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quinta-feira, 28 de fevereiro de 2019

Oscar 2019: o que era o ‘Livro Verde’ para viagens de negros nos EUA, que inspirou vencedor de melhor filme

25 fevereiro 2019
Mahershala Alí e Viggo MortensenDireito de imagemGETTY IMAGES
Image captionMahershala Alí (esq.) e Viggo Mortensen (dir.) são os atores principais do filme; Alí venceu o prêmio de melhor ator coadjuvante
Vencedor do Oscar de melhor filme neste ano, o longa Green Book: o Guiaconta a história de Don Shirley (Mahershala Alí), um pianista negro de jazz que faz uma turnê pelo sul dos Estados Unidos em 1962 e de seu motorista e guarda-costas, Tony Lip (Viggo Mortensen).

Ao viajar pelo país em plena época de segregação racial, os dois usam o "livro verde" (green book, em inglês), um guia que trazia os poucos hotéis, restaurantes e bares que eram seguros para afroamericanos na época.
Portada del Libro VerdeDireito de imagemWIKIMEDIA COMMONS
Image captionO livro verde circulou entre 1936 e 1967

O filme é baseado na história real de Don Shirley e o livro que dá o nome ao longa existiu de verdade: se chamava The Negro Motorist Green Book ('O Livro Verde do Motorista Negro', em tradução livre) e circulou entre 1936 e 1967.
O autor, chamado Victor Hugo Green, era um carteiro do bairro do Harlem, em Nova York. Segundo a revista de história Smithsonian, para fazer o guia, Green reuniu informações de outros carteiros que trabalhavam com ele – primeiro de Nova York, depois de todo o país.

Racismo e segregação

O guia feito por Green tentava dar aos viajantes negros informações para que evitassem se encontrar em dificuldade ou em situações embaraçosas, segundo o podcast The Green Book, da BBC Radio 4.
Na época, estavam em vigor no país as chamadas "leis Jim Crow", que desde o fim do século 19 até 1965 impuseram a segregação racial no sul.
Os negros não podiam compartilhar espaços públicos com os brancos e grande parte dos estabelecimentos de comércio e serviços não os recebiam.


Fonte de água separada para 'pessoas de cor' em 1938, na Carolina do NorteDireito de imagemGETTY IMAGES
Image captionNegros não podiam nem usar o mesmo bebedouro que os brancos em Estados como a Carolina do Norte

Havia uma hostilidade aberta contra negros que viajavam, e eles corriam perigo físico.
O podcast da BBC Radio 4 detalha o tipo de tratamento brutal recebido pelas pessoas:
"Na melhor das hipóteses, as empresas de donos brancos se negavam a atender os motoristas negros, a consertar seus carros ou oferecer alojamento. Na pior das hipóteses, a pessoa poderia ser morta se entrasse no bar errado, na cidade errada."


Don ShirleyDireito de imagemGETTY IMAGES
Image captionDon Shirley foi um celebrado pianista de jazz nascido na Flórida em 1927

Nesse cenário, o "Livro Verde" se tornou uma espécie de catálogo de refúgios em um mundo hostil e intolerante.
Era projetado para caber no porta-luvas do carro e ajudar principalmente motoristas negros que viajavam conduzindo clientes pelo país, segundo Alvin Hall, ex-apresentador da BBC Radio 4 que em 2018 viajou com as últimas edições do guia por vários Estados americanos.
Ele era publicado todos os anos entre abril e maio, e teve edições até 1967, três anos depois da aprovação da Lei de Direitos Civis, em 1965, que acabou com as leis de segregação racial no país.


Passageiros negros sendo expulso de uma sala de espera "para brancos" em uma rodoviária em Jackson, no MississippiDireito de imagemGETTY IMAGES
Image captionPassageiros negros sendo expulsos de uma sala de espera para brancos em uma rodoviária em Jackson, no Mississippi

Green morreu em 1962 e não chegou a ver a vitória do movimento de direitos civis no país.
Antes de morrer, no entanto, ele tinha esperanças na vitória do movimento. No guia de 1948, Green incluiu declarações otimistas: "Haverá um dia, no futuro próximo, em que este guia não terá mais que ser publicado. Em que nós, como raça, teremos igualdade de oportunidades e privilégios nos EUA."

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