O jornalismo comprometido com a transformação social foi o grande agraciado da noite de quinta-feira (18/07), na Câmara Municipal de Campinas. Quatro profissionais da imprensa, de diferentes veículos e gerações, receberam homenagens pelo trabalho jornalístico realizado nos últimos anos na região. Os radialistas Flávio Botelho e Flávio Paradella, ambos da Rádio CBN, ganharam o Diploma de Mérito Jornalístico “Bráulio Mendes Nogueira”. Os jornalistas Maria Teresa Costa, do Correio Popular (Rede Anhanguera de Comunicação – RAC) e José Pedro Soares Martins, da Agência Social de Notícias (ASN), foram homenageados com a Medalha “Chico Mendes”. A proposição foi feita pelo vereador Luiz Carlos Rossini.
O objetivo da premiação, segundo Rossini, é valorizar o que eles fazem e já fizeram em benefício da cidade. “Meu papel foi indicar os homenageados, que são quatro jornalistas com atuação marcante e reconhecida na cidade. Nada mais correto que ressaltar esse trabalho. São profissionais que emprestam credibilidade às notícias que eles produzem”, disse o vereador à Agência Social de Notícias.
Estímulo
Antes da solenidade, Maria Teresa Costa elogiou a iniciativa da Câmara e aproveitou para sugerir uma contrapartida: “Achei legal instituírem essa medalha reconhecendo especialmente o trabalho jornalístico ambiental, porque atrai a atenção para esta questão. Eu espero que ela venha junto com o engajamento do Legislativo na área ambiental, de onde saem as leis, as regras de conduta para a sociedade. Temos, afinal, ainda tudo por fazer nessa área, sobre questões que vão desde a conservação do solo até águas e matas. E a população fica sabendo disso por nós, para ter a chance de discutir e debater.”
Para a jornalista, a homenagem também serve como motivação aos profissionais. Em sua fala de agradecimento após receber a medalha, ela avisou que certamente ainda escreverá muito sobre a falta d’água. “Desde novembro de 2013 escrevo diariamente a palavra ‘água’. Infelizmente a gestão de nossos recursos hídricos é malfeita, os acordos foram malfeitos e agora o governo corre atrás.”
Informação que transforma
Com 34 anos de jornalismo e diversos prêmios nacionais e internacionais, José Pedro Soares Martins lembra que desde o início da sua vida profissional a questão ambiental era sua maior motivação. Em Piracicaba, quando cursava Unimep, já se envolveu com o problema da água. “É um reconhecimento muito importante receber a medalha ‘Chico Mendes’, inclusive pelo que esse nome simboliza, um Brasil dos nossos sonhos. Temos um País tão privilegiado pela biodiversidade e pelas águas, não podemos perder essa riqueza”, disse José Pedro.
Ao agradecer a homenagem, o jornalista mencionou o promotor Paulo Afonso Leme Machado, grande nome do Direito Ambiental que foi uma importante influência em sua vida. “Ele dizia que a questão ambiental só pode melhorar com informação e participação.” Para José Pedro, Campinas é uma grande vítima do desenvolvimento a qualquer custo. “A cidade tem hoje menos de 4% da Mata Atlântica preservada, quando a média nacional de preservação da mata é de 8%. O que mostra que a devastação aqui foi maior. Mas temos aqui também importantes movimentos e temos muito a fazer”, destacou.
Pensamento ecológico
Emocionado, José Pedro falou de quando precisava comprar jornal na cidade vizinha à sua Itamogi, em Minas Gerais. “Sou muito feliz de ter seguido esse caminho. O jornalismo me trouxe muitas coisas boas.” O jornalista também alertou sobre a importância do pensamento ecológico, “que não se restringe à área ambiental”. “Esse é um grande equívoco. O tema é mais amplo, porque trata da vida como um todo, traz ensinamento para tudo. Nesse momento de crise civilizatória, é importante termos em mente o pensamento ecológico que nos ensina a respeitar a diversidade das coisas, inclusive a social.”
Amor à cidade
Com quatro prêmios Feac (Federação das Entidades Assistenciais de Campinas) e 20 anos de jornalismo, Flávio Botelho disse estar honrado e feliz com o Diploma de Mérito que recebeu da Câmara Municipal. “É um reconhecimento pelo que fiz ao longo desse tempo”, disse o campineiro que, além de amar a profissão, também é um apaixonado por corridas. Um dos trabalhos que marcou sua vida pessoal e profissional foi o quadro ‘Personagens da História’, que fez por três anos, onde pesquisava sobre pessoas que davam nomes às ruas da cidade. “Era prazeroso conhecer mais sobre a História de Campinas.”
Botelho começou a trabalhar bem jovem como patrulheiro. Chegou a pensar em estudar Economia, mas descobriu o Jornalismo e começou a fazer a faculdade quando ainda trabalhava em um banco. Antes de entrar na CBN, há 20 anos, ele também trabalhou em jornal impresso, Diário do Povo, mas por pouco tempo. Quem abriu as portas para Flávio Botelho na rádio foi o jornalista Walter Paradella, presente na solenidade de quinta-feira, a quem Botelho agradeceu em público pela oportunidade. Paradella é pai do outro jornalista homenageado pela Câmara, Flávio Paradella.
Paixão pela profissão
Com dez anos de jornalismo, Flávio Paradella também recebeu o Diploma de Mérito Jornalístico “Bráulio Mendes Nogueira” na última quinta-feira. “Estou no meio de um monte de fera. Eu me sinto honrado”, disse Flávio, que em sua fala de agradecimento na tribuna fez a sua homenagem ao pai, Walter Paradella, à esposa e ao irmão. “O jornalismo realmente está no meu sangue, sempre esteve. E eu acho que é preciso ter muita paixão pelo jornalismo”, declarou à Agência Social de Notícias. O jornalista lembrou que hoje ele apresenta na Rádio CBN o mesmo programa que o seu pai apresentava. “Esse reconhecimento é uma sequência de tudo. Eu acredito que estou no caminho certo.”
Para compor a mesa da solenidade, presidida pelo vereador Luiz Carlos Rossini, também foram convidados os secretários municipais Emmanuelle L. G. Alkmin Leão (Secretaria dos Direitos da Pessoa com Deficiência e Mobilidade Reduzida) e Luiz Guilherme Fabrini (Secretaria de Comunicação), o vereador André Von Zuben e o cônsul honorário da França em Campinas, José Luiz Guazzelli. Emmanuelle Alkmin Leão aproveitou o momento para lembrar que “o mundo sustentável também precisa ser acessível”. Ela elogiou o trabalho dos jornalistas e destacou o poder do rádio de fazer com que sua deficiência (visual) desapareça. “O rádio nos equipara.”
Vida longa
O jornalista e secretário de Comunicação Luiz Guilherme Fabrini também reafirmou a merecida premiação dos quatro profissionais, os quais ele conhece de perto, especialmente Maria Teresa Costa e José Pedro Soares Martins, com quem já trabalhou em jornal impresso. “Essa homenagem mostra a força e a importância do jornalismo para a sociedade. É também uma demonstração de que a profissão tem vida longa.”
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