Precisamos ensinar nossos filhos a administrar suas emoções. O desafio começa com o comprometimento dos pais
PILAR JERICÓ
26 DEC 2019
Rubén Montenegro |
Se quisermos educar na felicidade, precisamos ensinar nossos filhos a administrar suas emoções. O trabalho deve começar em casa. Não se pode delegar a tarefa às escolas nem acreditar que os professores resolverão esse assunto tão importante para a vida. Tampouco devemos esperar que nossos filhos sejam adultos para que aprendam como fazê-lo. O desafio começa em casa e com o comprometimento dos pais.
As emoções positivas são mais fugidias que as negativas. Estudos realizados sobre o mundo do casal revelam que todo comentário infeliz em uma discussão deve ser compensado por cinco positivos. A proporção é de um para cinco. Por isso é tão importante enfatizar as emoções positivas: o medo, a raiva ou a tristeza têm tanto poder que são capazes de desativar a alegria. Se partirmos dessa premissa, educar na gestão das emoções passa pela criação de lares onde as emoções positivas são estimuladas, apesar das dificuldades que nos rodeiam. Vejamos como fazer isso com truques simples, ao alcance de qualquer família.
1. Prestar atenção nos assuntos que falamos com mais frequência. Nossas conversas nos definem. Se estivermos sempre reclamando do trabalho ou da situação do país, criaremos um ambiente de tensão e de preocupação que as crianças terão dificuldade de superar. A interpretação do mundo que elas fazem depende de como nós o transferimos. Se precisamos falar sobre um problema, devemos abordá-lo a partir das ações que vamos tomar para resolvê-lo. Ou a partir da aprendizagem que obtemos. É diferente dizer “gosto muito pouco do meu trabalho” de reconhecer “não gosto muito do meu trabalho, mas também me oferece coisas positivas”. Ou propor “vou procurar soluções para o meu trabalho, para que goste mais dele”. Ficar ancorado na queixa nos esvazia... e esvazia aqueles que nos rodeiam.
2. Ser rápidos em pedir perdão. Todos nós nos equivocamos. Ser pais é uma tarefa difícil que muitas vezes nos desperta um sentimento de culpa. Discutimos, temos dias ruins e nos sentimos mal porque não chegamos a tempo de ajudar nossos filhos na lição de casa. Nesses casos, vale a pena pedir desculpas. Se gostamos que nossos filhos o façam, temos de dar exemplo e guardar nosso orgulho em uma gaveta. Dessa forma, fazemos com que os pequenos vivam o erro de uma maneira mais natural.
3. Falar sobre as realizações e o esforço. É aconselhável parabenizar nossos filhos com sinceridade, mesmo que seja pelo desenho que trouxeram da escola. O reconhecimento deve ser sobre os resultados e o esforço, pois nem sempre eles conseguirão o que se propõem a fazer. Quando as coisas não saem bem para eles é recomendável ajudá-los a incluir a palavra “ainda”. Quando eles nos dizem: “Eu não sei montar um quebra-cabeça”, por exemplo, temos de ensiná-los a dizer: “Eu ainda não sei montar o quebra-cabeça”. Dessa forma conseguimos que treinem a mentalidade de crescimento e as emoções positivas.
4. Os três agradecimentos do dia. O psicólogo Tal Ben-Shahar, professor da Universidade de Harvard e especialista em felicidade, recomenda que antes de dormir agradeçamos as três coisas positivas que nos aconteceram ao longo da nossa jornada. Podemos colocar isso em prática durante o jantar, quando lemos uma história para nossos filhos ou quando lhe damos um beijo de boa noite. O objetivo é muito claro: incorporar o hábito de ver o copo meio cheio e não meio vazio, algo fundamental para transformar emoções negativas em positivas.
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