Quase 90% dos baleados em Ribeirão Preto (SP) têm de 13 a 25 anos
DANIELA SANTOS
DE RIBEIRÃO PRETO
Todos os casos têm as mesmas características: as vítimas foram baleadas por homens em motos ou em carros de cores escuras em bairros periféricos localizados nas zonas norte e oeste.
Dos 32 baleados, 14 morreram --sendo dez jovens. Entre todas as vítimas com 25 anos ou menos, 13 não tinham passagem policial (incluindo seis assassinadas). Das 14 que tinham, o tráfico de drogas é a maioria -aparece na ficha policial de 11.
Mariana Martins - 26.out.12/Folhapress | ||
Policiais militares durante patrulhamento realizado na favela das Mangueiras, em Ribeirão Preto |
A onda de violência que atinge todo o Estado começou em setembro. Na região, além de Ribeirão, estão nas estatísticas ainda São Carlos e Araraquara, que registraram chacinas de sete e cinco pessoas, respectivamente.
'ESQUADRÃO DA MORTE'
Esse cenário de violência vitimando jovens em Ribeirão só não é maior do que a "guerra de gangues", registrada nos bairros Adelino Simioni, Avelino Palma e Quintino Facci 2 --todos na zona norte--, entre 1998 e 2001.
À época, o Ministério Público chegou a apurar a existência de um "esquadrão da morte", que supostamente visava envolvidos com o tráfico --a grande maioria delas jovens saídos da antiga Febem.
Entre 1998 e 2001, o índice de assassinato chegou a 47 para cada grupo de 100 mil habitantes. Neste ano, apesar da onda de violência, a taxa é de 10 para cada 100 mil, segundo o promotor Luiz Henrique Pacini Costa.
Para ele, os jovens são a maioria das vítimas porque também são os maiores infratores. "Eles são mais expostos, inconsequentes. [Por isso] São os que morrem de forma mais violenta."
O pesquisador Nelson Gonçalves de Souza, especialista em segurança pública da Universidade Católica de Brasília, diz que os jovens são as principais vítimas porque buscam a criminalidade em troca de status em facções.
"Está fácil para o crime organizado recrutar jovens porque eles cometem qualquer delito. E a pena máxima para as infrações cometidas por eles não passa de três anos."
Já a advogada especializada em direito da infância Ana Paula Vargas Mello, afirma que os jovens que vivem em áreas periféricas são, em grande parte, analfabetos. Segundo ela, numa sociedade competitiva, eles não encontram espaço no mercado de trabalho. Por isso, entram na criminalidade.
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