por Debora Diniz — publicado 23/01/2017
Um dia depois da posse do republicano, milhares de mulheres marcharam com cartazes diversos, mas com uma mensagem única: não nos silenciaremos
No primeiro dia de trabalho como presidente dos Estados Unidos, Donald Trump se preocupou em descrever “os jornalistas como os seres mais desonestos do planeta” e em comparar os números da multidão que acompanhou sua posse com os de Barack Obama em 2009.
Obama teria levado à cerimônia quase o triplo de gente que Trump, mas o novo presidente não acredita em imagens ou estatísticas. Já sobre a marcha das mulheres, Trump se silenciou.
Foram milhares de mulheres em Washington e em vários cantos dos Estados Unidos. A Quinta Avenida em Manhattan foi tomada. Muitas mulheres carregavam cartazes com dizeres simples, mas com mensagem única – não nos silenciaremos.
Para o frio, um gorrinho rosa com orelhinhas de gatinhas, uma criação de um grupo de mulheres comuns bordadeiras de Los Angeles.
O “pussyhat” é uma paródia feminina ao desdém com que Trump nos trata. “Pussy” é tanto a gatinha do gorro, quanto a vagina que o aflige como o macho que fala em guerra com os punhos cerrados em luta.
Não só as mulheres dos Estados Unidos estão em alerta desde o dia seguinte da posse de Trump, mas as mulheres do mundo. Se havia uma sociedade civil acalmada nos anos de Barack Obama, as gigantes se levantaram.
A marcha de Washington foi o primeiro sinal de nossa força. E é preciso entendê-la para além das fronteiras e da história. Na luta pelo aborto, um dos temas inquietantes para a administração conservadora de Trump, foi por meio de marchas que as mulheres exibiram indignação na Alemanha e na França no passado. Vestidas de preto, as polonesas ocuparam as ruas em 2016.
Essa é uma forma feminina e poderosa de fazer política: a de se lançar em multidão para o confronto, ocupando as ruas e exibindo o próprio corpo como território textual.
Cantar, caminhar, anunciar a presença pelo gorrinho rosa marcou uma data na história de Trump como presidente – o dia seguinte em que as mulheres exibiram-se como vão resistir: unidas.
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