25 fevereiro 2019
Vencedor do Oscar de melhor filme neste ano, o longa Green Book: o Guiaconta a história de Don Shirley (Mahershala Alí), um pianista negro de jazz que faz uma turnê pelo sul dos Estados Unidos em 1962 e de seu motorista e guarda-costas, Tony Lip (Viggo Mortensen).
O filme é baseado na história real de Don Shirley e o livro que dá o nome ao longa existiu de verdade: se chamava The Negro Motorist Green Book ('O Livro Verde do Motorista Negro', em tradução livre) e circulou entre 1936 e 1967.
O autor, chamado Victor Hugo Green, era um carteiro do bairro do Harlem, em Nova York. Segundo a revista de história Smithsonian, para fazer o guia, Green reuniu informações de outros carteiros que trabalhavam com ele – primeiro de Nova York, depois de todo o país.
Racismo e segregação
O guia feito por Green tentava dar aos viajantes negros informações para que evitassem se encontrar em dificuldade ou em situações embaraçosas, segundo o podcast The Green Book, da BBC Radio 4.
Na época, estavam em vigor no país as chamadas "leis Jim Crow", que desde o fim do século 19 até 1965 impuseram a segregação racial no sul.
Os negros não podiam compartilhar espaços públicos com os brancos e grande parte dos estabelecimentos de comércio e serviços não os recebiam.
Havia uma hostilidade aberta contra negros que viajavam, e eles corriam perigo físico.
O podcast da BBC Radio 4 detalha o tipo de tratamento brutal recebido pelas pessoas:
"Na melhor das hipóteses, as empresas de donos brancos se negavam a atender os motoristas negros, a consertar seus carros ou oferecer alojamento. Na pior das hipóteses, a pessoa poderia ser morta se entrasse no bar errado, na cidade errada."
Nesse cenário, o "Livro Verde" se tornou uma espécie de catálogo de refúgios em um mundo hostil e intolerante.
Era projetado para caber no porta-luvas do carro e ajudar principalmente motoristas negros que viajavam conduzindo clientes pelo país, segundo Alvin Hall, ex-apresentador da BBC Radio 4 que em 2018 viajou com as últimas edições do guia por vários Estados americanos.
Ele era publicado todos os anos entre abril e maio, e teve edições até 1967, três anos depois da aprovação da Lei de Direitos Civis, em 1965, que acabou com as leis de segregação racial no país.
Green morreu em 1962 e não chegou a ver a vitória do movimento de direitos civis no país.
Antes de morrer, no entanto, ele tinha esperanças na vitória do movimento. No guia de 1948, Green incluiu declarações otimistas: "Haverá um dia, no futuro próximo, em que este guia não terá mais que ser publicado. Em que nós, como raça, teremos igualdade de oportunidades e privilégios nos EUA."
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