, Kirche – filhos, cozinha e igreja.
Apesar de o movimento feminista da década de 60 ter feito com que grande parte das mulheres se rebelassem contra o eterno papel de donas de casa e mães, e as exigências práticas da vida não mais permitirem que elas se escondam sob a proteção do pai ou marido, para muitas a liberdade assusta.
Além de terem acreditado que são frágeis e, portanto, necessitam da proteção do homem, as que se sentem capazes, com frequência, temem desapontar as expectativas do marido.
Há algumas décadas as mulheres exigem igualdade de direitos e liberdade sexual. A fronteira entre os papéis do homem e da mulher estão se dissolvendo. E isso é ótimo. Quanto mais as pessoas se libertarem dos valores patriarcais (machistas), mais livres e prazerosos vão ser os encontros entre os sexos, inclusive na cama.
Estaremos então caminhando para uma sociedade de parceria entre homens e mulheres, onde não haverá espaço para ninguém ser dominador ou dominado.
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