As mulheres mais velhas se sentem invisíveis nas empresas e no mercado de trabalho, mas elas são os motores da inovação e deveriam estar sendo bem observadas. Essa é a visão de Joseph F. Coughlin, diretor do laboratório de longevidade do Instituto de Tecnologia de Massachusetts, o MIT, e autor do livro “A economia da longevidade: desbloqueando o mercado que mais cresce e é mais incompreendido no mundo”.
Ele argumenta com base em algo profundamente real:
Ele argumenta com base em algo profundamente real:
- As mulheres tomam as decisões sobre cuidados e saúde de toda a família
- Controlam os gastos domésticos
- Cuidam dos jovens e dos idosos da família
- São a maioria entre os empreendedores
- Tomam a iniciativa de se divorciar
- Vivem mais do que homens porque cuidam mais da saúde para durar mais, e assim poder cuidar mais ainda dos familiares que necessitam de cuidados não remunerados
Em uma palestra de Carolina Sandler, a idealizadora do canal Finanças Femininas, conheci os dados do Data Popular:
- 86% das decisões de compra no supermercado são da mulher
- 79% das escolhas do destino das férias familiares são da mulher
- 58% das definições pela compra de carro são da mulher, sobretudo se for carro de luxo
- A mulher de classe média participa hoje com 41% da renda familiar total
E a desigualdade persiste. Soube, por exemplo, que quanto maior o grau de instrução, maior é a defasagem salarial entre mulheres e homens, de 35%. Enquanto a média é de 28% a menos no salário se o holerith for de uma mulher.
Apesar de tudo isso, o sentimento que costuma dominar a vida de todas nós, mulheres acima dos 50, é o sentimento de habilidade em equilíbrio de pratos à moda chinesa. O Estado, o mercado financeiro e o de negócios discriminam a mulher fora do estereótipo gostosa e rica. Mulher que goza no final, como diria Rita Lee, essa ainda assusta, sobretudo os imaturos, os inseguros e os abusadores. E o mundo está cheio deles.
No entanto, segundo Joseph F. Coughlin, autor do livro sobre o mercado prateado, The Longevity Economy: Unlocking the World’s Fastest-Growing, Most Misunderstood Market, somos a bola da vez.
Meu prospect , Fabio Nogueira, do Observatório da Longevidade, acaba de comentar que nos Estados Unidos, a mulher sênior empreendedora é considerada mais relevante do que o homem sênior empreendedor. O mesmo se diz no AgeLab, do MIT.
POR QUE O FUTURO É FEMININO?
Segundo o professor Joseph Coughlin, as mulheres têm mais educação e saúde do que os homens.
A mulher é a pesquisadora da casa, está antenada com as novidades. Geralmente ela é responsável pela logística de cuidados, alimentação e transporte dos jovens e dos idosos da família – por vezes de amigos e vizinhos também.
Já reparou quantas famílias têm centenários? Advinha quem cuida deles?
Por isso mesmo, diz o autor americano, a mulher mais experiente da família está antenada com as principais oportunidades de trabalho, saúde e bem estar. Seu papel é de multiplicadora. O mesmo vale para a administração financeira.
SÃO ELAS QUE PEDEM DIVÓRCIO
Esse dado já é um fato. São as mulheres que decidem interromper um mau relacionamento. O problema é que a impunidade reinante neste país, sobretudo aos que pagam honorários milionários, convida machões e machistas a espancarem, torturarem e assassinarem suas ex ou atuais com pouca consequência prática em suas vidas.
O pesquisador aponta como número 1 em destaque a quantidade de separações de casais maduros. As diferenças entre homens e mulheres podem se acentuar na meia idade, aponta Joseph Coughlin, do MIT.
Ao se aposentar, comenta o pesquisador em longevidade, o homem tem sonhos de se dedicar ao hobby, viajar, passar um tempo com a família. Já as mulheres com mais de 50, diz o pesquisador, têm uma rotina dura, e muitas vezes consideram seus maridos um estorvo a ser administrado, sempre perguntando o que fazer em seguida.
EMPREENDEDORISMO É PRAIA FEMININA
Segundo o diretor do laboratório de longevidade do MIT, nos últimos anos presenciamos o fenômeno do êxodo feminino do mercado de trabalho, sobretudo de grandes organizações – sabidamente avessas às necessidades concretas de administração da maternidade e da vida familiar, embora em seus discursos a teoria esteja toda lá.
O que se vê com o êxodo das mulheres é o fluxo de profissionais se dedicando ao empreendedorismo. Montando suas empresas de consultoria, comércio ou portais online como forma de permanecer no mercado de trabalho com autonomia sobre seu tempo e sua agenda.
COMO SE PREPARAR PARA A MEIA IDADE
Advinha o que o professor Joseph Coughlin recomenda como a primeira providência para uma meia idade segura e maravilhosa? Saber gerir as finanças. Conexões sociais também são uma fonte importante de negócios e bem estar.
Encontrar mulheres e formar redes de networking são atitudes essenciais.
Não vamos a jogos de golfe, nem a bordeis. Portanto ficamos de fora do melhor das corporações.
Quem vai cuidar das crianças e do TRABALHO DOMÉSTICO?
De acordo com a especialista em finanças femininas Carol Sandler, vivemos a realidade da década de 1970 quando falamos em nossas vidas domésticas. Enquanto os homens dedicam 5 horas por semana aos cuidados com a casa, as mulheres ficam 24 horas por semana administrando essa rotina sem fim de louça-cama-lixo-roupa-tralha-comida x 2 ou x 3. Vezes 7 dias por semana, vezes 12 meses por ano.
Enquanto os homens provavelmente estão se atualizando agora, lendo, aprendendo, sabe o que eu farei?
Lavar a louça de ontem (cálculo com base em 2 pessoas x café da manhã + 2 pessoas x jantar + 4 panelas). Só depois vou me sentar ao computador para concluir o capítulo do livro que estou editando para poder pagar as contas da família.
Quando os senhores estiverem descansando suas colunas e pés fatigados pelo dia exaustivo, estarei ao computador, correndo atrás do relógio para cumprir as horas de trabalho intercaladas no trabalho de mãe cuidadora de jovens e idosos da família. Imagino que suas mães, esposas, irmãs ou tias terão feito o mesmo.
Antes disso, com alto poder de concentração e eficiência, vou me preparar para uma reunião de negócios no final do dia. E revisar uma proposta para divulgação científica.
Claro que para isso organizei uma logística ímpar de quem pega a filha, o filho da vizinha, o amigo da amiga. Quem vai dar lanche até que a mãe chegue pra dar banho e colocar na cama na hora certa, para não comprometer a saúde e o aprendizado do filho. Sem antes deixar de apontar os lápis do estojo, dar atenção, carinho, um cheiro. E ainda ajudar a estudar para a prova sobre história do império romano e democracia. E, claro, estar sempre cheirosa e maquiada.
E ainda querem discutir se temos direito à Previdência com data diferenciada?
Temos é que parar de ter vergonha porque 2 em cada 5 famílias são chefiadas por mulheres neste país. Mães, avós, tias.
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