O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) completa 25 anos nesta segunda-feira, 13 de julho, sob ameaça de descaracterização, em função da redução da maioridade penal de 18 para 16 anos nos “casos graves”, como aprovado recentemente em primeira votação pela Câmara dos Deputados. Um seminário na tarde de hoje, no auditório do Instituto Agronômico, marcou o início de uma campanha em defesa do ECA, promovida pelo Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente (CMDCA) de Campinas.
Auditório do Instituto Agronômico ficou lotado no seminário ECA 25 anos (Fotos José Pedro Martins) |
Maria José Geremias observou que, apesar dos avanços já obtidos, o Estado brasileiro ainda não garantiu o que o ECA prevê em defesa da cidadania integral da criança e do adolescente. “Ainda não há orçamento específico definido para a criança e do adolescente, assim como não há vagas suficientes para todas as crianças nas escolas e na creches, e também não há atendimento em saúde e habitação para todos”, salientou.
Diante disso, a presidente do CMDCA de Campinas sustentou que “não há como discutir a redução da maioridade penal, se todos os direitos das crianças e adolescentes não estão ainda assegurados”.
O promotor público Rodrigo Augusto de Oliveira, da Promotoria da Infância e da Juventude de Campinas, se manifestou contrário à redução da maioridade penal. Ele salientou que há um desconhecimento em relação ao que estipula o Estatuto da Criança e do Adolescente “O ECA estabelece medidas punitivas e em casos extremos até de privação de liberdade”, lembrou.
Maria José Geremias: Estado brasileiro ainda não garantiu todos direitos das crianças e adolescentes |
O que não pode acontecer, defendeu o promotor, é “levar o ECA para um sistema penal falido, levando jovens para as prisões”, quando o contrário seria “trazer o sistema penal para o que o ECA significa em termos de avanços”. O jovem infrator, atingido pelas medidas socioeducativas previstas no ECA, “é preparado para a ressocialização, pois ele passa por ações educacionais e sociais, assim como há um trabalho com sua família”. Mas isto não aconteceria se o jovem fosse para o sistema penal, “embora a Lei de Execuções Penais também preveja medidas de ressocialização, que no entanto estão longe de ser cumpridas”.
Para o promotor, o que pode estar em jogo é “o novo paradigma que o ECA trouxe, considerando a criança e o adolescente como sujeitos de direitos”, ao contrário do que previa o Código de Menores anteriormente vigente. Com a nova Constituição, de 1988, e o ECA, de 1990, acrescentou, o Brasil foi o primeiro país a incorporar na legislação a Doutrina da Proteção Integral, consagrada internacionalmente com a Convenção dos Direitos da Criança, de 1989.
Promotor Rodrigo Augusto de Oliveira destacou que o ECA estabeleceu “um novo paradigma” na área da infância e juventude |
Agência Social de Notícias
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