Título Original: Is Discrimination an Equal Opportunity Risk? Racial Experiences, Socioeconomic Status, and Health Status among Black and White AdultsOnde foi divulgada: Journal of Health and Social Behavior
Quem fez: Jenifer L. Bratter e Bridget K. Gorman
Dados de amostragem: 5.902 adultos negros e 28.451 adultos brancos
Resultado: Tanto negros quanto brancos afirmaram terem recebido tratamento de discriminação racial e sofrerem problemas de saúde mental e física devido a isso. 18% dos negros e 4% dos brancos afirmaram considerar que seus altos níveis de problemas de saúde se devem ao tratamento discriminatório por raça.
Uma pessoa que sofre discriminação racial, além de todos os problemas sociais que se vê obrigada a enfrentar, pode ter sua saúde prejudicada. Essa é a conclusão de um estudo feito na Universidade de Rice, no Texas, Estados Unidos, que avaliou tanto os problemas de saúde relatados por negros quanto por brancos. A pesquisa foi divulgada no periódico Journal of Health and Social Behavior.
A maioria dos estudos sobre esse tema havia analisado os problemas de saúde em decorrência da discriminação racial apenas com negros. Essa nova pesquisa, porém, considera o problema também em relação aos brancos, e compara as consequências para as pessoas das duas raças.
Para chegar aos resultados, os pesquisadores levantaram dados de 5.902 adultos negros e 28.451 adultos brancos, registrados em 2004 pelo Sistema de Vigilância de Fatores de Risco Comportamentais dos EUA. Com base nessas informações, estabeleceram a relação existente entre raça, classe social, percepção de comportamento discriminatório e problemas de saúde — que foram mensurados com base na avaliação do próprio participante, e não apoiados em diagnósticos médicos.
Um número maior de negros relatou ter saúde deficiente: 22.7%, em oposição aos 14% dos brancos, e cerca de 18% dos negros e de 4% dos brancos disseram já ter recebido um tratamento de saúde pior devido a sua raça. Essa mesma porcentagem de negros e brancos afirmou também que considerava ter altos níveis tanto de distúrbios emocionais quanto de sintomas físicos e que esses problemas se deviam a um tratamento discriminatório relacionado à raça.
Para os autores do estudo, a classe socioeconômica exerce um papel fundamental sobre a relação entre discriminação racial e problemas de saúde. “Na verdade, a influência da raça na saúde é mais ajustada conforme o nível socioeconômico”, afirma o estudo. Para os pesquisadores, o fator socioeconômico é mais determinante do que o fator racial nos prejuízos à saúde dos brancos, enquanto que, em relação aos negros, a piora na saúde se deve a ambos os fatores.
“O comportamento discriminatório pode muito bem ser um ‘elo perdido’ na análise das desigualdades racial e étnica na saúde. É importante reconhecer e estudar seu impacto na saúde a longo prazo”, diz a socióloga Jenifer Bratter, uma das autoras do estudo. “Em última análise, esperamos que os profissionais e pesquisadores no campo da medicina reconheçam a contribuição tanto da classe social quanto do tratamento interpessoal para a saúde de todas as populações raciais”, afirma.
O que já se sabia sobre o estudo
Para Debora Glina, psicóloga da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP) e especialista em psicologia social, embora as conclusões do estudo não representem uma novidade, a pesquisa em si traz algumas inovações. Uma delas é focar na discriminação racial como fator para prejuízo à saúde, em oposição a outros levantamentos que somente haviam considerado a classe socioeconômica dos participantes.
Especialista: Debora Miriam Raab Glina, psicóloga e professora colaboradora do Departamento de Medicinal Legal, Ética Médica e Medicinal Social da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo
Envolvimento com o assunto: Fez mestrado e doutorado em psicologia social e atualmente está desenvolvendo pós-doutorado sobre assédio e discriminação no ambiente de trabalho
Conclusão
Pessoas expostas a situações de discriminação racial podem sofrer diversas consequências com o acúmulo de stress que esse problema gera. São danos à saúde como depressão, gastrite, úlcera e hipertensão, que tendem a piorar, já que a discriminação pode acontecer em diversas ocasiões. A conscientização tanto dos pesquisadores quanto da população sobre os perigosos riscos do preconceito racial é importante não só para o contexto social, mas também para o quadro de saúde daqueles que sofrem discriminação.
(Por Vivian Carrer Elias)
Veja
A maioria dos estudos sobre esse tema havia analisado os problemas de saúde em decorrência da discriminação racial apenas com negros. Essa nova pesquisa, porém, considera o problema também em relação aos brancos, e compara as consequências para as pessoas das duas raças.
Para chegar aos resultados, os pesquisadores levantaram dados de 5.902 adultos negros e 28.451 adultos brancos, registrados em 2004 pelo Sistema de Vigilância de Fatores de Risco Comportamentais dos EUA. Com base nessas informações, estabeleceram a relação existente entre raça, classe social, percepção de comportamento discriminatório e problemas de saúde — que foram mensurados com base na avaliação do próprio participante, e não apoiados em diagnósticos médicos.
Um número maior de negros relatou ter saúde deficiente: 22.7%, em oposição aos 14% dos brancos, e cerca de 18% dos negros e de 4% dos brancos disseram já ter recebido um tratamento de saúde pior devido a sua raça. Essa mesma porcentagem de negros e brancos afirmou também que considerava ter altos níveis tanto de distúrbios emocionais quanto de sintomas físicos e que esses problemas se deviam a um tratamento discriminatório relacionado à raça.
Para os autores do estudo, a classe socioeconômica exerce um papel fundamental sobre a relação entre discriminação racial e problemas de saúde. “Na verdade, a influência da raça na saúde é mais ajustada conforme o nível socioeconômico”, afirma o estudo. Para os pesquisadores, o fator socioeconômico é mais determinante do que o fator racial nos prejuízos à saúde dos brancos, enquanto que, em relação aos negros, a piora na saúde se deve a ambos os fatores.
“O comportamento discriminatório pode muito bem ser um ‘elo perdido’ na análise das desigualdades racial e étnica na saúde. É importante reconhecer e estudar seu impacto na saúde a longo prazo”, diz a socióloga Jenifer Bratter, uma das autoras do estudo. “Em última análise, esperamos que os profissionais e pesquisadores no campo da medicina reconheçam a contribuição tanto da classe social quanto do tratamento interpessoal para a saúde de todas as populações raciais”, afirma.
O que já se sabia sobre o estudo
Para Debora Glina, psicóloga da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP) e especialista em psicologia social, embora as conclusões do estudo não representem uma novidade, a pesquisa em si traz algumas inovações. Uma delas é focar na discriminação racial como fator para prejuízo à saúde, em oposição a outros levantamentos que somente haviam considerado a classe socioeconômica dos participantes.
Especialista: Debora Miriam Raab Glina, psicóloga e professora colaboradora do Departamento de Medicinal Legal, Ética Médica e Medicinal Social da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo
Envolvimento com o assunto: Fez mestrado e doutorado em psicologia social e atualmente está desenvolvendo pós-doutorado sobre assédio e discriminação no ambiente de trabalho
Conclusão
Pessoas expostas a situações de discriminação racial podem sofrer diversas consequências com o acúmulo de stress que esse problema gera. São danos à saúde como depressão, gastrite, úlcera e hipertensão, que tendem a piorar, já que a discriminação pode acontecer em diversas ocasiões. A conscientização tanto dos pesquisadores quanto da população sobre os perigosos riscos do preconceito racial é importante não só para o contexto social, mas também para o quadro de saúde daqueles que sofrem discriminação.
(Por Vivian Carrer Elias)
Veja
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