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quarta-feira, 18 de janeiro de 2017

Adolescentes, compartilhamento e o retorno da privacidade

ROB CALLENDER

Diretor de Insights sobre a juventude na Kantar Futures

17.10.2016 

Teremos nós vivido um choque de excesso de compartilhamento para entender a importância da vida privada?

Tradicionalmente, os anos da adolescência são considerados um momento de insegurança, de tentativa e erro. Claro que são cometidas falhas, mas também são guardados segredos. Ainda que um certo nível de privacidade durante a adolescência sempre tenha sido um imperativo para esse momento da vida, o mundo digital pareceu poder questionar e até mudar essa premissa histórica. "A privacidade estava morta", diziam. Agora, nós suspeitamos que os Millennials tenham testemunhado uma "bolha de excesso de compartilhamento" que subestimou a importância da privacidade para os adolescentes. Mais do que isso: suspeitamos que o valor da privacidade esteja retornando ao que era antigamente.

A bolha do excesso de compartilhamento

Os anos de adolescência dos Millennials coincidiram com a ascenção cultural do Facebook, uma plataforma que prometeu testar o conceito de privacidade como apenas uma norma social. A meta do Facebook era ambiciosa e, verdade seja dita, muitos de nós na The Futures Company estávamos um pouco surpresos com o entusiasmo dos Millennials de participar disso. Será que foi o choque do novo? Ou talvez o apelo da auto-promoção para uma geração que parece acreditar que a fama estava apenas a um passo de distância? Ou quem sabe uma poderosa combinação desses dois? Independentemente do que tenha sido, fato é que os Millennials compartilharam informações demais, o que parecia inesperado e até insensato.
No entanto, recentemente houve uma mudança nessa tendência. Muitos jovens parecem estar cada vez mais preocupados com a sua privacidade. Enquanto os Millennials ainda adoram o Facebook, os adolescentes da nova geração (Centennials) estão saindo de lá para opções de redes sociais menores, com melhor curadoria e mais anonimato, buscando ambientes mais fechados e controlados. Em 2013, fizemos uma pesquisa que mostrou que 41,6% dos jovens entre 12 e 15 anos diziam que o Facebook era sua rede social favorita, comparado com 48% dos adolescentes em geral. Segundo um artigo da Bloomberg que descreve esse fenômeno, "comparado com o Twitter e o Facebook, o Snapchat parece quase agressivamente difícil de usar. Se você é novato no aplicativo e está buscando por postagens antigas dos seus filhos ou do seu namorado... boa sorte. É difícil encontrar alguém sem saber o seu usuário. Isso é feito de propósito".



Uma pesquisa da Pew realizada em 2015 descobriu que 40% dos pais conversavam frequentemente com seus filhos de 13 a 17 anos sobre o que é apropriado de publicar online; outros 42% dos pais disseram que tinham essas discussões com seus filhos "ocasionalmente".
Talvez em resposta à essa resistência dos mais jovens, o Facebook recentemente mudou seus termos de serviço para adicionar (e não restringir) a privacidade. E os adolescentes Centennials estão pedindo aos seus pais para maneirarem nas publicações em mídias sociais, chegando até a pedir que os pais peçam autorização dos filhos antes de falar ou postar fotos sobre eles nas redes sociais. E ainda que a The Futures Company tenha defendido esse argumento a favor da privacidade quando isso quase parecia uma heresia, desde então muitos também têm defendido esse ponto.
Claro, existem muitos dados por aí que sugerem que os jovens não estão super preocupados com a sua privacidade. Mas nós ainda achamos que pode haver uma confusão de compreensão entre os Centennials - uma sutil diferença entre saber que alguns dados serão tornados públicos com um entusiasmo para que esses dados sejamtornados públicos.
Para entender mais sobre isso, perguntamos para os nossos influenciadores jovens (youth screetscapers) nos EUA se eles realmente achavam que menos é mais em termos de compartilhamento de informações online. A grande maioria deles disse que se sentem mais cuidadosos com o que eles estão postando na internet hoje do que foram há alguns anos.


Fugindo dos intrusos

Muitas marcas construíram esforços bem sucedidos para alcançar os jovens ao identificar seus principais interesses de acordo com o que eles declaravam online. Se, como parece, os jovens estiverem ficando mais reticentes com o compartilhamento de dados pessoais, as marcas precisam se preparar para lidar com menos dessas informações pessoais. De acordo com que os jovens diminuírem o seu número de postagens, eles vão decidir sobre participar em uma determinada plataforma com base nas suas próprias noções de privacidade e conteúdo. Essa fragmentação surge da invasão de intrusos no que antigamente era considerado um "espaço privado" desse jovem. Ou seja, os jovens estão mudando seus hábitos de compartilhamento para escapar do monitoramento dos seus pais, avós e sim, também das marcas que eles acompanham online.
Será que tudo isso é um novo paradigma? Provavelmente não. Mas ele pode ser um retorno a um modo de pensar de antigamente. Depois de anos abraçando inovações libertadoras, acreditamos que os jovens estão começando a descobrir por que certas proteções existiam, pra começo de conversa.

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