Antes mesmo do nascimento, podemos repensar o nosso comportamento enquanto pais para criar um lar mais harmônico e feliz
Os comportamentos que teremos no futuro podem estar diretamente relacionados à educação que recebemos muito cedo, ainda na barriga. Luciana Brites, psicopedagoga e fundadora do Instituto NeuroSaber, nos conta que precisamos estar atentos ao nosso comportamento se quisermos filhos mais conscientes e felizes. “Desde o nascimento da criança, a maior expressão da linguagem não é exatamente o que dizemos. Mas o que fazemos”, afirma.
Café com Luciana Brites
Por que você diz que o consumismo já está presente antes de a criança nascer?
Vejo que ainda na gravidez os pais podem acabar sendo afetados por esse consumismo que envolve a chegada do bebê. Não que você não vá fazer o enxoval, decorar o quartinho. Mas isso não pode ter mais valor do que a própria gestação e o momento do nascimento. Se desde quando a criança nasce ela se percebe em um ambiente de muito consumo, tende a repetir os padrões. O que é mais valioso para a criança que está por vir não são os objetos, mas o vínculo da mãe, do pai e do bebê.
E como isso pode ser desenvolvido?
Há muitas pesquisas que revelam que os bebês já aprendem a partir do quarto mês de gestação. A audição também já está se desenvolvendo. Então os pais podem conversar com a criança, colocar músicas para ela escutar. Sentir essa integração da criança que ainda não nasceu, mas que já existe na família.
De que forma a brincadeira pode ser estimulada?
Vejo que as crianças não sabem brincar porque a mediação dos pais acaba delegada ao computador, tablet e mesmo aos brinquedos. Mas a participação do adulto é importante para interagir com a criança. Muitas vezes pensamos que os recursos tecnológicos é que serão muito estimulantes, mas nada substitui a presença.
E como oferecer esses brinquedos?
Um aspecto que é importante é os pais darem um brinquedo de cada vez. Isso porque essa criança está em processo de habilidades atencionais. Se espalharmos tudo, ela vai manipular todos mas pode não ter uma interação profunda. O momento de guardá-los também é importante: nessa hora, os pais podem mostrar como ter tudo no lugar ajuda na hora de encontrar o que se quer brincar.
Temos falado muito sobre os filhos também lidarem com a frustração…
Sim. Muitas vezes os pais dizem “tudo o que eu não tive eu vou dar para o meu filho”, mas não vejo isso como positivo. Somos o que somos em parte porque pudemos lidar com nossas frustrações. Através de conversas, os pais podem impor limites de forma amorosa. Não se trata de desamor.
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