Cíntia Ferreira
13 de março de 2020
Comportamentos transgressores vistos desde a infância. A ciência no combate à criminalidade
Um dos maiores dilemas da sociedade é lidar com a criminalidade. Existem muitas questões polêmicas, mas a ciência talvez possa dar uma luz sobre o tema.
Um estudo publicado na revista Lancet Psychiatry mostrou que pessoas com comportamento antissocial persistente ao longo de suas vidas, têm uma estrutura cerebral diferente.
A equipe usou dados de 672 pessoas na Nova Zelândia, nascidas entre 1972 e 1973. Os pesquisadores registraram comportamentos antissociais dos participantes em intervalos regulares entre os 7 e 26 anos de idade. Todos tiveram seus cérebros digitalizados aos 45 anos.
A equipe usou dados de 672 pessoas na Nova Zelândia, nascidas entre 1972 e 1973. Os pesquisadores registraram comportamentos antissociais dos participantes em intervalos regulares entre os 7 e 26 anos de idade. Todos tiveram seus cérebros digitalizados aos 45 anos.
Comportamento transgressor desde a infância
Segundo o estudo, adultos com longa história de infrações e mau comportamento mostram diferenças marcantes na estrutura do cérebro, em comparação com aqueles que tiveram um comportamento normal ou cometeram transgressões apenas na adolescência. Além disso, eles tendem a ter esse comportamento desde a infância.
A varredura cerebral de adultos com longo histórico de infrações, mostrou uma área superficial menor em muitas regiões do cérebro, em comparação com o grupo não infrator. Eles tinham ainda massa cinzenta mais fina em regiões ligadas à regulação das emoções, motivação e controle de comportamento.
Outros fatores
A pesquisa ainda não é conclusiva. Pode ser que fatores genéticos e ambientais ocorridos na infância tenham moldado o cérebro desse grupo com tendências maiores a transgredir, mas o estudo pode ajudar a mostrar o que há por trás do comportamento antissocial persistente e auxiliar em políticas públicas de combate à criminalidade, como oferecer suporte às crianças que apresentem tais traços comportamentais.
O professor Kevin McConway, da Universidade Aberta, observa que é preciso cautela na hora de avaliar o estudo.
“É verdade que esses resultados da pesquisa são consistentes com a hipótese de que o comportamento antissocial persistente ao longo da vida surge como resultado de um desenvolvimento cerebral anormal. Mas as observações consistentes com uma hipótese não significam que a hipótese deva ser verdadeira, apenas que ainda não pode ser descartada”, afirmou o emérito ao The Guardian.
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