por Soraia Alves
Tratar de assuntos emocionais não é exatamente uma novidade para Hayley Williams, afinal, ela sempre fez isso dentro do Paramore, grupo que ajudou a construir a “era emo” dos anos 2000, mas que assim como a maioria das bandas da época, acabou abraçando tantas outras influências em trabalhos posteriores, especialmente em seu último álbum, o oitentista “After Laughter“, de 2017. Mas a forma como Hayley se apresenta em seu primeiro trabalho solo, “Petals for Armor”, é muito mais íntima e autêntica.
Parte dessa autenticidade é fruto de um profundo processo de autoconhecimento no qual a cantora mergulhou após seu divórcio em 2017. Hayley abraçou intensamente a terapia e, como muitas faixas do álbum mostram, passou a lidar de forma mais aberta com a depressão que já a levou a ter pensamentos suicidas, com a raiva, a feminilidade e a vulnerabilidade emocional. Tudo isso é tratado com muita sutileza no disco, que soa coeso mesmo com uma considerável mistura de influências de estilos musicais.
Parte dessa autenticidade é fruto de um profundo processo de autoconhecimento no qual a cantora mergulhou após seu divórcio em 2017. Hayley abraçou intensamente a terapia e, como muitas faixas do álbum mostram, passou a lidar de forma mais aberta com a depressão que já a levou a ter pensamentos suicidas, com a raiva, a feminilidade e a vulnerabilidade emocional. Tudo isso é tratado com muita sutileza no disco, que soa coeso mesmo com uma considerável mistura de influências de estilos musicais.
Ao não lembrar em quase nada os trabalhos de Paramore, “Petals for Armor” é uma grata surpresa. E isso não é um desmerecimento à banda, mas um reconhecimento de que Hayley tem a capacidade de se reinventar e apresentar músicas com influências que, muito provavelmente, não associaríamos à ela, como Radiohead, Foals, Björk, Solange, Janet Jackson e Fiona Apple, só para citar as mais evidentes
Dividido em três partes com cinco faixas cada, a primeira parte do álbum é a mais interessante, com uma forte pegada de post-rock e bastante influenciada por “Anima”, de Thom Yorke. Se em “Simmer” Hayley trata da aceitação de si mesma e dos sentimentos controversos que podemos ter – “a raiva é uma coisa quieta, você pensa que a dominou, mas ela está lá só aguardando”, na bela “Leave It Alone” ela reflete sobre o paradoxo de finalmente ter vontade de viver, mas estar perdendo pessoas que ama ao seu redor. Novamente, o caminho é aceitação: “Se você conhecer o amor é melhor se preparar para o luto”.
Dividido em três partes com cinco faixas cada, a primeira parte do álbum é a mais interessante, com uma forte pegada de post-rock e bastante influenciada por “Anima”, de Thom Yorke. Se em “Simmer” Hayley trata da aceitação de si mesma e dos sentimentos controversos que podemos ter – “a raiva é uma coisa quieta, você pensa que a dominou, mas ela está lá só aguardando”, na bela “Leave It Alone” ela reflete sobre o paradoxo de finalmente ter vontade de viver, mas estar perdendo pessoas que ama ao seu redor. Novamente, o caminho é aceitação: “Se você conhecer o amor é melhor se preparar para o luto”.
As outras duas partes são mais plurais na sonoridade, e consequentemente apresentam alguns dos pontos fracos do álbum, como a comum “Dead Horse” e a eletrônica dispensável “Sugar on the Rim”. Mas há surpresas muito bem-vindas também, como o R&B de “Pure Love” e a mais experimental do disco, “Watch Me While I Bloom”, que lembra algumas das experimentações de Fiona Apple em seu último álbum.
Com um lindo arranjo que destaca baixo e violinos, “Roses/Lotus/Violet/Iris” é a faixa que melhor resume esse primeiro disco solo de Hayley Williams, que é inteiro sobre o seu próprio florescer. Pode parecer uma metáfora já batida, e na verdade sabemos que é. Mas quem já leu um pouco da autora Rupi Kaur sabe que os processos de cura, crescimento e amadurecimento são muito bem representados pela jornada das plantas.
Ainda em “Roses/Lotus/Violet/Iris”, Hayley reflete sobre esse processo de murchar, cair, enraizar, crescer e florescer: “Pense em todas as mulheres murchas que esticam o pescoço para alcançar uma janela, rasgando todas as suas pétalas só porque ‘bem me quer, mal me quer’. Eu mesmo era uma mulher murcha, sonolenta em um quarto escuro. Esqueci minhas raízes, agora me veja florescer”. Se um dia Hayley já cantou sobre a disputa entre mulheres (“Misery Business”), agora ela reconhece as figuras que passam pelo menos processo de evolução que ela.
Clichê ou não, nada mais belo e poderoso do que ver o florescer de uma mulher.
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