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sábado, 29 de dezembro de 2012


O rapper é gay. Seu álbum? Brilhante

Depois de expor sua sexualidade, Frank Ocean surpreende de novo com um disco inovador


GUILHERME PAVARINn

SURGE UM ASTRO? Frank Ocean, de 25 anos, tornou-se um dos nomes mais promissores da música com o elogiado disco Channel orange (Foto: divulgação)
SURGE UM ASTRO?
Frank Ocean, de 25 anos, tornou-se um dos nomes mais promissores da música com o elogiado discoChannel orange (Foto: divulgação)

Aos 25 anos, o músico americano Frank Ocean tem duas características que parecem estar em conflito. A primeira é ser um artista tímido, de poucas palavras, avesso a entrevistas. A segunda, mais famosa, é tratar de sua sexua­lidade – que define como “dinâmica” – de modo pouco reservado. Em julho, em seu diário on-line, escreveu que seu primeiro relacionamento amoroso não fora com uma mulher. “Há quatro verões, conheci alguém. Eu tinha 19 anos, ele também”, dizia o começo do texto. Com seus trejeitos de rapper, roupas largas e rimas que ressaltavam atributos físicos femininos, Ocean surpreendeu muitos do cenário do hip-hop – conhecido pelo machismo.
No mesmo mês da revelação, Ocean lançava seu segundo disco, Channel orange. Sob os holofotes da imprensa, o trabalho foi analisado com maior atenção. Considerado ótimo letrista nos bastidores musicais, tendo composto para artistas como Justin Bieber e Kanye West, Ocean passou a ser admirado também pelo trabalho solo. “É uma voz distinta, sem igual no pop atual”, disse Jody Rosen, crítico da revista Rolling Stone. O jornal inglês The Guardian, que deu nota máxima ao álbum, afirmou que o trunfo de Ocean é fazer com que o ouvinte “se deleite com um talento extremamente original”. O também britânico Telegraph foi mais longe: chamou-o de “novo Prince”.


A alta qualidade do disco se tornou unanimidade nas resenhas. Nas listas de melhores do ano,Channel orange atingiu o topo em publicações como The Independent e Spin. Recebeu também o prêmio de Melhor Álbum de 2012”, da associação de críticos britânicos. Em dezembro, Ocean recebeu seis indicações ao Grammy, premiação máxima da música, incluindo Melhor Disco. “O álbum é maior que ele próprio”, disse o crítico Randall Roberts, do Los Angeles Times.


Outros inovadores (Foto: divulgação)
Tanta badalação em cima do disco lhe rendeu também o título de salvador do rhythm and blues, o R&B. Surgido nos anos 1940 como uma junção de blues, gospel e soul music, o estilo musical começou a entrar em declínio no fim dos anos 1990. Após enorme sucesso na década de 1980, com Sade e Prince, entre outros grandes nomes, o R&B foi engolido pelo hip-hop e pelo pop, hoje mais vendáveis. Agora, Ocean é o principal representante do que tem sido chamado de “Alt R&B”, ou R&B alternativo. Trata-se de um resgate do R&B original com elementos da música atual, como batidas eletrônicas e mudanças bruscas de ritmo. Os primeiros discípulos, como o ex-produtor Miguel, já começam a despontar nos Estados Unidos (leia o quadro ao lado).
Ocean nasceu com o nome Lonny Breaux, numa família de classe baixa de Long Beach, Califórnia. No ano passado, alterou seu registro para Christopher Francis Ocean, uma mistura, revelou, de Frank Sinatra com o filme Ocean eleven – traduzido em português como Onze homens e um segredo. A infância de Lonny se passou toda em Nova Orleans, um dos principais polos musicais americanos, para onde se mudou com a família aos 5 anos. Em uma de suas raras entrevistas, à americana GQ, afirmou que sua musicalidade começara ali. Ouvia tudo o que sua mãe – o pai, músico, abandonou a família quando tinha 6 anos – tocava no carro, em especial as cantoras Whitney Houston, Mariah Carey e Celine Dion. A grande descoberta foi ouvir Prince, que se tornou seu ídolo. “Nenhum homem grita como Prince”, disse. “É maravilhoso.”


Na adolescência, seu objetivo era escrever músicas como Stevie Wonder. Para isso, copiava poemas do escritor negro americano Langston Hughes. Hoje, diz que criar boas letras continua sendo sua principal ambição. Suas composições são longas – recheiam músicas de dez minutos – e contam enredos com muitas metáforas sobre famílias americanas e relacionamentos. AoGuardian, depois de eleito artista do ano, falou que sua prioridade é narrar grandes tramas. “Contar histórias é a parte mais interessante de fazer música”, disse. “ Pode ser que não faça outro álbum. Pode ser que eu escreva um romance.” 


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