18/01/2017
“Somos a maioria da população e também a maioria que usa transporte coletivo, portanto, segregar mulheres em um vagão não resolve o problema.”
NOTA DO FMPE CONTRA MEDIDAS QUE SEGREGAM AS MULHERES NOS TRANSPORTES COLETIVOS E CONTRA O AUMENTO DAS PASSAGENS!
Em setembro de 2016, por ocasião do aumento do número de estupros e feminicídios em Pernambuco, o governador do Estado, Paulo Câmara, por incompetência em resolver esta onda de violência contra as mulheres ou por puro preconceito de gênero, declarou à imprensa que as mulheres deveriam evitar sair às ruas. Sua declaração revelou o que ele pensa, mas não declara: A culpa é da vítima!
Em novembro de 2016 o Ministério Público Federal, em conjunto com o Ministério Público de Pernambuco e com a Secretaria da Mulher de Pernambuco, realizou uma audiência com o objetivo de construir políticas que enfrentem a violência contra as Mulheres nos espaços urbanos. Na ocasião o Fórum de Mulheres de Pernambuco se manifestou contra quaisquer medidas que segreguem as mulheres nos espaços públicos e apresentou uma série de reivindicações.
O governador ignorou nossas reivindicações, optando pelo caminho da mediocridade e do preconceito contra as mulheres, destinando um vagão do metrô apenas para elas. Segregar as mulheres não resolve o problema. É preciso educar os homens! Queremos circular em todos os espaços da cidade e ser respeitadas. A medida adotada pelo governador reproduz a tradicional frase machista: Prendam suas cabritas que meu bode está solto!
Esta medida foi adotada na cidade do Rio de Janeiro e não há indicação de que resolveu o problema do assédio sexual e moral no metrô do Rio. Somos a maioria da população e também a maioria que usa transporte coletivo, portanto, segregar mulheres em um vagão não resolve o problema.
O transporte público é um equipamento de mobilidade, de acessibilidade e de convivência, assim, antes de aumentar as passagens: É preciso humanizar o transporte coletivo! Cotidianamente andamos em transportes lotados e sujos, com motoristas de ônibus que furam as paradas e se desviam das rotas, paradas de ônibus precárias e estações de metrô inseguras.
Por isso, reafirmamos as reivindicações que apresentamos na audiência acima citada:
Divulgação sistemática de cartazes com poemas e crônicas contra o assédio sexual e de áudios e/ou vídeos educativos durante o percurso de ônibus e de Metrô.
Formação de motoristas, cobradores e guardas das estações de metrô para atuar nos momentos em que ocorrem o assédio sexual e a violência.
Aumento da segurança nas estações de metrô com instalação de iluminação e câmeras.
Aumento do número de guardas nas estações de metrô, com formação continuada para lidar com o assédio sexual, a violência étnico-racial e a violência lesbofóbica, homofóbica e transfóbica.
Criação de uma lei que permita mulheres pegar ônibus fora das paradas após as 22 horas, como já acontece em João Pessoa.
Requalificar as paradas de ônibus, iluminando e abrigando as pessoas contra o sol e a chuva. Elas estão abandonadas.
Educação escolar que ensine os garotos a nos respeitar e as meninas a ser autônomas.
GOVERNADOR TRABALHE E NOS DEIXE EM PAZ!
CONTRA O AUMENTO DAS PASSAGENS!
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