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sábado, 29 de setembro de 2018

94% das brasileiras não se sentem representadas pelos políticos em exercício, revela pesquisa

Apesar de 52% do eleitorado, as mulheres são apenas 10% do Congresso. Levantamento ainda mostrou que 90% delas discordam que “políticos pensam nas necessidades da população para tomar decisões”

Marie claire
28.09.2018 - POR NATACHA CORTÊZ
Há hoje no Brasil 107 milhões de mulheres. Se nós, as brasileiras, fossemos um país, ele seria o 13º em maior população. O que representa pouco mais de duas Espanhas juntas. Falando em força eleitoral nacional, também ganhamos. Somos 52% dos votantes, contra 48% dos homens - o que significa que 77 milhões de mulheres poderão escolher seus representantes nestas eleições.

Mulheres protestam no Rio de Janeiro por direitos iguais (Foto: Getty Images)
Apesar de numerosa no eleitorado, nossa presença não se reflete na política institucional. As mulheres ocupam 10% das posições no Congresso Nacional. O dado faz parte das das estatísticas de gênero de 2018 do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Informações compiladas pela Inter-Parliamentary Union, uma associação dos legislativos nacionais de todo o mundo, diz que o Brasil ocupa o 154º lugar entre 193 nações de um ranking sobre representação de mulheres na política. Nele, estamos a frente apenas de alguns países árabes, do Oriente Médio e de ilhas polinésias.
Mesmo depois de mais de 20 anos de cota (a Lei nº 9.504/1997, que rege as nossas eleições, estabeleceu que cada partido ou coligação deve reservar ao menos 30% de suas vagas para as candidaturas femininas), por que a participação de mulheres na política nacional segue tão baixa? “Se trata de uma conjugação complexa de elementos. Eles vão desde fatores culturais até às especificidades do sistema político. Todos eles sempre estruturais, ancorados em valores do patriarcado, do racismo e do capitalismo. Se as mulheres produzem riqueza, são responsáveis pela reprodução da vida social, é necessário que dividam igualitariamente com os homens o poder de gerir o Estado”, explica Natalia Mori, socióloga no Cfemea (Centro Feminista de Estudos e Assessoria). “O exercício da política deveria ser uma forma de pleitear direitos, cidadania, acesso a bens e políticas públicas para a pluralidade dos grupos sociais que compõe uma sociedade. No caso brasileiro, a política é monopólio de uns. A maioria da população não está representada nas estruturas de poder”, continua.
Talvez por isso, uma mulher no Brasil se sentir representada na política seja mesmo algo improvável. É o que confirma uma pesquisa inédita realizada pelo Instituto Locomotiva com 2015 entrevistadas em 35 cidades brasileiras: 94% das mulheres afirmam não se sentir representadas pelos políticos em exercício. O levantamento mostra ainda que 90% das mulheres discordam que “políticos pensam nas necessidades da população para tomar suas decisões”, enquanto 93% discorda que os políticos atuais procuram ouvir os brasileiros para tomar suas decisões.
“Temos que reverter o quadro de sub-representação das mulheres nos parlamentos. Para a grande maioria delas a política institucional está inacessível. O espaço da representação é, em sua quase totalidade, ocupado por homens brancos. O sistema político brasileiro ainda se mantém impermeável às demandas por igualdade. E até o momento, tem servido para manter os privilégios de gênero, classe e raça”, completa Natalia. Para a socióloga, a reforma política, a partir de uma perspectiva feminista e antirracista, é um dos primeiros passos para uma mudança sólida. “É preciso um compromisso dos partidos, da Justiça Eleitoral e, claro, do eleitorado. Combater a sub-representação das mulheres na política é papel de todos nós.”
Apesar de não se sentirem representadas, as mulheres não deixaram de acreditar no poder do voto democrático. A pesquisa trouxe que 76% delas concordam que ele pode fazer a diferença, enquanto 72% afirmam se interessar em algum grau por política. Além disso, 55% das mulheres concordam que “a política é o melhor caminho para as mulheres sofrerem menos preconceito”.
As mulheres hoje no Brasil


O Brasil tem mudado e, nos últimos anos, as mulheres impulsionaram importantes transformações. Têm mais dinheiro no bolso, estão mais inseridas no mercado de trabalho (em 20 anos, o país passou a ter 8,4 milhões de mulheres a mais no mercado formal de trabalho) e são mais chefes de família (29 milhões de lares são comandados por nós). Atualmente, de cada R$ 100, R$ 42 vem do trabalho da mulher. A pesquisa aponta ainda que as mulheres movimentam R$ 1,8 trilhão por ano na economia brasileira. Apesar disso, continuamos ganhando menos que os homens. Nosso salário é de 76% do deles.

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