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sábado, 21 de janeiro de 2017

7 sobreviventes revelam o que significa ter um acusado de ser predador sexual na Casa Branca

Publicado: 

Sarah Ortega, estudante de 20 anos de idade na Winona State University (WSU), no Minnesota, é sobrevivente de agressão sexual. E, depois de uma campanha presidencial que trouxe a questão da violência sexual à tona, seu processo de superação ficou mais difícil.
“O mais complicado da eleição, para muitas de nós, é a aceitação aberta da agressão sexual”, escreveu Ortega recentemente em um post contundente no Facebook. “Esta eleição teve semelhanças assustadoras com o discurso que jogaram na minha cara quando denunciei o estupro que sofri à polícia e às autoridades do campus. Não passo um dia sem pensar em como o estupro foi normalizado em nossa sociedade. Não tenho como não sentir medo do que o futuro pode trazer.”
Agora que Donald Trump, homem acusado publicamente de assédio sexual por mais de uma dúzia de mulheres, será o próximo presidente dos Estados Unidos, Ortega está disposta a tomar uma atitude.
Para ela, esse chamado pessoal à ação a levou a criar uma campanha fotográfica com sete alunas da WSU, incluindo ela própria, que sofreram agressões sexuais.
Nas próximas semanas, as imagens (feitas pela fotógrafa local Cynthia Porter) serão convertidas em cartazes que serão espalhados pelo campus da universidade. Cada cartaz trará uma foto de uma sobrevivente de agressões sexuais e informações sobre fontes de ajuda online para vítimas desse tipo de violência.
Ortega espera que a campanha – que ela criou dentro de seu curso de Estudos de Mulheres, Gênero e Sexualidade – fomente a discussão da questão das agressões sexuais no campus da WSU.
“De acordo com pesquisa recente no campus, uma em cada cinco estudantes da Winona State sofrem violência baseada em seu gênero”, disse Ortega ao Huffington Post. “O objetivo da campanha é chamar a atenção para essa cifra e mostrar às pessoas que esses números são reais.”
Ortega disse que sempre defendeu as vítimas de violência sexual, mas só foi entender o quanto a cultura do estupro é insidiosa quando ela própria sobreviveu a um estupro.
“Fui estuprada em janeiro. Denunciei o estupro imediatamente à polícia, mas levei meses para aceitar o que aconteceu comigo”, ela contou. “Até eu mesma ser estuprada, eu não entendia como a gente internaliza o estigma de sofrer essa violência. Depois de meu estuprador ser expulso da universidade graças à lei, eu enfrentei retaliações extremas. Colegas meus me disseram que eu estraguei a vida do meu estuprador e que eu faria qualquer coisa, negativa ou positiva, para chamar atenção.”
Hoje Sarah Ortega quer usar sua voz para superar o que lhe aconteceu e ajudar outras sobreviventes a fazer o mesmo. “Ao longo de meu processo de superação, a coisa mais frustrante que venho enfrentando é o silêncio das pessoas próximas”, ela disse. “O silêncio NUNCA favorece a vítima. O primeiro passo para mudar a cultura do estupro no campus da universidade Winona State é simplesmente falar do assunto. Essa conversa será embaraçosa, mas ela precisa acontecer.”
Veja abaixo as sete mulheres incluídas no projeto de Ortega. O Huffington Post procurou cada uma delas e perguntou o que significa para elas ter um acusado de ser predador sexual no comando da Casa Branca.
Risa
“A vitória do presidente eleito Donald Trump representa a justificação por milhões de americanos da cultura de machismo e estupro institucionalizado. Como sobrevivente de violência sexual, sou profundamente a favor da proteção dos direitos humanos de todas as pessoas. Eu me solidarizo com as pessoas afetadas negativamente sob a administração Trump e vou lutar por elas.”
Cassie
“Os resultados desta eleição e a campanha inteira de Donald Trump me deixaram arrasada, com o sentimento de ter sido traída. Isso dói, e passei os dias seguintes à eleição numa montanha-russa emocional de dor que afetou minha saúde mental. É diferente para uma sobrevivente de estupro. É difícil explicar a outras pessoas como é isso. Nos esforçamos tanto para chegar a um estado em que podemos nos tornar ativistas e combater a cultura do estupro. Quando um candidato presidencial é acusado de estupro e mesmo assim continuou a sequer ser cogitado para ser presidente, isso apenas mostra quão forte é a cultura do estupro em nossa sociedade.”
Jennifer
“O fato de um predador sexual ter sido eleito para o cargo mais importante do país me deixou no mínimo incomodada. Fiquei ainda mais perturbada com a cultura do estupro em que vivemos.”
Jacqueline
“Ter um acusado de ser predador sexual como presidente me mete mais medo do que eu imaginei que pudesse sentir. Sinto que alguns indivíduos podem achar que têm o direito de agredir outra pessoa sem preocupar-se com as consequências, porque é esse o tipo de exemplo que nosso líder nos deu.”
Sarah
“A dor física que meu estuprador me causou foi imperdoável, mas a verdadeira dor emocional foi causada pelo silêncio de meus colegas, o silêncio de minha família e o silêncio de meus amigos.”
Alexis
“Como sobrevivente de estupro, quando ouvi que Donald Trump venceu a eleição eu senti que meu país me traiu. Eleger um acusado de ser predador sexual para ser o líder e a imagem de nosso país significa dar apoio à cultura do estupro. Quer dizer que há muita gente neste país que não apoia as vítimas e sobreviventes da violência baseada no gênero, e isso não é OK.”
Megan
Como sobrevivente de violência doméstica, ver o agressor de outra mulher como líder de nosso país é desanimador. Vejo como Trump faz muitas sobreviventes se sentirem silenciadas. Mas a eleição me motivou a elevar minha voz ainda mais, a ficar do lado de outras sobreviventes da violência baseada no gênero e nunca deixar de lutar pela prevenção desses tipos de violência.
Este artigo foi originalmente publicado pelo HuffPost US e traduzido do inglês.

HuffPost Brasil

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