23
jul
2015
No primeiro semestre desse ano uma pesquisa detalhada foi realizada em 125 processos que tramitaram na 7ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça do Estado do Rio Grande do Sul.
A pesquisa que envolveu 134 réus e 148 vítimas de crimes sexuais, revela que a grande maioria dos delitos é de abuso sexual (76%) e maior parte deles (86%) tem como vítimas meninas entre 9 e 14 anos de idade.
Outra confirmação da pesquisa é que o agressor é na maior parte das ocorrências (29%) um conhecido da vítima. Segundo o Desembargador do Tribunal de Justiça gaúcho José Antônio Daltoé Cezar, que atuou em 75% dos processos da pesquisa, o fato pode inibir ou retardar as denúncias.
“O que a doutrina fala sobre isso, denomina-se síndrome do segredo, e certamente determina que muitas denúncias deixem de ser realizadas. Segundo estimativas mundiais, cerca de 90% dos fatos não são notificados. Dos 10% restantes, alguns levam anos, até mesmo décadas, como no caso da Xuxa”, destaca.
Entretanto, o Desembargador tem a impressão que os números de denúncia contra o abuso sexual vêm aumentando significativamente, pois esse tipo de violência na infância (sexual) tem obtido maior atenção da mídia e do poder público.
De acordo com o relatório, os números de condenação estão bem superiores aos de absolvição (76% das sentenças foram condenatórias em 1º grau), o que indica um avanço em relação aos anos anteriores. “Percebo uma melhor compreensão do fenômeno, por parte de todos profissionais que atuam na sua avaliação – juízes, promotores de justiça, advogados, policiais, médicos, psicólogos, assistentes sociais, conselheiros tutelares, professores, etc – o que viabiliza que o fato seja apurado com maior profissionalismo e presteza”, ressalta Daltoé.
A expectativa do Desembargador é que a rede de atendimento, bem como a rede de persecução penal, atuem com mais efetividade e profissionalismo junto a crianças e adolescentes nos próximos anos. Ele enfatiza a importância de “minorar os efeitos do crime praticado, e não promover uma revitimização secundária. O Depoimento Especial é um belo exemplo disso.”
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