por Djamila Ribeiro — publicado 25/01/2017
Vocalistas do grupo As Bahias e a Cozinha Mineira criam campanha para ampliar a visibilidade da comunidade T
O Brasil é o país onde mais se mata travestis e transexuais no mundo. Segundo relatório da Transgender Europe, ONG voltada à defesa do direito das pessoas trans, o Brasil responde por 42% dos 295 casos de assassinatos de pessoas trans registrados em 2015 no mundo.
Para se ter uma ideia, o México, segundo colocado nesse triste ranking, contabilizou 52 registros de morte e o Brasil, 123. Ainda segundo o relatório, a maior parte das mortes ocorre com pessoas ligadas à prostituição, função exercida por muitas pessoas trans por conta do descaso institucional.
Como há poucos levantamentos oficiais em relação à população LGBT e sequer um censo sobre população trans, esses números são limitados e acabam sendo coletados por meio de sites e blogs.
Importante ressaltar que essa violência está ligada diretamente à marginalização dessa população, que acumula e intersecciona opressões como racismo, transfobia e preconceito em relação à prostituição. A omissão do Estado coloca a comunidade T como a mais vulnerável.
Para chamar atenção a essa realidade, dia 29 de janeiro foi instituído como o Dia da Visibilidade Trans. A data passou a ser reconhecida em 2004, quando militantes da causa foram recebidas pela primeira vez em audiência pelo então ministro da Saúde para apresentar as reivindicações.
Por conta da data, a banda As Bahias e a Cozinha Mineira criou a campanha “Nós existimos”, baseada em histórias reais de pessoas trans que escreveram suas experiências, e que será lançada nesta quarta-feira, 25 de janeiro.
Assucena Assucena e Raquel Virgínia, duas mulheres trans, lideram a banda que ao longo de 2016 levou a visibilidade trans para os meios de comunicação. O objetivo da campanha é dar voz às opressões vividas por esse grupo e as vocalistas farão leituras dramáticas das histórias que serão divididas em uma série de cinco pequenos episódios.
Segundo Assucena e Virgínia, “os episódios trazem carga pedagógica, dramática e sensível e foi pensado para que nossas existências sofram cada vez menos pela falta de informação e empatia. Afinal, a população T existe”.
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