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domingo, 21 de junho de 2015

Hoje na História: 1908 – Manifestação pelo direito ao voto leva 250 mil mulheres ao Hyde Park

Max Altman | São Paulo - 21/06/2014
 
Conhecido como "Women's Sunday", protesto foi a primeira reunião em massa das militantes inglesas
 
Em 21 de junho de 1908, as suffragettes manifestam-se violentamente no Hyde Park, em Londres. Apesar da enorme multidão de cerca de 250 mil pessoas, os manifestantes não conseguiram fazer avançar sua reivindicação: o voto das mulheres. A manifestação ficaria conhecida como "Women's Sunday" — "domingo das mulheres" —, primeira reunião política em massa das militantes do Women's Social and Political Union (WSPU) na Inglaterra.
 
As militantes, porém, só viriam a obter uma vitória em 28 de dezembro de 1918 com a outorga do direito de voto das mulheres de mais de 30 anos.
Desde os primórdios, o movimento feminista vinha propondo uma renovação dos métodos de ação política que reproduziam pautas patriarcais. Se bem que tenha havido vozes contemporâneas à Revolução Francesa, como as da inglesa Mary Wollstoncraft ou da francesa Olimpe de Gouges, o movimento se articulou ao longo do século 19 em torno do direito de voto da mulher.
 
Depois da Guerra Civil norte-americanas fundiram-se o que restou do movimento antiescravista com o das mulheres para pedir o voto para negros e mulheres. Em 1868 e 1872 mulheres, como Susan Anthony, foram condenadas por tratar de votar. Susan foi, ademais, uma grande impulsora do internacionalismo nos movimentos de mulheres e conseguiu fundar em 1904 a Aliança Internacional Pelo Sufrágio das Mulheres (IWSA).
 
No entanto, a principal campanha de ação direta levada a cabo pelo movimento sufragista se realizou no Reino Unido, a partir de 1903 por Emmeline Pankhurst, pertencente à Liga Fabiana e ao Partido Trabalhista, fundadora da Liga em Favor do Direito do Voto da Mulher em 1892 e em 1898, da União Política e Social da Mulher (WSPU). As ativistas que acompanharam sua estratégia ficaram conhecidas como “suffragettes”, foram aos poucos radicalizando e não mantiveram a pauta de ‘não-resistência’. Tanto Emmeline como suas filhas foram presas em várias ocasiões.
 
Ficaram famosas as palavras de Emmeline dirigidas aos jurados que a julgavam em 1908: “Estamos aqui não para violar as leis e sim pelo esforço de criar novas leis.”
[A 'suffragette' Emmeline Pankhurst, morta em 1928, pouco tempo após a lei
que estendeu a todas as mulheres maiores de idade o direito ao voto]
Em 21 de junho de 1908 conseguiram convocar uma manifestação com mais de 250 mil mulheres no Hyde Park, Londres, que acabou com as participantes lançando pedras contra a residência do primeiro-ministro.
 
A partir de 1909 começaram a usar a greve de fome como estratégia, uma vez que as suffragettes eram presas. A violência policial se manifestou nas ruas. Um célebre incidente às portas do Parlamento em 18 de novembro de 1910, conhecido como Sexta-Feira Negra, 300 mulheres foram maltratadas, vexadas e 100 delas presas quando tratavam de furar o bloqueio policial para se entrevistar com o primeiro ministro Asquith. Entretanto, a consequência da Sexta Feira Negra foi a aprovação das Conciliation Bills, leis que possibilitaram o sufrágio às mulheres ricas.
 
Em 1912, uma segunda lei eleitoral se estava discutindo quando as suffragettes  faziam uma campanha para a quebra de vidros, o que levou Emmeline à cadeia. Na prisão, iniciou sua primeira greve de fome, negando-se a ser alimentada, procedimento habitual em outras ocasiões.
 
A polícia a princípio tratou de todo modo forçar a alimentação das presas. Depois cuidaram de colocar as ativistas em liberdade quando estavam muito debilitadas, a fim de evitar danos do governo junto à opinião pública. Uma vez restabelecida a saúde eram novamente presas quando tentavam retomar a atividade política.
 
Nesse mesmo ano as suffragettes radicalizam e chegam a provocar pequenos incêndios com coquetéis molotov. Chegaram a por cartazes na carruagem do primeiro ministro com a inscrição “voto para a mulher”. Essas táticas foram afastando as suffragettes do apoio da opinião pública, levando até algumas figuras a abandonar o movimento.
 
Em 1918, justo no final da guerra, uma lei permitiu o voto a mulheres com mais de 30 anos. Um novo cisma surgiu no movimento sufragista ante as divergências de se criar organizações mistas. Emmeline optou por continuar em organizações só de mulheres e fundou o Women Party, ainda ativo nos nossos dias.
 
Após o fim da guerra, dedicou-se a apoiar o Império Britânico contra o bolchevismo, empreendendo novas viagens pelo mundo. Finalmente, em 1926 ingressou no Partido Conservador, por, segundo seu critério, ser o único partido que lhe permitiria trabalhar o “empoderamento” da mulher, já que o Partido Liberal havia sido alvo de seus ataques antes da guerra e havia deixado o Partido Trabalhista. Morreu em 1928, pouco depois que a lei estendeu a todas as mulheres maiores de idade o direito de voto.
 

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