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sexta-feira, 28 de dezembro de 2012


Obituário de Zuleika Alambert (1922-2012)


A tristeza é profunda com a morte de Zuleika Alambert, falecida nesta quinta-feira (27/12), no Rio de Janeiro, por falência múltipla dos órgãos, aos 90 anos. Feminista escritora e política por ação. 

Zuleika Alambert (1922-2012): política, feminista e jornalista. Nasceu, em 23 de dezembro de 1922, na cidade de Santos (SP). Filha de Josefa Prado Alambert e Juvenal Alambert. Viveu com o dirigente comunista Armênio Guedes por 27 anos, não teve filhos; na maturidade casou-se e enviuvando anos depois se mudou definitivamente para o Rio de Janeiro. 

A chegada da segunda Guerra Mundial ao Brasil com o bombardeio de navios brasileiros no Atlântico Sul, em 1942 despertou o povo brasileiro tanto contra o nazismo, acusado dos naufrágios como contra o Estado Getulista. A libertação dos presos políticos e o rompimento das relações diplomáticas com Alemanha, Itália e Japão tomou conta da sociedade e Zuleika integrou-se a este movimento em Santos. Participou da primeira greve portuária com o objetivo de impedir a chegada de mercadorias espanholas, já que a Espanha, aliada da Alemanha vivia sob a ditadura do General Franco. Esta experiência política projetou-a na cidade.

Na eleição de 2 de dezembro de 1945, concorreu a uma vaga na Assembléia Legislativa de São Paulo, pela legenda do Partido Comunista Brasileiro (PCB). Alcançou a primeira suplência com os 4 654 votos que recebeu. Tinha, apenas 23 anos. Dias depois da proclamação dos resultados, o PCB excluiu da sua lista preferencial o deputado eleito Clóvis de Oliveira Neto, devido a uma acusação de envolvimento sexual com uma menor. Zuleika assumiu e destacou-se na luta operária e na defesa das mulheres. 

Seu mandato foi extinto em 12 de janeiro de 1948 com base na Lei Federal nº 211, de 7/01/1948, que cassou o registro do PCB. Neste breve tempo em que esteve no legislativo apresentou dois projetos significativos, um propondo um Abono de Natal, que seria o embrião do futuro 13º salário e outro defendendo salários iguais para mulheres e homens.   

Foi dirigente partidária e jornalista da imprensa comunista nos anos 1950/60, publicando artigos no jornal “Novos Rumos” e colaborando com a Revista “Momento Feminino”.   

Por ser membro do Comitê Central do PCB no início dos anos 1970 teve que deixar o país e foi para o Chile, onde se dedicou à organização de mulheres. Depois do golpe que depôs e assassinou o presidente chileno Salvador Allende foi para a França onde participou da organização do Comitê Europeu de Mulheres Brasileiras. Retornando ao país, depois de quase 10 anos de exílio, Zuleika continuou a luta pelos direitos da mulher. 

Como membro do órgão máximo do seu partido, o Comitê Central fez uma proposta para elaboração de uma política específica para as mulheres, aprovada pelo PCB em 1980, o que tornou este partido o grupo político pioneiro na definição de uma ação política pela cidadania feminina. Foi fundadora do pioneiro Conselho Estadual da Condição Feminina do Estado de São Paulo, criado pelo Governo Montoro, em 1983 e presidenta do órgão de 1985 a 1986. Por sua atividade política e feminista recebeu o título de Cidadã Paulistana, em 1986 e do movimento de mulheres, o título de Feminista Histórica.Será sempre lembrada por sua dedicação ao trabalho de difundir a luta das mulheres em nosso país.

Faleceu no Rio de Janeiro no dia 27 de dezembro de 2012. 

Artigos e Livros: Uma jovem brasileira na URSS. Editora Vitória, 1953; Estudantes fazem História. Rio de Janeiro: Editora da UNE, 1964; A Situação e a Organização das Mulheres. São Paulo: CMB/Editora Global, 1980; Feminismo – o ponto de vista marxista. São Paulo: Nobel, 1986; Metodologia de Trabalho para as Mulheres. In, Caderno da União de Mulheres de São Paulo. São Paulo, 1990; Mulher – Uma Trajetória Épica. São Paulo: IMESP, 1997.     

A ministra Eleonora Menicucci, da Secretaria de Políticas para as Mulheres da Presidência da República (SPM-PR), comovida afirmou que: “Os direitos das mulheres são construídos diariamente por brasileiras que ousam se colocar na luta. Uma delas foi a feminista Zuleika Alambert que dedicou sua vida a produzir uma sociedade mais justa e mais igualitária”. 

Fontes: Zuleika Alambert. A situação e a organização da mulher. São Paulo: Global/Cadernos CMB, 1980; Entrevista concedida a Hildete Pereira de Melo, em dezembro de 2002. 

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