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sábado, 23 de fevereiro de 2019

Quase metade das cientistas mulheres nos EUA deixam a pesquisa em tempo integral após o primeiro filho

A ANÁLISE PUBLICADA NA REVISTA NATURE PODE AJUDAR A EXPLICAR A PERSISTENTE SUB-REPRESENTAÇÃO DAS MULHERES EM EMPREGOS QUE ENVOLVEM CIÊNCIA, TECNOLOGIA, ENGENHARIA E MATEMÁTICA

 Ciência&Mulher

Mais de 40% das mulheres com empregos de período integral em ciências deixam o setor ou passam a trabalhar em tempo parcial depois de terem seu primeiro filho, segundo um estudo sobre como a paternidade afeta trajetórias de carreira nos Estados Unidos. Por outro lado, apenas 23% dos novos pais saem ou reduzem suas horas de trabalho.
A análise (ver ‘Parents in science’), liderada por Erin Cech, socióloga da Universidade de Michigan em Ann Arbor, pode ajudar a explicar a persistente sub-representação das mulheres em empregos que envolvem ciência, tecnologia, engenharia e matemática (STEM). O estudo também destaca o impacto da paternidade em uma carreira na ciência, diz ela.

Carreira versus família
Dado que 90% das pessoas nos Estados Unidos se tornam pais durante suas vidas profissionais, Cech e Mary Blair-Loy, socióloga da Universidade da Califórnia, em San Diego, procuraram entender melhor o que acontece com as carreiras dos cientistas depois que eles começam uma família. .
Elas usaram um banco de dados fornecido pela Fundação Nacional de Ciências dos EUA (Scientists and Engineers Statistical Data System) que contém informações de pesquisas sobre a força de trabalho em áreas STEM do país a cada dois ou três anos.
A partir dos dados de 2003, Cech e Blair-Loy escolheram os cientistas sem filhos em empregos de tempo integral e rastrearam o status familiar na onda da pesquisa seguinte, em 2006. Isso deu a elas dois grupos de cientistas para comparar – 841 que se tornaram pais durante este período, e 3.365 que permaneceram sem filhos durante todo o período. Os pesquisadores também analisaram como as carreiras desses indivíduos mudaram entre 2003 e 2010.
Elas relatam que os novos pais são significativamente mais propensos a deixar uma carreira científica em tempo integral para seguirem carreiras não científicas em tempo integral do que seus colegas sem crianças.
Desequilíbrio de gênero
No final do período do estudo, 23% dos homens e 43% das mulheres que haviam se tornado pais haviam deixado empregos nas áreas de STEM em período integral. Eles ou mudaram para tempo parcial, ou migraram para carreiras não STEM, ou então abandonaram a força de trabalho. Isso comparado a 16% dos homens e 24% das mulheres que não tiveram filhos. A equipe controlou possíveis diferenças de confusão entre pessoas com e sem filhos.
Para um subconjunto das pessoas que deixaram a ciência, o conjunto de dados também incluiu uma variável sobre por que eles deixaram a ciência. Cerca de metade dos novos pais neste subconjunto citou razões relacionadas à família, em comparação com apenas 4% das pessoas sem filhos.
Juntos, esses resultados sugerem que a paternidade é um fator importante para o desequilíbrio entre os gêneros no emprego STEM, diz a equipe.
Mas Cech diz que esta é a primeira vez que pesquisas mostram a proporção de novos pais que enfrentam dificuldades em conciliar a vida familiar com a ciência. Ela acrescenta que há um impacto impressionante nos novos pais e, em especial, nas mães.
“O trabalho em STEM é muitas vezes culturalmente menos tolerante e solidário no que diz respeito às responsabilidades de cuidar do que outras ocupações”, diz Cech. “Então, mães – e pais – podem se sentir pressionados para fora do trabalho STEM e empurrados para trabalhos em tempo integral em outras áreas”.
Um problema “estrutural”
Virginia Valian, psicóloga da Universidade da Cidade de Nova York, diz: “Os resultados mostrando que os pais também saem da carreira STEM reforçam a hipótese de que o problema é estrutural, no qual não se espera que profissionais possam ter uma vida pessoal, e, mais que isso, são punidos por fazerem isso.”
Ami Radunskaya, matemática do Pomona College em Claremont, Califórnia, que orienta jovens matemáticas do sexo feminino, diz que “as mulheres podem ficar exaustas por terem que se provar em um ambiente profissional que é, na melhor das hipóteses, desafiador para todos e, na pior das hipóteses, abertamente sexista”.
“Essas jovens são inteligentes e tenazes”, diz ela. “Quando elas começam uma família, percebem que essa exaustão e estresse não são sustentáveis.”
Radunskaya sugere várias medidas que podem ajudar a melhorar a situação. Políticas de licença de família devem enviar a mensagem de que ter filhos é esperado e aceito, por exemplo. Pesquisadores seniores devem orientar os membros juniores da equipe, e as pessoas devem aceitar os desafios que as mulheres na ciência podem enfrentar. “Precisamos ter conversas francas e sem culpa sobre (essas questões)”, acrescenta ela.
Nature – com tradução do Jornal da Ciência

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