Vale-Cultura é um desperdício?
DE SÃO PAULO
Há uma satisfação entre produtores culturais, empresários e até trabalhadores com o Vale-Cultura, sancionado por Dilma Rousseff neste final de ano. Mas ainda desconfio que estamos diante de um desperdício.
Cada trabalhador ganha R$ 50 mensais para gastar como quiser e quando quiser. Como quem paga o grosso da conta é o contribuinte (R$ 7 bilhões, estima-se), ficam todos felizes. O trabalhador ganha uma renda extra, o empresário oferece um benefício e, enfim, os produtores culturais ganham mais plateias. Para completar, o PT ganha mais uma bandeira de inclusão social. E serve como uma ajuda aos projetos eleitorais de Marta Suplicy.
Dizem que Dilma Rousseff costuma "espancar" os números para ver se os projetos ficam de pé. Então vejamos.
Não sabemos como esse dinheiro será gasto. Se fosse dinheiro privado, ninguém teria nada a ver com isso, cada um gasta como quiser: sertanejo universitário, música clássica, rap, filmes de Hollywood, livros de autoajuda.
Mas como o dinheiro é público, ou seja, nosso, sou obrigado a perguntar se os R$ 7 bilhões não seriam melhor usados em cultura de outras formas.
Por exemplo: bancando grupos de dança, teatro, música que se apresentariam gratuitamente em escolas ou espaços públicos. Não se atingiria mais gente e com melhor qualidade?
Para mim, educação e cultura é a mesma coisa - quanto mais cultura mais educação, quanto mais educação mais cultura.
Gilberto Dimenstein ganhou os principais prêmios destinados a jornalistas e escritores. Integra uma incubadora de projetos de Harvard (Advanced Leadership Initiative). Desenvolve o Catraca Livre, eleito o melhor blog de cidadania em língua portuguesa pela Deutsche Welle. É morador da Vila Madalena.http://www1.folha.uol.com.br/colunas/gilbertodimenstein/1207402-vale-cultura-e-um-desperdicio.shtml
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