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domingo, 26 de julho de 2015

Violência sexual e tráfico humano se alastram após terremoto no Nepal

24.07.2015
Autoria Murali/ Krishnan / Gabriel Dominguez (av)
Na esteira de grandes catástrofes, é comum aproveitadores visarem grupos sociais mais vulneráveis. Após tremor, mulheres e crianças nepalesas são vítimas de estupro e exploradas na prostituição e no trabalho infantil.
É época de monções no Nepal, e há semanas chove a cântaros. Muitos ainda se encontram em abrigos de emergência. Milhares de sobreviventes vivem em tendas desde o catastrófico terremoto do fim de abril, enquanto outros pernoitam ao ar livre.
O abalo sísmico de 7,8 graus na escala Richter matou ao menos 9 mil pessoas no Nepal e destruiu meio milhão de casas. Segundo estimativas das Nações Unidas, 8 milhões de pessoas foram atingidas pelo desastre – o equivalente a um terço da população do país.
Enquanto muitos ainda enfrentam os efeitos imediatos do tremor, sobe o número de agressões sexuais nos abrigos improvisados, sobretudo contra meninas e mulheres que perderam as famílias. Num campo de refugiados em Kavre, a cerca de 60 quilômetros da capital Katmandu, houve vários registros de assédio sexual e estupros.
"Os agressores vieram da localidade vizinha, estavam bêbados e logo ficaram violentos", conta Preeti Khasla, uma das vítimas. Nas últimas semanas, com outras companheiras de abrigo, ela formou uma espécie de associação de proteção, com o objetivo de defenderem as outras mulheres do acampamento e a si mesmas, mantendo longe os invasores.
Exploração dos mais fracos
Muitas nepalesas sofrem o mesmo destino de Khasla, sobretudo nas regiões rurais e de difícil acesso. O perigo é especialmente grande para centenas de milhares de crianças, cuja saúde e bem estar estão ameaçados. O Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) informa que, por falta de perspectivas, um grande número de mulheres e crianças deixa o Nepal para tentar a vida na Índia como prostitutas ou trabalhadores infantis.
Após o terremoto, os traficantes de pessoas colocaram os grupos socialmente mais fracos em sua mira. "A perda de todas as posses e a piora das condições de vida fornecem argumentos aos traficantes para convencerem os pais de que lhes devem entregar seus filhos", diz Tomoo Hozumi, consultor do Unicef para o Nepal. Eles prometem educação, alimentação e um melhor futuro para as crianças, "mas muitas delas são vergonhosamente exploradas".
Muitos nepaleses ainda vivem em abrigos de emergência, 
frequentemente em condições precárias
Em épocas de necessidade extrema, a violência sexual costuma aumentar, uma vez que a administração pública não funciona, o acato à lei e à ordem não é vigiado e as redes sociais se rompem. No Nepal, a situação não é diferente, e os primeiros sinais são alarmantes. Shree Shankar Pradhananga, diretor da sucursal nepalesa da ONG Aldeias Infantis SOS, confirma as notícias de abuso sexual contra crianças e mulheres, geralmente praticado por moradores dos campos vizinhos.
Enquanto isso, Sanjeev Shakia, coordenador da ajuda humanitária do Nepal assegura à DW: "Estamos trabalhando duro para que nossas crianças e mulheres estejam seguras. Claro que é importante fornecer a proteção necessária. Houve muitas notícias de meninas desaparecidas, precisamos pensar em como vamos encontrá-las."
Solo fértil para tráfico humano
Não há dados confiáveis quanto ao número de mulheres e meninas que foram sequestradas após o tremor. Organizações humanitárias internacionais informam que, desde maio, cerca de 250 órfãos foram libertados das mãos de traficantes. Antes, o governo central nepalês decretara que menores de 16 anos só poderiam deixar a localidade natal acompanhados dos pais ou com permissão do juizado de menores competente.
No entanto, a tropa paramilitar Sashastra Seema Bal (SSB), que coleta informações jornalísticas na fronteira de 1.751 quilômetros entre a Índia e o Nepal, deteve 50 meninos e meninos, presumíveis vítimas do tráfico humano. Em junho, 15 traficantes foram presos ao tentar levar ilegalmente adolescentes para a Índia. As autoridades partem do princípio de que eles seriam utilizados na prostituição e para trabalhos forçados.
"Precisamos ficar alertas", comenta o general B.D. Sharma, chefe da SSB. "O controle nas zonas mais críticas foi reforçado." No entanto, após o terremoto, o Nepal oferece solo fértil para traficantes, constantemente em busca de novas vítimas.

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